Biografia de Auguste Comte: fundador do positivismo e da sociologia

Por trás da figura desse filósofo está o precursor de uma importante ciência humana: a sociologia. Descubra neste artigo sua vida e contribuições para a disciplina.
Biografia de Auguste Comte: fundador do positivismo e da sociologia

Última atualização: 20 junho, 2024

Durante o século XIX, a preocupação com o estudo da sociedade ganhou maior presença. Vários pensadores enfrentaram o desafio de investigar juntos a complexidade da vida. Nesse aspecto, Auguste Comte foi um grande visionário, pois graças à sua grande capacidade intelectual embarcou no caminho que nos levaria a uma compreensão mais profunda da nossa realidade.

Neste artigo, exploraremos a vida e a obra de tal pensador. Além disso, nos aprofundaremos em sua teoria positivista e na formulação da lei dos três estágios. Essa última noção foi muito importante para compreender a visão de humanidade do intelectual. Vamos começar!

A vida de Auguste Comte

Auguste Comte foi um filósofo francês conhecido como o fundador do positivismo e da sociologia. Ele nasceu em Montpellier em 1798. Seus pais eram o funcionário público Louis-Auguste-Xavier Comte e a dona de casa Félicité-Rosalie Comte.

Iniciou seus estudos escolares aos 9 anos e logo demonstrou suas grandes habilidades intelectuais, que lhe permitiram, no futuro, construir um novo sistema de pensamento. Durante sete anos foi secretário do filósofo Claude Henri Saint-Simon, mas a relação de trabalho terminou porque Comte considerou que as suas ideias não receberam o crédito que mereciam.

O grande amor desse francês pela matemática e pela física o levou a Paris em 1814 para iniciar os estudos na Escola Politécnica. Porém, alguns anos depois, suas inclinações políticas fizeram com que ele fosse expulso e submetido a controle policial. Apesar disso, voltou para aquela escola e trabalhou como professor de matemática.

Sua vida pessoal foi marcada por um casamento fracassado com Caroline Massin em 1825. Diz-se que a falta de compatibilidade entre ele e a esposa representou uma séria dificuldade para o desenvolvimento intelectual do filósofo.

Morte

Passou seus últimos anos em um hospital de reabilitação, onde foi internado por sofrer de delírios mentais. Segundo compilações biográficas sobre o pensador, seu nível de exigência consigo mesmo era extremo, o que o levou a um colapso nervoso. Isso se somou aos conflitos conjugais que encerraram o relacionamento amoroso.

A saúde mental do filósofo foi prejudicada, por isso os médicos sugeriram seu confinamento em Saint-Denis. Em 1826, ele recebeu alta dos cuidados médicos, mas entrou em estado de depressão. Em consequência dessa doença, quase se afogou no rio Sena: saltou da Pont des Arts e um guarda o resgatou.

Em 1844, teve uma segunda relação amorosa com Clotilde de Vaux, que morreu alguns anos depois. Por sua vez, a morte de Comte foi registrada em 5 de setembro de 1857, em Paris, em consequência de um câncer de estômago. Seus restos mortais foram enterrados no cemitério Père Lachaise.



Quais foram as obras mais importantes de Auguste Comte?

Os fundamentos do positivismo e da sociologia desse filósofo foram marcados pelo caos social que, segundo ele, a Revolução Francesa deixou para trás. Nesse sentido, considerou que era necessário um sistema de princípios universais. Estes seriam capazes de devolver às pessoas a harmonia necessária para desenvolverem suas vidas sob a ordem social e não o caos.

Essas ideias foram apresentadas no Curso de Filosofia Positiva, uma de suas obras mais influentes, publicada em seis volumes entre 1830 e 1842. Nele, Comte expõe os princípios de sua filosofia positivista.

Outros títulos renomados foram Discurso sobre o Espírito Positivo (1844) e Sistema de Política Positiva (1851), nos quais aplicou seus princípios positivistas à política e à sociedade. Da mesma forma, no final da vida, desenvolveu noções sobre religião no Catecismo Positivista (1852).

O que Auguste Comte disse sobre o positivismo?

A ideologia fundada por este escritor centrou-se nos fatos que eram experienciáveis e verificáveis na realidade. Seu objetivo era se livrar das especulações metafísicas inúteis para o progresso humano. Nesse sentido, a observação e a experimentação desempenharam um papel fundamental na forma de compreender e fazer ciência.

Na obra Cursos de Filosofia Positiva, o escritor estabelece uma divisão das ciências de acordo com sua simplicidade e universalidade. Para ele, a matemática ocupava o primeiro lugar entre todas, pela sua pureza e aplicabilidade à experiência. Ele então se concentrou nas ciências naturais, que incluíam astronomia, física e química.

Sociologia como uma nova ciência

Esse intelectual francês fundou a sociologia, focada no estudo invariável das instituições humanas. A invariabilidade dessa ciência correspondia ao objetivo do positivismo, que era estabelecer leis fixas e universais capazes de serem aplicadas uniformemente à realidade empírica.

Nesse aspecto, a sociologia era considerada uma ciência que poderia fornecer leis para o comportamento dos seres humanos. Assim, centrou-se no estudo e análise das instituições sociais, ou seja, a família, o Estado e a Igreja. Nessa reflexão, aparece a teoria dos três estados.

Lei dos Três Estados

A lei dos três estados considerava que a evolução humana e o seu conhecimento se realizavam através de três etapas estáveis, progressivas e sucessivas. Dessa forma, em sua obra Curso de Filosofia Positivista, estabelece tais etapas e, como aponta artigo publicado pela revista Con-Ciencia, cada uma apresenta características próprias:

  • Estado teológico ou ficcional: pensamento mágico e religioso. Deve ser superado se quisermos perseguir o progresso.
  • Estado metafísico: são hipóteses que permaneceram do resto das ciências. Exemplos dessas suposições são o éter, a alma e os princípios vitais.
  • Estado positivo: nele reinam a experiência, a racionalidade e a ciência. Assim, considera o estado positivo como o ápice do desenvolvimento humano. Portanto, essa etapa representa a fase final da ciência.

Críticas e defesa da filosofia positivista

Foram muitas as críticas feitas ao trabalho do pensador. Uma delas acusou-o de não ser o verdadeiro fundador da sociologia, mas apenas aquele que deu nome a essa disciplina.

Outros afirmaram que, na realidade, ele não fazia sociologia, e sim filosofia ou história. Mas o extremo dessas críticas considera que a obra do escritor francês foi produto de uma mente desequilibrada.

Apesar disso, o valor que a palavra sociologia teve para o estudo da sociedade e dos seus fenômenos não é de todo negligenciável. Antes disso, a filosofia e a história eram responsáveis por refletir sobre esses temas.

O problema era que suas declarações careciam de estrutura e métodos próprios para estabelecer um sistema sociológico. Graças a Comte, a sistematização tornou-se possível e abriu um novo campo de estudo e reflexão.



Um intelectual que abriu o caminho para a compreensão da sociedade

Apesar das críticas que a obra de Auguste Comte tem suscitado, não se pode negar que as suas contribuições para o campo da sociologia foram muito importantes. Nesse aspecto, ele não apenas deu nome à disciplina, mas também estabeleceu o caminho a seguir para compreender e estudar a sociedade.

As ciências sociais em geral se beneficiaram da abordagem metódica e científica de Comte. Portanto, devemos valorizar o seu esforço intelectual numa época marcada pelo caos e pela desordem. Em última análise, as suas obras refletem a preocupação com o progresso da sociedade em direção a uma vida melhor.


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