Biografia de Rosa Parks: uma lição sobre racismo e Psicologia Social

Você já ouviu falar sobre Rosa Parks e o boicote aos ônibus de Montgomery? Essa mulher e esse episódio deram inicio a uma revolução a partir de um gesto muito simples que pode nos ensinar muito sobre a Psicologia Social e o racismo.
Biografia de Rosa Parks: uma lição sobre racismo e Psicologia Social
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Escrito por Sonia Budner

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Conheça a biografia de Rosa Parks, a mulher que desencadeou um dos protestos mais importantes durante o período do Movimento pelos Direitos Civis dos afro-americanos nos Estados Unidos.

Ela fez isso com um gesto simples, porém muito potente. Ela se negou a ceder o lugar que ocupava dentro de um ônibus para um passageiro branco. Esse pequeno fato da vida de Rosa Parks pode nos ensinar muito o racismo e sobre a Psicologia Social.

Ela foi, é claro, detida e presa por causa disso. Tal situação originou o que ficaria conhecido mais tarde como o Boicote aos ônibus de Montgomery. Incentivados por Martin Luther King como um ato de desobediência civil, esses protestos acabaram abolindo as leis de segregação racial vigentes até então.

A lei de segregação racial obrigava os afro-americanos a ocupar os bancos do fundo dos ônibus públicos. Os assentos da frente estavam reservados para os brancos. No meio do ônibus havia alguns assentos que podiam ser usados por todos de forma indiscriminada. Esses bancos deviam sempre ser cedidos pelos afro-americanos para os brancos.

O resultado de Rosa Parks se negar a ceder seu assento foi o pontapé inicial que culminou na criação da Lei de Direitos Civis de 1964.

Quem era Rosa Parks?

Filha de uma professora e de um carpinteiro, Rosa Parks viveu durante a era da segregação racial nos Estados Unidos. Ela se graduou na Alabama State Teachers College e se casou com Raymond Parks.

A infância de Rosa se deu em um contexto no qual a segregação racial era muito forte. Ela podia ser vista nos banheiros públicos, nas escolas, nos transportes, nos restaurantes, etc. Rosa possuía uma forte memória de seu avô, na porta de sua casa, com uma espingarda enquanto a Ku Klux Klan marchava pela rua.

Ela se uniu, junto com seu marido, à causa que defendia os Scottsboro Boys. Os meninos Scottsboro eram um grupo de homens negros acusados injustamente de estuprar uma mulher branca.

Ela também fez parte da NAACP, National Association for the Advancement of Colored People, ou Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor em tradução direta para o português.

Durante sua juventude, Rosa trabalhou na Base da Força Aérea Maxwell. Maxwell era uma propriedade federal e não permitia a segregação. Rosa costumava comentar que a empresa havia aberto os seus olhos.

Escultura de Rosa Parks

O racismo e a psicologia social na biografia de Rosa Parks

A Psicologia Social explica que o racismo se apoia sobre a base do processo de categorização de pessoas. São atribuídas características próprias a um determinado grupo e isso se faz, além disso, a partir de uma suposta identificação com um outro grupo que se considera superior. Há três conceitos principais na análise da discriminação racial e do preconceito:

  • A categorização social. É o principal precursor de toda forma de preconceito. É, na realidade, uma ferramenta cognitiva que ajuda a classificar e ordenar a realidade. Isso é feito através de dois processos cognitivos: a assimilação e a diferenciação. São dois processos responsáveis por, respectivamente, minimizar ou exagerar as diferenças entre grupos.
  • O estereótipo. Surge da categorização social.
  • A identificação social. O autoconceito que uma pessoa cria de si mesma derivado de uma ideia de pertencimento a um determinado grupo.

O que leva uma pessoa a se tornar ativista social?

A opressão e a desigualdade estão muito associadas. Os fatores que influenciam as pessoas a se unirem ao ativismo social são principalmente a percepção de injustiça por pertencer a um grupo social, a desigualdade e as emoções sociais.

Algumas teorias psicossociais tentaram explicar o fenômeno do Boicote aos ônibus de Montgomery, mas parece que são as emoções que podem dar a melhor explicação para o fato (Ruiz-Junco 2013 y Bosco 2007). As emoções compartilhadas de humilhação se desenvolveram fortemente nas pessoas oprimidas, junto com outras emoções como a coragem e a determinação.

A. Jasper, em um estudo de 2011, concluiu que uma pessoa precisa sentir, ao mesmo tempo, tanto emoções negativas quanto positivas para se transformar em uma ativista social. O ativismo social não existe se alguém sente apenas emoções negativas. As emoções têm um papel essencial na identidade e no comportamento social.

Bonecos de papel recortados

Biografia de Rosa Parks, uma ativista social

Rosa Parks explicou muitas vezes que, naquele fatídico dia, ela se negou a levantar e ceder seu lugar no ônibus para um passageiro branco porque estava “cansada”. E não era só o cansaço físico de um final de dia voltando para casa. Rosa estava cansada de ser tratada como uma cidadã de segunda classe.

Estava cansada das injustiças e de um tratamento desigual. Além disso, a coragem e a determinação também motivaram sua desobediência social.

Rosa Parks trabalhou todo o resto da sua vida na luta pelos direitos civis. Ela foi a mulher que nos ensinou que o mundo pode mudar em um dia com um simples gesto.

No dia em que ela faleceu, em 2005, todos os ônibus em Montgomery circularam com os bancos da parte da frente reservados com um laço preto com um nome: Rosa Parks.


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