A bondade não tem que estar acima da assertividade

A bondade não tem que estar acima da assertividade

Última atualização: 02 outubro, 2016

Agora mesmo pode ser que você esteja pensando: “Sério, você está dizendo que a bondade pode ser um problema para um casal? Gostaria que comigo fosse assim!”. Pois é, volto a afirmar, assim como diz o músico e compositor Ricardo Arjona: “esse medo idiota de envelhecer sem alguém ao lado faz com que você escolha com a cabeça o que é do coração”. Erramos justamente aí.

Porque, por mais incrível e absurdo que pareça, a bondade e qualquer sentimento ou emoção mal-interpretados podem ser um problema grave num relacionamento. Inclusive a intenção mais nobre pode ser subentendida e transformar-se em dor, raiva, incompreensão…

O que diz a ciência?

Para entender os problemas que a bondade pode gerar em um relacionamento é bom conhecer o estudo que uma equipe de pesquisadores da Universidade de Toronto realizou há alguns anos a respeito desse tema.

Nesse caso, a pesquisa demonstrou que a bondade pode ser um problema grave sempre que um dos membros do relacionamento tenha a incapacidade de rejeitar. O que significa isso? Que devido à necessidade de sentir aceitação, a escolha pode ser a de um perfil cheio de incompatibilidades.

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As pessoas têm a necessidade de socializar. Além disso, somos empáticos em maior ou menor grau. No entanto, essa situação levada ao extremo pode propiciar que, pelo simples fato de evitar um conflito, um membro do relacionamento decida aceitar uma situação que na realidade não é tolerável.

Ao longo do estudo, os pesquisadores descobriram que certos perfis com excesso de empatia e um alto grau de bondade sofriam sérios problemas na hora de escolher um parceiro por sua incapacidade de rejeitar, temendo depois se sentirem culpados.

A bondade transformada em um problema afetivo

É evidente que o excesso de empatia e bondade pode gerar sérios problemas afetivos relacionados com as más decisões no relacionamento. Uma afeição excessiva que aumenta com o tempo pode acabar em doença e transtornos psicológicos graves. Por isso é importante tomar certas medidas:

  • Ainda que pareça anormal, é importante saber dizer “não”. Sempre com cortesia, mas sem excessos. Uma rejeição a tempo pode ser um exercício de saúde mental importante. Não é todo mundo que sabe expressar uma negativa, mas é preciso fazê-lo para evitar situações incômodas pelo mero fato de sentir aceitação e querer ficar bem no seu círculo social.
  • A bondade num relacionamento pode ser associada, em muitos casos, a sentimentos de culpa. O fato de colocar seus interesses na frente dos do seu parceiro, sempre com coerência, não pode ser um motivo para sentir culpa.
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  • Também existem casos em que a bondade de um membro do relacionamento vem associada à baixa autoestima. Pessoas com tendências serviçais na verdade escondem perfis cheios de insegurança que preferem aceitar tudo ao invés de não serem aceitos.
  • Se observarmos com cuidado, a culpa, a incapacidade de dizer “não” ou a baixa autoestima estão sempre associadas a perfis com falta de confiança em si mesmo, o que pode ser alarmante. Nesse caso, existem graves casos que devem ser estudados por um profissional, pois seguir em frente provocará condições psicológicas irreversíveis.

É possível evitar essas situações?

Um relacionamento nunca deve ser um poço de inseguranças e problemas. Ainda que não possa ser perfeito, é preciso considerar o relacionamento com a pessoa amada como uma situação que melhora sua qualidade de vida. Do contrário, talvez seja uma boa ideia repensar os termos da situação. Para saber se isso é assim, atenha-se a certas atitudes como:

  • Se você é uma pessoa que cede de forma desinteressada constantemente, mas não recebe respostas adequadas a respeito. Se você sente que alguém abusa de sua bondade e bom trato, talvez deva repensar a situação.
  • A bondade saudável geralmente anda de mãos dadas com o otimismo. No entanto, talvez seu parceiro se sinta incomodado nesse caso. Pode ter a imagem de que a outra pessoa é ingênua ou inclusive “tonta” por excesso de bondade. Se chegar a esse ponto extremo, existem motivos para duvidar.
  • Se você observar que seu parceiro não leva você a sério e pensa que sua bondade simplesmente responde a uma pose de falsa felicidade, talvez você não esteja com a pessoa adequada.
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  • Se seu parceiro não reforça sua personalidade e otimismo e se converte em fonte de insegurança para você, negando seu raciocínio, seu estilo de vida e sua forma de ser, você deve se perguntar se é o perfil ideal para você.

Definitivamente, se algo tão bonito e admirável como a bondade pode se converter num motivo de infelicidade e problemas de casal, é evidente que algo está faltando nesse relacionamento.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.