Clamídia: uma doença sexualmente transmissível muito comum

A clamídia nem sempre apresenta sintomas claros. Muitas pessoas são portadoras desse tipo de bactéria sem saber, correndo, assim, o risco de infectar seus possíveis parceiros sexuais. Estamos diante de uma das DSTs mais comuns.
Clamídia: uma doença sexualmente transmissível muito comum
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A clamídia, ou chlamydia trachomatis, é um dos patógenos de transmissão sexual mais comuns que existem no ser humano. Porém, o principal problema com esse tipo de infecção é que ela costuma ser assintomática. De fato, são muitas as pessoas que não sabem que estão contaminadas. Isso implica um risco muito elevado porque a doença pode ser transmitida para seus parceiros sexuais.

A grande maioria das pessoas já ouviu esse termo. No entanto, como quase sempre acontece quando se fala de informação sexual, ficamos com ideias básicas, sem nos aprofundar na transcendência real de cada condição. Para começar, a clamídia não é um patógeno simples. Em muitos casos, pode provocar infertilidade ou fazer com que a mulher sofra de doença  inflamatória pélvica.

Nos homens, o impacto também é evidente: esterilidade, infecções graves na genitália, etc. Esta não é uma doença sem relevância. As infecções de transmissão sexual sempre são delicadas, e às vezes são até mesmo resistentes aos tratamentos, alteram nossas vidas e, em muitos casos, podem ter consequências.

De acordo com alguns dados revelados em um estudo publicado na The Lancet, pela Dra. Nicola Lowh, todo ano quase 10 milhões de pessoas testam positivo para a clamídia na Europa. A população mais infectada por essa doença são os menores de 25 anos de idade. Fazer uso de preservativo evita enormemente o número de contágios. No entanto, como os médicos dizem, nem sempre o preservativo é 100% eficaz.

Os bebês de mães infectadas por chlamydia trachomatis podem desenvolver conjuntivite. E mais: em cerca de 20% dos casos os bebês correm o risco de sofrer pneumonia pós-natal.

Pessoas em pé

O que é a clamídia?

chlamydia trachomatis (clamídia) é uma bactéria intracelular que afeta apenas o ser humano. É importante dizer que existem 15 sorotipos e que cada um deles pode provocar um tipo de doença dependendo da cepa. Esta bactéria apresenta dois tipos de biovares ou variantes básicas:

  • O linfogranuloma venéreo (LGV) é caracterizado por provocar doenças sistêmicas, além de ser o mais comum;
  • O biovar tracoma, por sua vez, pode provocar artrite, pneumonia, conjuntivite neonatal, etc.

Por outro lado, cabe destacar que a clamídia afeta homens e mulheres igualmente. No entanto, esta bactéria se aloja no útero, no reto ou na garganta no caso de mulheres, e na uretra, no reto e na garganta no caso de homens.

Como ela é contraída?

A principal via de transmissão da clamídia é sexual e acontece basicamente através de relações sem proteção. A infecção deste patógeno acontece por meio das secreções genitais, assim como através das mucosas da orofaringe e também do ânus. Portanto, nestes casos, o preservativo não consegue evitar 100% esse tipo de DST. O sexo oral é outra via de transmissão com a qual devemos ter cuidado.

  • Além disso, a mãe infectada por clamídia também pode transmitir a doença para o seu bebê quando este passa pelo canal do parto;
  • A clamídia não é contraída por meio de um simples contato físico como uma carícia, abraço, beijo, compartilhar o mesmo copo, tocar os mesmos objetos ou usar o mesmo banheiro, por exemplo.

Sintomas da clamídia

Dissemos no início deste artigo que um dos principais problemas desse tipo de doença sexualmente transmissível é que nem sempre ela apresenta sintomas. Entretanto, é comum que apresente pequenos indícios, características que às vezes podemos associar a outros problemas e que podem nos dar as primeiras pistas.

Células de doenças

Sintomatologia na mulher

Sabe-se que cerca de 70% das mulheres não apresentam sintomas. No entanto, precisamos ficar atentos às seguintes características:

  • Dor ao urinar;
  • Dor durante as relações sexuais;
  • Corrimento vaginal anormal, com cheiro intenso;
  • Sintomatologia associada à doença inflamatória pélvica (dor no abdômen, na área do quadril e na região pélvica);
  • Inflamação no fígado.

Sintomatologia nos homens

No caso da população masculina, é comum que cerca de 30% não apresentem sintomas. O resto sofrerá com o seguinte quadro clínico:

  • Ardor ao urinar;
  • Secreções no pênis e no ânus;
  • Dor no reto e sensibilidade nos testículos.

Como a clamídia é diagnosticada?

Quando uma pessoa tem uma relação sexual de risco (sem proteção e com um parceiro ocasional), é recomendado que ela faça um teste de DSTs. Por outro lado, também não podemos ignorar nossos exames e consultas periódicas.

Caso apresentemos tais sintomas e o especialista suspeite da presença de clamídia, será coletada uma amostra da mucosa do colo uterino, da uretra ou, no caso dos homens, da orofaringe, do ânus, etc, utilizando um cotonete. Mais tarde, esta amostra será analisada.

Os resultados sempre são confiáveis e o especialista que acompanha o caso avaliará o tratamento a ser seguido.

Tratamento para a clamídia

No geral, o tratamento para a clamídia é simples: antibióticos. Podemos tomar uma dose única do medicamento recomendado ou o tratamento pode seguir por uma semana. Levando isso em conta, os especialistas também recomendam tratar todos os parceiros sexuais dos últimos 60 dias, tendo sintomas ou não.

Quais medidas de prevenção devemos seguir?

Até o momento, ainda não temos vacinas ou outro tipo de medicamento que nos permita estar totalmente protegidos contra a clamídia. É nossa responsabilidade manter uma sexualidade saudável que nos proteja das DSTs (doenças sexualmente transmissíveis). Portanto, devemos sempre considerar as seguintes medidas de prevenção:

  • Usar o preservativo de forma correta;
  • Lembrar que também é possível contrair clamídia através do sexo oral;
  • Ter cuidado com os brinquedos sexuais, já que eles também são uma fonte de transmissão.

Para concluir, é importante se lembrar da importância de marcar exames e consultas periódicas. A prevenção correta, assim como a detecção precoce, nos permitirão tratar efetivamente possíveis problemas e levar uma vida sexual satisfatória e saudável.


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