O autoconhecimento é um mar sem limites
O autoconhecimento representa a sabedoria, e por si só não é um fim a se alcançar, uma vez que nunca chegaremos a nos conhecer por completo. Isso não acontece por colocarmos mais ou menos esforço na tarefa, mas sim por estarmos em constante mudança. Mas, colocando de lado a utopia, o que é o autoconhecimento? Poderíamos dizer que é uma escolha, que podemos escolher ir aprendendo e crescendo durante a vida, fluindo com o passar do tempo e nossas próprias experiências.
Estamos continuamente preocupados com a imagem que passamos para os outros, concentrando-nos nos aspectos mais superficiais da existência. É assim que perdemos de vista nossas raízes mais profundas, perdemos de vista quem realmente somos.
Como veremos a seguir, o processo de se conhecer requer possuir valores de honestidade, amor e responsabilidade. Isso se dá dessa forma porque o autoconhecimento implica libertar-se de preconceitos, de culpa, de ódio e de rancor. Só assim podemos nos aprofundar em nossa essência.
O autoconhecimento nos leva à paz interior
Este caminho a ser percorrido, o do autoconhecimento, não é algo que possa ser feito com pressa, com impaciência ou ansiedade para chegar logo a algum lugar. Como já falamos, na realidade a chegada não existe. Quando aprendemos a nos escutar e atender a nossas necessidades, estamos nos conhecendo e amadurecendo mais a cada experiência pela qual passamos.
Estamos habituados ao alheamento mental, a nos distrairmos com facilidade prestando mais atenção no que os outros fazem ou como se comportam. Somos especialistas em julgar, criticar, dar conselhos, culpar e ver nos outros o que somos incapazes de ver em nós mesmos. Tudo isso serve para nos escondermos, para não querermos olhar para nós e todos os aspectos que temos dentro de nós.
Desprender-se das distrações
A interação com as outras pessoas é sempre uma faca de dois gumes e pode ir para dois lados dependendo das atitudes que tomamos nas interações. Por um lado, a relação com os demais é imprescindível para o autoconhecimento, já que relacionamentos são o meio pelo qual mais podemos fazer descobertas acerca de nós mesmos. Por outro lado, relacionar-se sem consciência só nos distancia dos outros e de nossa capacidade para conhecimento próprio.
Conhecer a nós mesmos através da relação com os demais implica escutar-nos nessa interação, observar o que falamos, quais sentimentos e emoções são despertados com cada uma das atitudes que nos agradam ou desagradam. E sobretudo, compreender que o que aparece é algo próprio, tem a ver com o que nós somos por dentro.
“Para prestar, então, plena atenção a alguma coisa, deve haver integração em todo o nosso ser. De fato: enquanto um nível da consciência deseja talvez descobrir, saber, é possível que em outro nível esse mesmo saber signifique desilusão, já que pode ser que faça uma mudança completa na sua vida.”
-J. Krishnamurti-
Ninguém tem o poder de gerar um sentimento ou uma emoção sem nosso consentimento. Para isso temos que entender que sempre estamos sendo cúmplices, e não vítimas do que sentimos. Isso é assim tanto para o lado bom quanto para o lado ruim: quando sinto amor é algo que surge em mim através da interação com outra pessoa. Pense, por exemplo, na raiva. Não é algo que costuma surgir em você a partir de algumas interações? E em todos os casos é algo que tem a ver exclusivamente com a sua reação.
Praticando a autenticidade
O autoconhecimento nos leva irremediavelmente rumo à autenticidade, a nos mostrarmos de um modo mais honesto e real perante os outros e, sobretudo, perante nós mesmos, sem passar assim por qualquer tipo de engano pessoal. Afastando de nós a necessidade de satisfazer ou morrer de culpa pelo que sucede.
Descobrimos assim como o autoconhecimento, efetivamente, é um mar sem limites, pelo qual transitamos durante toda nossa vida, aprendendo a compreensão e o amor para com nós mesmos. Conseguir compartilhar quem somos, a partir do amor com os outros e através da autenticidade, é o objetivo.