Biografia de Michelangelo Buonarroti: um gênio à frente do seu tempo
Hoje vamos falar sobre a biografia de Michelangelo Buonarroti, um dos gênios de maior destaque do Renascimento Italiano. Ele possuía quatro grandes virtudes do artista de sua época: era arquiteto, pintor, escultor e poeta.
Agora, se havia algo no qual ele se destacava, era pelo talento que imprimia em cada uma de suas obras. Além disso, o realismo estético e a força em sua arte não haviam sido vistos até aquele momento.
Talvez grande parte dessa intensidade emocional, com a qual ele dotava cada uma de suas pinturas e esculturas, fosse proveniente do seu próprio caráter. Ele não era um homem fácil.
A sua personalidade, dura como a pedra que esculpia, geralmente se movia entre a raiva, o orgulho e o desejo de solidão. Ele era um homem rico, mas nunca quis desfrutar dos seus próprios bens.
Ele sempre teve a admiração de seus contemporâneos. A elite eclesiástica o adorava, os papas reivindicavam a sua arte e as suas mãos para dar vida às suas basílicas, luz às suas paredes e corpo às figuras bíblicas mais destacadas.
Esculturas como Pietà e Davi são dois exemplos ilustrativos e excepcionais de seu carisma e genialidade, comparável apenas à de Leonardo Da Vinci.
Michelangelo foi a figura principal do Renascimento, que ficou marcado, por sua vez, como um período de crise. Ao seu redor, ouviam-se os rumores das guerras religiosas, a sombra da Contrarreforma e a chegada de outro estilo artístico: o maneirismo.
“A verdadeira obra de arte não passa de uma sombra da perfeição divina”.
– Michelangelo Buonarroti –
Michelangelo Buonarroti: a biografia do gênio renascentista
Ele nasceu em 1475 em Caprese, uma cidade da Toscana. A sua família, de boa posição, ocupava cargos de renome na Florença da época. Desde a infância, ele mostrou uma alta capacidade para as áreas artísticas.
No entanto, seu pai, Ludovico di Leonardo, acreditava que esse não deveria ser o caminho para o segundo de seus cinco filhos.
Michelangelo deveria cuidar do status social da família. Portanto, era mais apropriado optar por outras áreas. Por isso, o seu pai decidiu mandá-lo para Florença para estudar gramática com o humanista Francesco da Urbino.
O jovem Buonarroti já demonstrava uma personalidade forte desde a juventude. Ele já tinha muito claro como seria o seu caminho, o que estava contido em suas mãos ansiosas para criar.
Então, aproveitou esse período florentino para fazer contato com todo o contexto artístico da cidade e logo se tornou estagiário de uma oficina que pertencia aos Medicis. Mais tarde, ele surpreenderia o próprio Lorenzo, o Magnífico (que os historiadores chamam de pai do Renascimento) depois de realizar as suas primeiras obras artísticas.
O professor Michelangelo Buonarroti estava prestes a nascer artisticamente. Esse primeiro passo lhe rendeu, entre outras coisas, a capacidade de cuidar da sua família depois que o seu pai faliu.
As obras titânicas de um escultor com personalidade
Foi na Academia dos Médici que Michelangelo Buonarroti teve contato com as teorias de Platão. Elas serviram como um guia para moldar as suas obras literárias e plásticas.
No entanto, a partir de 1492, a sua vida mudou com a morte de Lorenzo de Médici. Ele saiu temporariamente da corte e começou a trabalhar em várias obras em Bolonha e Roma, dando testemunho de sua grande marca artística.
Ele esculpiu um crucifixo de madeira policromada para a igreja florentina Santo Spirito (ou Igreja do Espírito Santo). Em 1493, comprou um enorme bloco de mármore e esculpiu uma gigantesca estátua de Hércules. Era a sua maior visão até aquele momento.
Aos 21 anos, ele chegou a Roma para concluir um trabalho encomendado pelo cardeal Raffaele Riario. Esta foi outra estátua titânica, desta vez para o deus Baco.
Em 1505, o próprio Papa Júlio II confiou a Michelangelo Buonarroti uma obra de dimensões épicas. Além disso, era um monumento fúnebre, uma obra que deveria ter cerca de 40 figuras.
Apesar disso, em um dado momento, o pontífice deu mais relevância à reforma de Bramante na basílica de São Pedro. Michelangelo, desgostoso com esse gesto, saiu de Roma deixando o trabalho pela metade.
Ele esteve prestes a ser excomungado pela sua recusa em retornar à Roma. No entanto, finalmente se rendeu, começando assim a ser conhecido pelo seu caráter e orgulho. Ao mesmo tempo, começa um relacionamento complexo e produtivo com o papa Júlio II.
Dessa união, surgiram obras tão relevantes como o Moisés e a própria Capela Sistina. Para a capela, Michelangelo exigiu do pontífice total liberdade de criação. E assim foi.
Os amores de Michelangelo Buonarroti
Michelangelo Buonarroti sentia um fascínio especial pelo corpo humano. As suas obras titânicas sempre guardavam aquela beleza e vigor que inspiravam muitos jovens com quem ele se relacionava diariamente em sua oficina.
Assim, nomes como Cecchino dei Bracci ou Tommaso Cavalieri, seus discípulos, faziam parte da vida afetiva do artista.
Da mesma forma, também está documentado o seu vínculo com uma dama de posição nobre: Vittoria Colonna. Uma paixão pela poesia, religião e a obra de Dante os unia.
De fato, essa viúva era para Michelangelo o ideal perfeito da Beatriz da Divina Comédia. Foi sua inspiração na vida e também na morte, pois essa mulher morreu muito cedo, deixando uma marca de tristeza na vida de Buonarroti.
Últimos anos, a Pietà Rondanini
Michelangelo Buonarroti iniciou a Pietà Rondanini em 1556, quando já tinha mais de oitenta anos. Ele não conseguiu terminá-la. A sua saúde não estava boa, ele se sentia sozinho, cercado por funcionários e aborrecido especialmente pelas mudanças que eram vivenciadas no mundo artístico.
Além disso, o Concílio de Trento havia proibido o aparecimento de nus na arte religiosa. Isso, para o mestre Buonarroti, era uma afronta.
De fato, o papa Pio IV havia contratado Daniele da Volterra para esconder a “nudez” de grande parte do trabalho já realizado pelo grande mestre. Michelangelo estava exausto, frustrado e tremendamente ferido com o ambiente ao seu redor.
A Pietà Rondanini é um reflexo claro do humor desse gênio escultor, desse mestre renascentista.
Nesse trabalho, vemos duas figuras fantasmagóricas, com quase nenhuma característica, rostos alongados que simbolizam um grito silencioso envolto em tristeza.
Foi o adeus premonitório de um artista que deu vida ao mármore, que trouxe o esplendor à Igreja com as suas obras titânicas… As mesmas obras que agora estavam sendo alteradas, profanadas.
Michelangelo morreu em 1564 e foi enterrado em Florença, rodeado de amigos. O seu nome fazia parte do esplêndido renascimento que já iniciava o seu ocaso, evoluindo para o maneirismo.
Ele foi o artista da ênfase, da paixão e da emoção extrema. O seu legado certamente tem a mesma força e, ainda hoje, nos deixa sem ar.
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- Condivi, A. (2007). Vida de Miguel Ángel Buonarroti (Vol. 23). Ediciones AKAL.
- De Feo, Francesco (1978). Miguel Ángel: Nota biográfica. Barcelona: Teide.
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