Como parar de chorar?

É sempre mais importante liberar as emoções do que parar ou reprimir o choro. No entanto, por vezes precisamos parar de chorar para controlar a situação e pensar no que está acontecendo. A seguir mostraremos como fazer isso.
Como parar de chorar?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O choro emocional é um comportamento instintivo que favorece a liberação do estresse e o gerenciamento dos estados como tristeza, pesar, raiva, angústia, colapso emocional, etc. Poucos comportamentos são mais catárticos, mas ao mesmo tempo socialmente desaprovados.

A pessoa que chora é vista como fraca e emocionalmente instável. Talvez por essa razão muitas vezes tenhamos necessidade de parar, de interromper esta reação fisiológica. Também pode ser o fato de que alguém, por causa da própria personalidade, tende a chorar por quase tudo, incluindo aspectos mínimos e sem importância. Portanto, é admissível que em algum momento nos encontremos na posição de querer parar de chorar e não saber como.

Como disse o escritor CS Lewis, chorar é bom à sua maneira enquanto dura. No entanto, sempre chega um momento em que devemos parar para decidir o que fazer com o que está acontecendo conosco. Saber o que está por trás dessa reação psicofisiológica é essencial.

Mulher se perguntando como parar de chorar.

Por que não podemos parar de chorar às vezes?

Às vezes vivemos momentos em que choramos por tudo e por nada. Essa reação emocional tem uma origem, um gatilho que é melhor esclarecer e compreender. Não podemos optar por reprimir esse mecanismo, nos concentrando em parar de chorar como quem coloca um curativo sem primeiro curar a ferida.

Essa resposta fisiológica pode ter origens múltiplas, estados e até distúrbios psicológicos que devem ser esclarecidos.

Razões existentes por trás do choro

Geralmente as causas que orquestram essas situações podem ser as seguintes:

  • Uma ansiedade mantida ao longo do tempo, que vai gradualmente levando ao desamparo e à percepção de que não podemos fazer nada em relação ao que nos acontece.
  • Alterações hormonais. Condições como as associadas a distúrbios da tireoide podem explicar essas mudanças de humor.
  • Esgotamento físico e mental.
  • Luto (perda de entes queridos, colapsos emocionais, etc.).
  • Transtornos de humor e personalidade.
  • Estresse.
  • Traços de personalidade como ser excessivamente empático.

“Quando quero chorar, não choro… e às vezes choro sem querer”.

-Ruben Dario-

3 técnicas básicas para parar de chorar

Água, proteínas, glicose, sal… Diz-se que as lágrimas têm quase tantos componentes quanto o plasma sanguíneo. É quase como o “sangue” invisível das nossas emoções, um material que nos torna humanos embora existam animais que também têm a capacidade de expressar uma forma de choro, de acordo com os especialistas.

Desta forma, embora saibamos que muitas vezes o choro pode incomodar, deixá-lo fluir não dói, liberta. No entanto, às vezes precisamos interromper esse comportamento e com isso nos perguntamos como parar de chorar. Cabe notar que existe pouca literatura científica sobre como fazer isso de forma eficaz.

No entanto, trabalhos como os realizados na Universidade de Oxford e na Universidade de Konstanz se aprofundaram neste assunto. Eles destacaram que existem dois tipos de técnicas: as focadas na emoção subjacente e as focadas no ato de chorar propriamente dito. Para o nosso caso, nos aprofundaremos nessas duas ferramentas e em algumas outras. Elas serão analisadas a seguir:

Técnicas cognitivas: pensamentos que gerenciam emoções

Para aqueles que estão se perguntando como parar de chorar, é apropriado começar pelos recursos cognitivos, ou seja, focar nos nossos pensamentos e recorrer a estratégias mentais. Para fazer isso será útil nos fazermos as seguintes perguntas:

  • Por que eu quero parar de chorar? Às vezes o estigma social que nos cerca faz com que optemos por reprimir o choro. Se este for o nosso caso, se quisermos sufocar o choro para não chamar a atenção, é recomendável dizer o seguinte para nós mesmos: “Eu me contenho para não chorar para os outros agora, mas quando eu chegar em casa vou desabafar livremente e intimamente (eu escolho adiar o choro)”.
  • Tenho motivos reais e razoáveis para chorar? Às vezes é bom nos aprofundarmos nos motivos pelos quais estamos chorando para questioná-los e passá-los pelo filtro da realidade.
  • Posso reavaliar o que sinto? É fato que às vezes a intensidade emocional é tão alta que demora um pouco para pensarmos com clareza. No entanto, pode ser útil reavaliar os pensamentos para dar a eles uma abordagem mais rigorosa: “É verdade que este assunto me preocupa, mas se eu me acalmar poderei pensar com clareza e tomar melhores decisões”.

Técnicas comportamentais: atitudes que desviam a emoção

As estratégias comportamentais que visam a desviar as emoções serão de grande ajuda para aqueles que se perguntam como parar de chorar, já que é sempre apropriado nos conectarmos com o que sentimos para administrar essa situação de forma aprofundada.

Vejamos alguns recursos simples que podem ser de grande ajuda:

  • Um recurso comportamental simples e eficaz que segundo Vingerhoets et al. é eficaz para parar de chorar é mudar a situação em que nos encontramos. Se estamos no trabalho, podemos ir para o corredor tomar um café. Se estamos em uma biblioteca, podemos sair para tomar um pouco de ar.
  • A distração é outra resposta adequada: pegar o celular para ouvir uma música, usar bonecos antiestresse, ligar para alguém ou praticar esportes pode ajudar.
  • A respiração profunda ou diafragmática é muito adequada em situações de alta intensidade emocional.
  • Sair para caminhar.
  • Tomar água também pode ajudar a reduzir o nó na garganta que surge durante o choro.
  • Pegar lápis e papel para escrever ou apenas limpar a mente deixando a mão rabiscar ou desenhar pode ser útil.
Mulher pensando em como parar de chorar.

Técnicas emocionais para se conectar com a raiz do problema

As técnicas mencionadas anteriormente para parar de chorar podem servir como remendo em um momento específico. No entanto, elas tornarão mais fácil resolver o problema raiz ou gatilho. Precisamos recorrer a estratégias psicoemocionais para entender o motivo dessa reação, administrar a emoção que a causa e aplicar mudanças para melhorar o nosso bem-estar.

O ideal é entender que as lágrimas não são nossas inimigas, e deixar que elas surjam não nos torna fracos ou falíveis. Na verdade elas são as aliadas da catarse emocional. No entanto, quando elas cessam começa o verdadeiro trabalho: solucionar o que dói. Portanto, é aconselhável recorrer a uma estratégia emocional como as seguintes:

  • Valide o que você sente: as sensações e emoções que você experimenta são aceitáveis, não as reprima. Ofereça espaço e aceitação a elas.
  • Agora visualize essas emoções à distância, como se estivesse olhando para elas em uma tela de cinema. O que está por trás delas? Por que elas estão lá? O que elas querem te dizer? Não se julgue em nenhum momento.
  • Racionalize. O que você pode fazer para se sentir melhor? Que mudança você pode fazer a curto e longo prazo para melhorar essa situação?

Para concluir, é fato que, quando nos afogamos em um mar de lágrimas, queremos interromper esta situação o mais rápido possível. No entanto, somente quando nos permitimos navegar nas nossas emoções é que aprendemos a assumir o comando e somos capazes de recuperar o controle.


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