Como identificar um relacionamento abusivo

Como identificar um relacionamento abusivo
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Yamila Papa

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Os especialistas explicam que, para identificar um relacionamento abusivo, é preciso que você analise os seus sentimentos, e isso pode ou não ser feito juntamente com o seu parceiro. De qualquer forma, você precisa ser o mais objetivo possível, pois, caso contrário, você estará enganando não só a si mesmo, como também ao outro.

Assim, se nos últimos tempos você se sentiu criticado, tenso, triste, angustiado, temeroso, rejeitado, ignorado, inútil, sem importância, sem controle de sua vida, isolado, culpado pelo que acontece, forçado a se mostrar feliz para fazer o outro feliz, deixando de lado os seus gostos e interesses para agradar ou evitar uma briga, é porque o seu relacionamento não está indo bem.

É verdade que um pouco de tudo isso pode acontecer em determinados momentos de um relacionamento, mas isso se torna um problema quando passa a ser a regra, e não a exceção. Portanto, se você se sentir assim duas ou três vezes por semana ou durante meses, você precisa começar a analisar, em detalhes, o seu relacionamento e o que ele te traz. Agir o quanto antes pode levar a bons resultados. Por outro lado, se você ficar de braços cruzados, esperando que a resposta caia do céu, tudo pode acabar muito mal.

A ideia não é semear o terror nem dizer que necessariamente haverá um desfecho trágico. Porém, é bom que você pare de negar os problemas apenas para evitar a dor que uma separação pode causar. Muitas pessoas cometem esse erro, “acostumando-se” a um relacionamento doentio, agarrando-se à lembrança de uma boa atitude por parte do outro. Porém, dessa forma, essa situação nunca será resolvida. Muito pelo contrário: ela vai piorar.

Se o seu parceiro frequentemente te ridiculariza diante de seus amigos ou familiares; se ele critica ou zomba de você por tudo que você faz; se ele te insulta ou diz palavras ofensivas para você; se ele te manipula com ameaças, mentiras, com o silêncio ou com frases inacabadas; se ele nunca reconhece quais são as suas qualidades; se ele usa expressões corporais ou faciais para te assustar; se ele se opõe que você veja seus entes queridos; se ele não permite que você faça o que você gosta; e, finalmente, se ele usa demonstrações de afeto depois de algo ruim, você está diante de uma situação de abuso e é vital que você tente detê-la, se não quiser se arrepender no futuro.

Foi provado que os abusos aumentam se nada for feito a respeito. Isso não significa que o seu parceiro seja uma má pessoa, um assassino ou um ogro. Porém, talvez ele não perceba o que diz ou o que acaba causando em você. Por mais que ele te faça milhares de promessas de que vai mudar, mas volte aos mesmos argumentos de que foi “porque você me deixou nervoso”, “porque você não me escuta”, “porque eu bebi demais”, tenha em mente que você pode acabar sendo responsável se as coisas forem de mal a pior. Com isso, a ideia não é “diminuir” a culpa do agressor, mas você deve evitar que a situação se agrave.

Identificar um relacionamento abusivo e cortá-lo a tempo é uma das coisas mais difíceis que podem nos acontecer, pois existe uma relação muito próxima com a outra pessoa. E, se adicionarmos também a manipulação, tudo fica ainda pior. O abusador ou agressor pode até mesmo gostar do comportamento que tem, por isso é muito difícil que ele possa mudar. Ele sempre tentará justificar o que faz, uma vez que está convencido de que está certo ou de que a outra pessoa “pediu”.

Abuso emocional: um flagelo da sociedade

Há mais casos de violência doméstica do que se pensa ou aparece na mídia. E nem sempre se trata de abuso físico, como é o caso dos espancamentos. O abuso emocional é o mais perigoso porque é mais profundo do que um tapa na cara ou um soco. Talvez você conheça pessoas que estejam passando por essa situação mas não saiba disso porque não é algo tão “visível” quanto aparecer com um hematoma no olho. O abuso emocional prejudica a pessoa enormemente e, em muitos casos, essa lesão pode ser permanente. É por isso que se diz que ele é mais perigoso do que o abuso físico.

Brigas e discussões nem sempre são sinônimos de violência. Afinal, não há casais que nunca discutem e, se isso acontecer, é preciso se preocupar, uma vez que é impossível estar de acordo 100% das vezes. No entanto, em relação à violência emocional, ela vai além de uma discussão por causa dos gastos, finanças ou filhos. Trata-se de algo mais profundo, que atinge as profundezas do coração e aí se instala.

Isso ocorre porque a pessoa que recebe essa violência vai mudar sua atitude, seu estilo de vida, seus costumes, tudo para agradar o parceiro. Diante dela, há alguém que assusta, anula, insulta, humilha, etc. Identificar um relacionamento abusivo e o abuso emocional é difícil. Porém, há alguns sinais claros, tais como: baixa autoestima, depressão, angústia constante sem motivo aparente, isolamento de pessoas próximas, sentimentos de vergonha, auto-aversão, medo, insegurança, culpa, atitude de passividade ou complacência extrema, negação do problema, não aceitar ajuda profissional, mentir, recorrer a um vício, etc.

Lembre-se de que reconhecer o abuso é o primeiro passo para eliminá-lo. Por isso, não deixe o tempo passar. Procure ajuda, não aceite uma culpa que não é sua, não se responsabilize pelos erros alheios, não se deixe manipular e não caia na “chantagem emocional”.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.