A arteterapia na psicose
A partir da arteterapia na psicose, observa-se que esse tipo de trabalho terapêutico pode contribuir para o fortalecimento de várias funções. Além disso, melhora o senso de competência e autoestima. É também um espaço que permite conter a ansiedade psicótica e é um veículo para o relacionamento interpessoal (1). É por isso que nos concentramos na arteterapia como uma possível intervenção psicoterapêutica na psicose.
O que é a psicose? Ela é definida como “um grave distúrbio mental, com ou sem danos orgânicos, caracterizado pela perda de contato com a realidade e pelo agravamento do funcionamento social normal”. Por ser um distúrbio complexo, há uma variedade de tratamentos e terapias possíveis. A abordagem da arteterapia, nesse sentido, é orientada ao uso de materiais artísticos para a autoexpressão e reflexão, na presença de um arteterapeuta treinado (2).
A psicoterapeuta Katherine Killick argumenta que em pessoas psicóticas, objetos de arte apoiam o material projetado até que os pacientes possam se relacionar com a mente do terapeuta. O trabalho é orientado para oferecer uma estrutura com tempo e limites que favorecem noções de tempo e estrutura para a mente.
Assim, Killick explica que uma das funções do terapeuta nessa psicoterapia através da arte é desenvolver formas de mediação entre o pensamento concreto e o simbólico. Além disso, nas palavras do autor, um dos aspectos centrais no uso terapêutico da arte em pessoas com psicose é que ela aborda problemas com os limites do ego e a formação de símbolos.
A relação interpessoal na arteterapia
No campo da terapia com arte, Killick identificou três áreas de comunicação. Estas são relevantes ao trabalhar com pessoas afetadas pela esquizofrenia. Estamos falamos sobre comunicações interpessoais, intermediárias e intrapessoais. Estas estão inter-relacionadas e exercem uma influência contínua uma sobre a outra.
A área intrapessoal
Ela se refere, segundo Reyes, ao potencial de criação de imagens. O terapeuta a mantém com a pessoa. Nesta área, a pessoa desenvolve uma interação única com materiais artísticos que podem curar a formação de símbolos.
A área intermediária
Nesta área, é criado um espaço de jogo no qual a pessoa pode experimentar objetos em uma atividade simbólica.
A área interpessoal
Nessa área se encontra a parte do relacionamento entre o paciente e o terapeuta que inclui as imagens.
A expressão da criatividade na psicose
Criar algo novo é fazer; fazer é produzir, e a produção tem – não de uma perspectiva utilitária, mas de uma perspectiva psicossocial – um grande valor social, afetivo e cognitivo para o sujeito envolvido na tarefa. A palavra criar deriva do latim creare, o que significa que uma coisa começa a existir onde não havia nada. A palavra também está etimologicamente associada ao crescimento (4).
A relevância do estudo da criatividade na psicose está relacionada a uma mudança da visão sobre a doença mental. Embora seja uma doença grave que provoca uma considerável deterioração cognitiva, afetiva, emocional e social, também deve ser reconhecido que todas as pessoas têm potencial. Isso pode ser promovido e desenvolvido, dando outro lugar e outro papel social ao indivíduo dentro da comunidade (5).
A arteterapia na psicose
Sabemos que a psicose é tratada principalmente por psicoterapia individual e farmacológica. No entanto, muitas vezes esse tipo de tratamento não atinge os objetivos de um tratamento interdisciplinar. É por isso que a arteterapia pode ser muito útil no tratamento de pacientes com problemas graves, como a psicose (5).
A arteterapia é considerada uma modalidade de intervenção localizada dentro do grupo de psicoterapias de suporte. A terapia de suporte é a “terapia de longo prazo direcionada a maximizar os pontos fortes do paciente: restaurar e reconhecer seu equilíbrio psicológico, mas tentando minimizar a dependência do terapeuta” (6).
A característica da autoexpressão e reflexão
A arte é uma linguagem flexível e plástica. É uma forma de comunicação do paciente com seu mundo interior. Na psicose, a relação com o mundo externo é alterada. Assim, a arte pode servir ao sujeito para comunicar seus sentimentos, fantasias e medos. Por outro lado, pode ajudar o profissional de saúde a simpatizar com algumas vivências e experiências do paciente (5).
Efeitos psicoterapêuticos da arteterapia
Segundo os autores María Aranguren e Tania Elizabeth León, os efeitos que a arte pode proporcionar como psicoterapia são:
- Conectar a experiência subjetiva com a realidade externa.
- Promover ordem, harmonia, ritmo e proporção.
- Produzir uma catarse e favorecer o esclarecimento emocional, permitindo moldar e integrar sentimentos contraditórios.
- Guiar e dar sentido à realidade pessoal e ao mundo através do uso de símbolos e metáforas.
- Estimular a imaginação e o potencial criativo.
Assim, parece claro que a arteterapia na psicose pode promover o desenvolvimento de estados e habilidades psicológicas que podem induzir alguma mudança psíquica (6). Com terapias desse tipo, pretende-se melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas pela psicose. Parece importante levá-las em consideração, pelo menos como tratamentos complementares.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
-
Reyes, P. (2003). Arteterapia grupal: Una revisión de sus enfoques y sus aplicaciones con trastornos severos. Aportes y Desafíos de la Práctica psicológica. Rehbein, L.(comp.). RIL Editores. Santiago de Chile.
-
Reyes, P. (2007). El potencial relacional del Arteterapia en la Intervención psicoterapéutica temprana de la psicosis. Arteterapia. Papeles de arteterapia y educación artística para la inclusión social, 2, 109-118.
-
Killick, K. (1996). Unintegration and containment in acute psychosis. British Journal of Psychotherapy, 13(2), 232-242.
- Schuff de Sor, C.G. (1994) Creatividad y vínculos. Psicoanálisis: Revista de la Asociación Psicoanalítica de Buenos Aires, 16, 107-128.
-
Aranguren, M., & León, T. E. (2011). Creatividad: su expresión en la psicosis. Revista de Psicoanálisis de ApdeBA, 23(3), 443-465.
-
Morales Häfelin, P. (2007). ¿ Puede la actividad plástica ayudar en el tratamiento de personas con trastornos mentales severos?: los efectos terapéuticos del Arte-terapia.