Como é a sua relação com o seu corpo?

Quando a sua relação com o seu corpo é positiva, você identifica facilmente os fatores que alteram o equilíbrio no seu organismo e consegue tomar algumas medidas necessárias para impedir consequências maiores.
Como é a sua relação com o seu corpo?
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 27 junho, 2020

A relação que você tem com o seu corpo não é tão óbvia quanto se pode pensar. Esse vínculo, tão evidente e essencial, muitas vezes se mantém em um segundo plano, apesar da sua importância. O corpo parece ser uma realidade tão óbvia para alguns que não merece nenhum exercício de reflexão ou de consciência. No entanto, não é bem assim.

Com frequência, a relação que você tem com o seu corpo é de tipo instrumental ou funcional. Instrumental quando a pessoa o assume como uma via para gerar um determinado impacto nos outros. Desse modo, você “se cuida” para gostar de si mesmo, ou se embeleza para se sentir atraído por si mesmo. Também é possível que ocorra o contrário: você se esconde do olhar dos outros ou não se cuida porque não tem um bom autoconceito nesse terreno.

“O segredo para ter uma boa saúde é que o corpo se agite e que a mente repouse”.
-Vincent Voiture-

A relação que você tem com o seu corpo também pode ser apenas funcional. Você se lembra dele quando sente uma dor ou quando fica doente. Enquanto está saudável, você se esquece de que se trata de um organismo em atividade constante, e de que tudo o que você faz, sente e pensa tem lugar biologicamente dentro do mesmo.

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A apatia e a obsessão com o corpo

Algumas pessoas têm uma relação distante com seus corpos. Elas não o exploram, não o conhecem e também é possível que sintam um certo desprezo ou apreensão em relação a ele. As pessoas que têm esse vínculo problemático podem pertencer a dois extremos: aquelas que são excessivamente pudicas e atentas com seu organismo, e aquelas que são basicamente indolentes com o próprio corpo.

As pessoas que se tornam obsessivas com seus corpos são, geralmente, muito apreensivas. Elas têm uma especial insistência com o tema da limpeza e com o medo dos germes. Mostram-se intolerantes com os odores naturais do suor, da urina ou das fezes. Não os enxergam como odores naturais, mas como um sinal de alerta. Seu pudor com o asseio, às vezes, chega a extremos. Nesse caso, o corpo é um território de combate e a expressão de um conflito psicológico não resolvido.

No outro extremo, estão aqueles que fazem da apatia uma norma. Um sinal de problemas mentais é o descuido extremo com a higiene corporal e com o corpo em geral. A pessoa não toma banho, não troca de roupa, cheira mal e não se incomoda com isso. Há algo que ocupa tão obsessivamente a mente que o corpo passa para um segundo plano. Se a relação que você tem com o seu corpo se encaixa em alguma dessas duas categorias, com toda certeza você precisa de ajuda.

As emoções e a sua relação com o seu corpo

As emoções não são positivas ou negativas em si mesmas, mas algumas delas causam maior perturbação no organismo. Por perturbação, entendemos a ativação de processos que alteram o equilíbrio normal. Essas emoções são a raiva, a tristeza e a angústia, além daquelas que são suas combinações ou derivações: a frustração, o estresse, a intolerância, etc. Todas essas emoções são uma resposta a estímulos que são percebidos como ameaçadores. Isto é, são percebidos dessa forma, embora não necessariamente o sejam.

O seu universo emocional tem uma grande influência na relação que você tem com o seu corpo. Há uma ampla literatura na qual se evidencia que as emoções ajudam a restabelecer o equilíbrio orgânico em alguns casos, ou a facilitar o surgimento de mecanismos que induzem à doença em outros. A ciência verificou que a ansiedade é uma das companheiras mais habituais de diferentes doenças. Em particular, das doenças infecciosas e autoimunes.

Mulher frustrada com o seu corpo

Também foi comprovado que a ansiedade influencia de forma negativa os procedimentos cirúrgicos. Por sua vez, o que se conhece como “estresse” tende a alterar os processos normais de recuperação do organismo. A secreção de hormônios durante os episódios de estresse faz aumentar as condições favoráveis para que alguns tipos de doenças, como as cardiovasculares, evoluam. Também deprimem o sistema imunológico, e isso ajuda a desenvolver outras doenças.

Para muitas pessoas, o efeito das emoções em seus organismos passa despercebido. Elas não notam, por exemplo, que o ritmo de seus batimentos aumenta, que a respiração muda. Também não são conscientes das mudanças de temperatura, da tensão em certos músculos ou da aceleração em alguns processos. A sua relação com o seu corpo passa pela pergunta do quão sensível e consciente você é sobre as mudanças que acontecem em seu organismo. A sua resposta pode lhe dar uma ideia sobre a qualidade desse vínculo.


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  • Kabat-Zinn, J. (2016). Vivir con plenitud las crisis Ed. Revisada: Cómo utilizar la sabiduría del cuerpo y de la mente para enfrentarnos al estrés, el dolor y la enfermedad. Editorial Kairós.

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