Bugchasing, a contaminação intencional de doenças sexualmente transmissíveis
Na vida existem todos os tipos de pessoas, e algumas buscam prejudicar a si mesmas. O bugchasing é um exemplo desta forma de exposição ao perigo, procurando conscientemente esta exposição.
O bugchasing é um movimento ao qual cada vez mais pessoas estão se tornando adeptas. É uma prática em que os indivíduos contraem intencionalmente doenças sexualmente transmissíveis.
Ao longo deste artigo, contaremos mais sobre essa prática. Você poderá descobrir do que se trata, porque se tornou um movimento e qual é a motivação das pessoas envolvidas.
O que é o bugchasing?
O bugchasing é um movimento e uma subcultura que nasceu no final dos anos noventa nos Estados Unidos. O nome vem do inglês, e em português significaria “caça ao bicho”. O bicho, ou bug, seria o vírus da imunodeficiência humana (HIV). O caçador ou bugchaser é quem está tentando contrair o vírus.
Aqueles que recebem o ‘bicho’ são chamados de gifgivers. Ou seja, para quem se transmite o vírus. Então, há pessoas que são portadoras e que estão infectadas, que de comum acordo realizam práticas para a transmissão do vírus. Agora, o que causa impacto nesta situação é que tanto o portador quanto a pessoa infectada sabem, de forma premeditada, que vão infectar ou se infectar com o HIV, vírus que apresenta grandes riscos à saúde.
Portanto, é uma prática que, embora perigosa, é voluntária. Ainda não está estabelecido se as pessoas que desejam realizá-la o fazem sob manipulação. De qualquer forma, o bugchasing já disparou sinais de alerta em diferentes agências de saúde.
Qual é a motivação para pertencer ao movimento?
As motivações podem ser diversas e dependem muito da singularidade de cada pessoa. No entanto, observou-se que a motivação de alguns pode estar associada a:
- Medo. Aqueles que desejam contrair o HIV e estão associados a esse movimento afirmam que ser infectado por esse vírus é algo inevitável, por isso preferem que esteja sob seu controle e, por isso, decidem quando contraí-lo.
- Enxergam o HIV como um vírus medicamente controlável. Pesquisas mostram que isso reduz o impacto da percepção de como seria viver com HIV. É o que Gabriela H. Breitfeller e Amar Kanekar sugerem em sua revisão da literatura intitulada Transmissão intencional do HIV entre homens que fazem sexo com homens: uma revisão.
- Erotismo. Aqueles que procuram ser infectados percebem o risco de serem infectados como excitante. Além disso, eles acham que o sexo seguro impede a possibilidade de experimentar atos sexuais improvisados. Quem infecta também acha excitante o fato de infectar alguém com seu vírus.
- Solidão. Muitos homens HIV negativos sentem que ficam para trás como amantes, e muitos soropositivos também sentem o fardo da solidão por terem um vírus. Essas razões motivam ambas as partes a entrarem para o movimento do bugchasing.
- Cultura homofóbica. Pode ser uma resposta à cultura da homofobia que estigmatizou os homossexuais, principalmente os soropositivos, chegando a marginalizá-los.
Além disso, existem teorias de que esse comportamento está associado à personalidade do sujeito. Em alguns estudos, chegou-se a constatar que algumas pessoas associadas a esse movimento demonstram interesse por atividades como escatofilia, micção, exibicionismo e traços de dependência.
Por que o Bugchasing é um movimento?
Fala-se de movimento porque envolve um grupo de pessoas que têm interesses comuns e que promovem práticas com um fio condutor. Portanto, não é que uma pessoa esteja interessada em ser infectada ou simplesmente em infectar. É um grupo de pessoas que busca fazer sexo para contrair o HIV e que promove essa prática.
As pessoas envolvidas no bugchasing reivindicam sua livre escolha em termos de práticas sexuais desprotegidas e relutam em ver o que fazem como um produto de desvio sexual. No entanto, por se tratar de uma prática que coloca em risco a saúde, várias pesquisas estão em andamento, seja para lançar estratégias de prevenção, seja para entender o motivo por trás desse comportamento.
Hoje, essa prática está presente em todo o mundo e está se espalhando cada vez mais. Inclusive, as pessoas que desejam pertencer ou que já fazem parte desse movimento são contatadas através das redes sociais.
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- Breitfeller, G.H., & Kanekar, A. (2012). Intentional HIV transmission among men who have sex with men: A scoping review. Gay and Lesbian Issus Psychology Review, 8 (2), 112.