Como 7 filósofos famosos definem felicidade

Filósofos de todos os tempos tentaram definir felicidade. Vamos conhecer a opinião de alguns deles, com quem você se identifica?
Como 7 filósofos famosos definem felicidade
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 15 janeiro, 2022

Felicidade é uma das palavras mais difíceis de definir. A felicidade do místico nada tem a ver com a do homem de poder ou com a do homem comum.

Assim como na vida cotidiana encontramos diferentes definições desse sentimento, também existem diferentes abordagens dela na filosofia.

“Todos os mortais procuram a felicidade, um sinal de que ninguém a tem”

-Baltasar Gracián-

1. Aristóteles e a felicidade metafísica

Aristóteles, filósofo que falou da felicidade

Para Aristóteles, o mais proeminente dos filósofos metafísicos, a felicidade é a aspiração mais elevada de todos os seres humanos. A forma de a conseguir, do seu ponto de vista, é a virtude. Em outras palavras, se você cultivar as virtudes mais elevadas, será feliz.

Mais do que um estado específico, Aristóteles indica que é um estilo de vida. A característica desse estilo de vida é exercitar constantemente o melhor que cada ser humano possui. Também é necessário cultivar a prudência de caráter e ter um bom “daimon” (bom destino ou boa sorte). É por isso que suas teses sobre esse sentimento são conhecidas pelo nome de “eudaimonia”.

Aristóteles forneceu o fundamento filosófico sobre o qual a igreja cristã foi construída. Portanto, há uma grande semelhança entre o que este pensador propõe e os princípios das religiões judaico-cristãs.

2. Epicuro e felicidade hedonística

Epicuro foi um filósofo grego que tinha grandes contradições com os metafísicos. Ao contrário deles, ele não acreditava que a felicidade vinha apenas do mundo espiritual, mas também tinha a ver com dimensões mais terrenas. Na verdade, ele fundou a “Escola da Felicidade”. A partir disso, ele chegou a conclusões interessantes.

Ele postulou o princípio de que equilíbrio e temperança é o que dá origem à felicidade. Essa abordagem foi incorporada em uma de suas grandes máximas:

”Nada é suficiente para quem o suficiente é pouco.”

.

Ele achava que amor tinha pouco a ver com felicidade, mas a amizade sim. Também insistia na ideia de que não se deve trabalhar para obter bens, mas por amor ao que se faz.

3. Kant e a felicidade como um dever

O filósofo alemão Immanuel Kant propôs que a felicidade é um dos deveres supremos do ser humano. Segundo esse filósofo, a felicidade se constrói a partir de nosso caráter e da ética com que direcionamos nosso comportamento. Em outras palavras, a felicidade é uma obrigação, mas, ao mesmo tempo, nossas ações devem nos tornar dignos de merecê-la.

“A felicidade; mais do que um desejo, alegria ou escolha, é um dever ”.

4. Nietzsche e a crítica da felicidade

Nietzsche pensando em felicidade

Nietzsche pensa que viver em paz e sem preocupações é um desejo das pessoas medíocres, que não valorizam mais a vida. Nietzsche opõe o conceito de “bem-aventurança ” ao de “felicidade “. Bem-aventurança significa “estar bem”, graças às circunstâncias favoráveis ou à boa sorte. No entanto, é uma condição efêmera.

A bem-aventurança seria uma espécie de “estado ideal de preguiça “, ou seja, não ter preocupações, nem medo. Por outro lado, a felicidade é uma força vital, um espírito de luta contra todos os obstáculos que limitam a liberdade e a autoafirmação.

Ser feliz, então, é poder testar a força vital, superando as adversidades e criando modos de vida originais.

5. Bertrand Russell e felicidade no amor e gratidão

Para Bertrand Russell, filósofo britânico e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1950, a felicidade só pode ser alcançada por meio da experiência de amor e gratidão. O amor, segundo este autor, permite-nos superar o ego e a vaidade e, reconhecendo-nos como iguais, podemos alcançar a felicidade.

“De todas as formas de cautela, a cautela no amor é talvez a mais fatal para a felicidade”

Claro, esse caminho para a felicidade é árduo, envolve trabalho, dedicação e comprometimento. Ninguém alcança a felicidade sem esforço, pois deixar o egoísmo e construir laços de solidariedade com os outros é um trabalho permanente.

6. José Ortega y Gasset e a felicidade como confluência

Para Ortega y Gasset, a felicidade se configura quando coincidem “vida projetada” e “vida efetiva”. Ou seja, quando o que desejamos ser e o que realmente somos se juntam.

“Se nos perguntarmos em que consiste esse estado de espírito ideal denominado felicidade, facilmente encontraremos uma primeira resposta: a felicidade consiste em encontrar algo que nos satisfaça completamente.

Mas, estritamente falando, esta resposta nada mais faz do que nos perguntar em que consiste este estado subjetivo de plena satisfação. Por outro lado, que condições objetivas devemos ter para que algo nos satisfaça”.

Assim, todo ser humano tem potencial e desejo de ser feliz. Isso significa que cada um define quais são as realidades que podem fazê-lo feliz. Se você pode realmente construir essas realidades, então você será bem-aventurado.

7. Slavoj Zizek e a felicidade como um paradoxo

Este filósofo indica que ser feliz é uma questão de opinião e não de verdade. Ele a considera um produto dos valores capitalistas, que implicitamente prometem satisfação eterna por meio do consumo.

Porém, no ser humano reina a insatisfação porque na realidade ele não sabe o que quer. Todos acreditam que se conquistaram algo (comprar algo, aumentar seu status, etc.), poderão ser felizes. Mas, na realidade, inconscientemente, o que ele deseja alcançar é outra coisa e é por isso que permanece insatisfeito.


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