Biblioterapia: o poder curativo dos livros

Biblioterapia: o poder curativo dos livros
Sara Clemente

Escrito e verificado por psicóloga e jornalista Sara Clemente.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A biblioterapia tem efeitos maravilhosos. A leitura é uma das melhores maneiras de os seres humanos cultivarem sua mente. Ao longo da história, os livros nos instruíram, entretiveram e protegeram. Em algumas ocasiões, eles também nos deram esperança, amparo, apoio e muitos até mesmo nos salvaram.

A magia que os livros emitem é imensa. De acordo com Freud, as palavras e a magia eram, no princípio, a mesma coisa. É por isso que às vezes procuramos refúgio nos livros. De fato, a experiência de cicatrização ou cura através dos livros é conhecida como biblioterapia.

Não há dúvida de que a leitura ajuda a melhorar nossa saúde emocional. Existem vários benefícios que podem ser relatados, mesmo sem que estejamos conscientes disso. Seu efeito positivo é demonstrado em pessoas com alterações, transtornos mentais leves ou moderados, e até mesmo físicos. Vamos nos aprofundar.

Tipos de biblioterapia

Em primeiro lugar, devemos distinguir entre os dois principais tipos de biblioterapia, que vão de acordo com o objetivo buscado por essa mesma leitura.

  • Clínica: o objetivo é que os pacientes consigam mudar suas atitudes e comportamentos. Portanto, geralmente é realizado em ambiente hospitalar. Eles são destinados a pessoas que sofrem de transtornos de humor, TDAH ou TCA. Os livros usados fornecem informações sobre um tópico específico, para facilitar o foco em um aspecto específico da realidade do paciente.
  • Evolução ou desenvolvimento pessoal: seu objetivo é o crescimento pessoal. A leitura é feita individualmente ou em grupo e de forma preventiva ou corretiva. Além disso, o ambiente em que é realizado é mais amplo do que na clínica, uma vez que também pode ser feito em bibliotecas ou centros educacionais. Esta literatura é baseada na proposta de métodos de autoajuda, que contêm exercícios ou tarefas pessoais de aprendizagem: como ser mais assertivo, introdução à meditação, falar em público …
Biblioterapia

Os efeitos da biblioterapia em nosso cérebro

“Ele é uma pessoa muito lida.” Frequentemente, costumamos usar essa frase para nos referir àquelas pessoas que têm um alto nível intelectual, fruto de sua aprendizagem através da leitura. Mas a leitura, além de ampliar o conhecimento, também oferece muitos benefícios a nível terapêutico.

A biblioterapia oferece respostas de maneira divertida, didática e enriquecedora. Ela nos encoraja a mudar e nos permite encontrar respostas onde antes havia apenas dúvidas.

Distração curativa

Quem nunca mergulhou nas páginas de um romance ou de uma história e acabou se transportando para outra realidade? Quando mergulhamos em uma história de ficção, deixamos de lado nossas preocupações e problemas para nos concentrar totalmente na narrativa.

Assim, ao nos afastarmos da nossa realidade por alguns minutos, estaremos nos desconectando de nossos medos e preocupações, ajudando a melhorar nosso humor. E tudo isso de forma inconsciente.

Desdramatizar

Quantas vezes ficamos obcecados por um problema e não paramos de pensar nisso? Às vezes fazemos de um grão de areia uma grande montanha, o que não nos permite enxergar mais além. Nesses casos, os livros podem agir como um pequeno furacão que termina com esse monte e nos permite pegar ar. Agora, não vamos esquecer que ser concentrado e focado em si mesmo é correto, mas em uma medida adequada.

A biblioterapia, em certas ocasiões, oferece a possibilidade de suavizar a situação que uma pessoa está vivendo. A ficção ajuda a não se sentir sozinho e a compartilhar problemas e pensamentos com os próprios personagens. Ela nos faz ver a vida de outra maneira, com mais perspectiva, serenidade e capacidade de reflexão.

A leitura nos convida a crescer emocionalmente. Com isso, você pode obter inspiração e mobilizar energia suficiente para seguir adiante. De fato, de acordo com o Dr. Raymond Mar, “A leitura favorece uma atividade cerebral similar à que ativaria a experiência real”.

Pessoa andando sobre livro aberto

Felicidade

Neste artigo publicado no The New Yorker, o poder de cura da biblioterapia é exemplificado: “A leitura de ficção é um dos lugares reservados para a transcendência; aquele estado em que a distância entre si mesmo e o universo é reduzida. A leitura me faz perder todo o sentido do meu ser, mas ao mesmo tempo me faz sentir mais original”, disse a autora.

Da mesma forma, os resultados de uma pesquisa realizada por neurocientistas da Universidade de Emory (Atlanta) são animadores. Eles concluíram que a leitura contribui para reduzir os níveis de estresse e aumentar o desenvolvimento psicossocial.

Empatia

A capacidade de se colocar no lugar dos outros, entender suas emoções, tanto positivas quanto negativas, é, acima de tudo, social. No entanto, para desenvolvê-la, você não precisa estar cercado por outras pessoas. Um exemplo disso é a biblioterapia, graças à qual as letras se convertem em uma simulação da realidade. Portanto, é um mito pensar que a leitura é apenas para pessoas solitárias.

Se pudermos entender o desenvolvimento das histórias e simpatizar com os personagens, poderemos melhorar nossa vida em sociedade. Além disso, a leitura de literatura de ficção é um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento da famosa teoria da mente.

Depressão e ansiedade

A leitura focada no tratamento da ansiedade e depressão tem dado excelentes resultados. Na verdade, o Instituto Nacional de Saúde e Cuidados de Excelência (NICE) recomenda a biblioterapia para ajudar esses pacientes, em casos leves. Vale ressaltar que na Inglaterra foi lançada uma campanha direcionada especialmente aos jovens. Sob o título “The Reading Well for Young People“, os médicos podem prescrever leitura para esses tipos de transtornos mentais.

O poder de cura dos livros é, como vimos, indiscutível. Talvez os resultados não sejam imediatos, mas a longo prazo a leitura beneficia o corpo e a mente. Por que não tentar?


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.