A comunicação dos bebês com os adultos
A crença mais comum é a de que os bebês não podem se comunicar com o mundo antes do primeiro ano de vida. Segundo essa ideia, a comunicação dos bebês com os adultos seria inexistente durante seus primeiros 12 meses. Novos estudos, no entanto, estão demonstrando que é possível que exista sim uma comunicação.
Os resultados dos estudos sugerem que os bebês nascem com uma capacidade inata de comunicação. Essa capacidade é chamada de intersubjetividade.
A comunicação dos bebês com os adultos, evidentemente, não é um diálogo, mas sim protoconversas. As reações dos bebês e dos pais podem ser consideradas conversas quando as reações não são meros reflexos instintivos. Isso é, quando a participação do bebê é ativa. O bebê reconhece as experiências e reage a elas.
Nesse contexto, os bebês teriam um certo grau de consciência de que estão compartilhando experiências.
A (não) comunicação dos bebês
Uma parte da comunidade científica que estuda a comunicação dos bebês não considera que exista a intersubjetividade até que o bebê tenha entre nove meses e um ano. Por outro lado, há também os que defendem uma capacidade inata dos bebês para as interações subjetivas.
A dificuldade reside em saber se as interações entre os bebês e seus cuidadores servem para comunicar e conectar experiências subjetivas.
Para aqueles que negam a intersubjetividade dos bebês, não pode existir a comunicação até que os bebês consigam entender que as outras pessoas também podem ter experiências. Isso ocorre apenas aos nove meses de idade, e um pouco mais adiante, aos 14 meses, os bebês começam a usar protodeclarativos: o bebê aponta um objeto e, mediante o direcionamento do seu olhar, comprova que o adulto compartilha com ele a atenção para o objetivo assinalado.
Esses protodeclarativos permitem entender que os bebês nessa idade já são capazes de inferir a intencionalidade em outras pessoas. Mas como comprovar a mesma coisa antes de surgirem esses protodeclarativos?
Os bebês se comunicam
Como vimos anteriormente, outros autores consideram que existe uma intersubjetividade, uma capacidade inata que permite que os bebês comuniquem suas experiências subjetivas já desde as primeira semanas de vida.
Para chegar a essa afirmação, destacam que os bebês não precisam de elaborações cognitivas ou simbólicas para se comunicar. Os bebês fariam uso, assim, de emoções e da interação para comunicarem algo. Dessa forma, o bebê seriam capaz de trocar experiências com seus cuidadores.
Ainda que a intersubjetividade possa parecer bastante lógica a partir de um ponto de vista teórico, a ciência demanda que ela seja comprovada de forma experimental. Aquestão é demonstrar que as trocas de expressões, as emoções, os gestos, as vocalizações e os balbucios dos bebês podem ser considerados como uma forma de comunicação.
Para comprovar isso, esse estudo – em espanhol – analisou de forma aprofundada as variações nas expressões de crianças entre os dois e os seis meses de idade, assim como de seus cuidadores.
O que descobriram?
Os resultados sugeriram que as expressões faciais coincidem, existindo uma sintonia entre a intensidade emocional dos bebês e dos pais. Além disso, também foi visto que os bebês não só respondem às ações da mãe, mas também provocam suas respostas.
Ao que parece, os bebês têm a capacidade de participar de uma conversação em turnos, como se fosse uma conversa propriamente dita. Por outro lado, outros experimentos comprovaram que quando um adulto interage com um bebê e para repentinamente, o bebê fica esperando a reação do adulto. Inclusive, se essa reação não aparece, os bebês começam a se irritar e reclamam por uma resposta.
Os resultados comentados acima são consistentes com a possibilidade de que as protoconversas sejam consideradas uma forma de comunicação. Seriam os primeiros diálogos nos quais os bebês se envolvem.
Segundo os resultados, os bebês percebem a atenção quando um adulto olha para eles, além da motivação emocional nos gestos dos adultos. Ou seja, sentem a intenção do cuidador de se comunicar e respondem, como consequência, a essa intenção. Dessa forma, a comunicação dos bebês pode ser considerada inata.