A relação entre a baixa autoestima e a autossabotagem

A relação entre baixa autoestima e autossabotagem forma uma aliança mortal. Somados à insegurança estão aqueles pensamentos obsessivos e persistentes que ousam tirar o nosso valor, oportunidades e potencial. É como viver sob o domínio perpétuo do medo.
A relação entre a baixa autoestima e a autossabotagem
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A baixa autoestima e a autossabotagem constituem uma criatura de duas cabeças capaz de devorar todo o potencial humano, todo o valor e integridade pessoal. A falta de autoconfiança e a insegurança são acompanhadas por uma voz em off que, com um tom malicioso, nos diz em quase todos os momentos que somos falíveis, que não vamos conseguir nada, e que é inútil ter esperança.

Se pudéssemos colocar um alto-falante nos pensamentos de ao menos 50% das pessoas que encontramos diariamente, descobriríamos algo revelador e assustador ao mesmo tempo. Pensamentos limitantes, autoavaliações negativas e autocríticas não faltariam em suas mentes. Todos nós, de alguma forma, agimos como nossos próprios inimigos em algum momento do dia.

A autossabotagem é comum e, como tal, podemos abrir a porta para esse inquilino desconfortável em algum momento. Agora, o problema ocorre quando concedemos a ele um poder excessivo e damos àquela voz debilitante um lugar fixo nas nossas vidas. Ninguém merece uma existência onde você mesmo é o seu pior inimigo. E isso se deve basicamente à baixa autoestima negligenciada e há muito esquecida.

“Uma pessoa não consegue se sentir confortável sem a sua própria aprovação.”
-Mark Twain-

Relação entre baixa autoestima e autossabotagem

Baixa autoestima e autossabotagem, quando nos subestimamos por anos

Sabemos que a baixa autoestima e a autossabotagem estão relacionadas. No entanto, o que vem primeiro? É o baixo apreço pela nossa pessoa ou é o diálogo interno negativo que enfraquece a autoestima cada dia mais? Na verdade, não podemos separar uma coisa da outra, porque tudo é um continuum, tudo responde a um enfoque mental centrado no fracasso, na insegurança e na falta de autoconfiança.

Desse modo, há quem diga com todas as boas intenções do mundo para aquele amigo, para aquele colega de trabalho, que: ‘você precisa se amar mais, tem que cuidar da sua autoestima’. No entanto, é muito possível que eles não saibam se perceber de outra forma. Essa baixa autoestima pode estar presente desde a infância, configurando um tipo de foco e padrão mental muito difícil de romper. A atribuição negativa e a autossabotagem são quase crônicas.

Um estudo realizado por Jennifer Campbell, da Universidade de Vancouver, Canadá, aponta algo relevante para nós. A autoestima esclarece o autoconceito. Promover uma autoestima saudável desde o início nos ajudará a construir uma personalidade resistente com melhores recursos.

Pelo contrário, se desde os primeiros anos pesarem os medos, a insegurança ou o medo de não corresponder às expectativas dos outros, não será fácil mudarmos as nossas abordagens de um dia para o outro. Certamente, isso irá requerer uma habilidade mais profunda.

Menina triste

Existe um ‘cavalo de Tróia’ no seu pensamento: livre-se dele

Quando a baixa autoestima e a autossabotagem são constantes nas nossas vidas, devemos tomar consciência de algo. Existem, por assim dizer, certos ‘cavalos de Tróia’ ou vírus em nosso foco mental. São certos códigos de pensamento que se instalam em nossa mente com um propósito muito claro: interferir em projetos, destruir sonhos, transformar-nos em alguém de quem não gostamos.

  • Não culpe a sua educação ou o que outras pessoas disseram ou o levaram a acreditar sobre si mesmo. A autoestima é construída por você e só você, dependendo de como você fala consigo mesmo e de como interpreta cada experiência, cada acontecimento que o cerca.
  • Elimine esses cavalos de Tróia higienizando o seu diálogo interno. Elimine o ‘não posso’, o ‘não vai dar certo, eu não valho a pena, eles vão pensar isso de mim, tenho certeza de que vou falhar’Não se invalide como ser humano; se você está aqui é por algum motivo, então esclareça seus objetivos, seus propósitos e sua razão de ser.

Não fazer nada também é autossabotagem, então siga em frente

Quando falamos sobre autossabotagem, instantaneamente visualizamos alguém pensando coisas negativas sobre si mesmo. Agora, devemos ter em mente que a autossabotagem é um prisma com muitas faces. Uma delas, talvez uma das mais relevantes, é a procrastinação, não reagir ao que o magoa, preocupa ou assusta. Abandonar projetos, deixar algo por medo de falhar ou não ousar, tudo isso acaba minando a nossa autoestima.

Se realmente quisermos mudar e aumentar a nossa autopercepção positiva, devemos usar nossa força de maneira inteligente. Ser pró-ativo, terminar o que começamos, assumir compromissos e encontrar formas de aproveitar o dia a dia gera uma grande satisfação.

Homem sofrendo de confusão mental

Contra a baixa autoestima e a autossabotagem, responsabilidade

Para superar a baixa autoestima e a autossabotagem, grandes doses de responsabilidade são necessárias. Ninguém mais fará isso por nós. Além do mais, no nosso dia a dia sempre acontecerão coisas que nos colocarão à prova, que nos obrigarão a saber como reagir, adaptar e responder. Fazê-lo da melhor maneira é a nossa obrigação.

Portanto, para alcançar uma autoestima forte não basta se amar muito, é preciso também ter uma história de vida em que se integrem as arestas – erros, traumas, decepções, etc.- e assumir as dissonâncias e contradições. Ao mesmo tempo, é uma prioridade aprendermos a ser compassivos conosco para tolerar os erros, mas exigentes o suficiente para nos superarmos todos os dias.

A autossabotagem é o eco de uma voz que não nos ama e, como tal, devemos nos libertar dela o mais rápido possível. A vida é complicada o suficiente para vivermos com alguém que gosta de nos invalidar dentro de nós. Esse trabalho requer tempo, perseverança e comprometimento diário.


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