Colaboração intermitente: uma resolução prática dos problemas

Colaboração intermitente: uma resolução prática dos problemas
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 04 março, 2019

A Universidade de Harvard propõe uma nova abordagem para técnicas de resolução de problemas, destacando a importância daquilo que conhecemos como colaboração intermitente na hora de resolver conflitos complexos.

Neste sentido, segundo esta prestigiada instituição de ensino, a tecnologia nos deu a possibilidade de uma conexão constante a um custo muito reduzido, mas que nem sempre nos beneficia. Em vez disso, alega que a colaboração intermitente poderia ser a melhor forma de resolver vários tipos de problemas complexos. 

“O professor associado da HBS, Ethan Bernstein, vê uma série de implicações no local de trabalho para diferentes modelos de colaboração, incluindo as vantagens de alternar esforços independentes com o trabalho em grupo durante um período de tempo”.
-The Harvard Gazette-

Uma pesquisa com resultados contundentes

A pesquisa realizada pelo professor associado da Harvard Business School (HBS), Ethan Bernstein, e seus colegas, intitulada Como as interrupções intermitentes na interação melhoram a inteligência coletiva, publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences (da sigla em inglês PNAS, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos) em 13 de agosto, assegura que estarmos sempre ligados pode reduzir a eficácia de nossas ações . Assim, a intermitência seria a melhor maneira de resolver problemas, até mesmo complexos.

O estudo foi realizado após analisar a resolução de problemas complexos enfrentados por grupos de três pessoas. Desta forma, um dos grupos nunca interagiu entre si, conseguindo resolver o problema em completo isolamento. Por outro lado, os membros de outro grupo interagiam constantemente, enquanto um terceiro grupo fez isso apenas de forma intermitente.

Reunião profissional

Devido às pesquisas realizadas a priori, os cientistas esperavam que aqueles que resolvessem os problemas isoladamente fossem mais criativos, mas que, em grupo, não alcançariam os mesmos resultados. Além disso, eles previram que aqueles que se relacionavam constantemente teriam uma qualidade de resolução média mais alta, mas não seriam capazes de encontrar as melhores soluções com a mesma frequência.

No entanto, durante o processo descobriu-se que os grupos que interagiam de forma intermitente atingiram uma qualidade de solução semelhante aos grupos que o fizeram de forma constante, mas com o benefício da parte individual em encontrar as melhores soluções.

O mais surpreendente de tudo é que quando as interações foram de colaboração intermitente, aqueles que tiveram maior rendimento melhoraram aprendendo com os que tinham um baixo rendimento. Enquanto isso, quando as pessoas de alto e baixo rendimento interagiam constantemente, as de baixo rendimento copiavam as soluções de quem tinha um alto rendimento e eram ignoradas por essas pessoas com alto rendimento.

Assim, quando as interações eram intermitentes, as ideias propostas pelas pessoas de baixo rendimento ajudaram às de alto rendimento a encontrar soluções melhores.

A colaboração intermitente beneficia a produtividade

“Bernstein e seus coautores veem uma série de implicações no local de trabalho para essas descobertas, incluindo as vantagens de alternar esforços independentes com o trabalho em grupo durante um período de tempo”.
-Ethan Bernstein-

A Universidade de Harvard afirma que é assim que o trabalho tem sido tradicionalmente realizado nas empresas. Na verdade, as pessoas trabalham sozinhas para depois se reunirem e mais tarde voltarem a trabalhar sozinhas. No entanto, ele observa que o avanço da tecnologia mudou esses ciclos.

Harvard ressalta que os pesquisadores observaram certas semelhanças no modo de trabalhar das empresas na atualidade. Precisamente, os trabalhos em equipe têm intermitências que permitem que o indivíduo trabalhe de forma isolada, para que melhores resultados sejam alcançados.

“À medida que substituímos esse tipo de ciclos intermitentes por tecnologias sempre ativas, poderíamos estar diminuindo a nossa capacidade de resolver bem os problemas”.
-Ethan Bernstein-

Reunião casual no trabalho

A intermitência da interação é a que produz resultados realmente positivos. Também afirma que as empresas geralmente têm espaços de grupo e individuais, onde a interação pode ser pausada durante um certo período de tempo.

Em suma, o projeto de Harvard chegou à conclusão de que os modelos que permitem um contato intermitente, em vez de constantes, são mais importantes para a produtividade e o rendimento do que se pensava anteriormente.

Além disso, incorpora-se a noção de que a tecnologia e o uso de ferramentas de colaboração digital não deveriam perturbar o isolamento intermitente. Desta forma, os trabalhadores seriam capazes de resolver problemas complexos em menos tempo.

“As empresas conhecidas por sua excelência em criatividade e troca de ideias, como a IDEO, costumam usar um processo que tem intermitência incorporada”.
-Ethan Bernstein-


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  • Bernstein, E., Shore, J., & Lazer, D. (2018). How intermittent breaks in interaction improve collective intelligence. Proceedings of the National Academy of Sciences115(35), 8734-8739.

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