O conselho de Aristóteles sobre como ser feliz

Aristóteles não dedicou seu trabalho apenas à ciência, mas também ao estudo das virtudes humanas, como a educação, e ainda desenvolveu uma série de noções sobre como ser feliz.
O conselho de Aristóteles sobre como ser feliz
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 18 maio, 2024

Aristóteles é um dos pensadores gregos mais reconhecidos de seu tempo. Suas reflexões sobre a vida e o mundo continuam a gerar curiosidade. Nesse sentido, um dos temas que esse filósofo abordou foi a felicidade e, mais especificamente, como ser feliz. É um estilo de vida que propõe uma forma de viver que permite ao indivíduo se sentir realizado. Mas sem prejudicar os outros ou a si mesmo.

Se você estabeleceu como meta ser feliz, pode estar interessado em conhecer a visão aristotélica. Você pode aprender uma ou duas coisas que o ajudarão a progredir no caminho da autorrealização.

As 10 dicas de Aristóteles sobre como ser feliz

Na Grécia Antiga, os professores ou filósofos se preocupavam em formar o carácter dos seus alunos. Ou seja, eles não apenas ensinavam sobre ciência ou religião, mas também sobre como se tornarem bons cidadãos. Dessa forma, cada pensador teve sua maneira de conceber temas relacionados à vontade, ao amor, ao ódio, à felicidade, etc.

Normalmente, esses professores ficavam divididos entre dois extremos quando se tratava de felicidade. Alguns professavam que para ser feliz é preciso dar livre curso a todos os prazeres possíveis. Outros diziam que esse estado era alcançado convivendo apenas com o necessário e esquecendo os excessos.

Contrariamente a essa posição, Aristóteles tinha uma visão diferente sobre como ser feliz e alcançar a “eudaimonia” ou plenitude. Em sua obra Ética a Nicômaco, o filósofo explica que a felicidade é obtida através do desenvolvimento de uma série de virtudes. Em outras palavras, a plenitude vem através da atitude.

Segundo o autor, a chave é o equilíbrio, saber encontrar um ponto médio entre os extremos. Você não pode cair no hedonismo ou no prazer desenfreado, mas também não deve reprimir o desejo. A seguir, falaremos sobre as 10 virtudes que Aristóteles recomendou cultivar para ser feliz.

Mulher feliz

1. Modéstia

Para Aristóteles, a modéstia era o equilíbrio entre ter um ego inflado e o ódio por si mesmo. Uma pessoa modesta reconhece suas fraquezas, mas também é capaz de enxergar seus pontos fortes e tirar vantagem deles. Ou seja, para ser feliz é importante ter uma boa autoestima.

Wani e Dar (2017) publicaram um trabalho sobre a relação entre autoestima, otimismo e felicidade em estudantes universitários. Os resultados revelam uma forte correlação entre o grau de autoestima, felicidade e otimismo. Assim, pode-se afirmar que desenvolver uma percepção realista e gentil do próprio ser é essencial para o bem-estar.

2. Honestidade

Outra parte importante de como ser feliz é a autenticiadade. Um indivíduo completo deve sempre se expressar com a verdade, sem deixar de lado a gentileza ao se expressar. Novamente, Aristóteles define um ponto intermediário: nem mentira nem agressão.

3. Sociabilidade

Para o ser humano, o convívio é tão natural e necessário quanto comer ou dormir. Desde o momento em que nascemos precisamos de um círculo sólido de apoio social ao nosso redor.

Em um estudo, Tacca, Cuarez e Quispe (2020) avaliaram a relação entre autoestima, autoconceito e habilidades sociais em estudantes peruanos do ensino médio. Os resultados revelam que existe uma correlação positiva entre o grau de sociabilidade e a autoestima. Em resumo, ter a capacidade de criar laços sociais está associado a um maior bem-estar.

Porém, isso não significa que todos os relacionamentos que alguém mantém sejam benéficos. Sabe-se que os vínculos também podem ser prejudiciais. Nesse caso, o equilíbrio está em saber escolher com quem estabelecer vínculos e cultivá-los com empatia e gentileza.

4. Decoro

Por um lado, existem pessoas que se deixam dominar pela timidez e se abstêm de fazer qualquer coisa por medo. No outro extremo, estão os indivíduos que não têm consideração pelos outros e agem de forma insolente.

Depois, no ponto intermediário está o decoro, onde a pessoa persegue seus objetivos sem atropelar ninguém. Essa capacidade é possuída por pessoas que exigem respeito e, por sua vez, concedem-no aos outros.

5. Justiça

Quem quer saber como ser feliz precisa desenvolver um senso equilibrado de justiça. Seguindo essa linha, você não pode perder completamente o interesse pelos outros, mas também não pode esquecer de si mesmo.

Por exemplo, se a pessoa está envolvida em um crime com outra, não é justo assumir toda a culpa se houver um terceiro participante.

6. Autocontrole

As emoções são uma parte essencial da humanidade e aprender a processá-las é uma forma de alcançar a realização. Portanto, não é positivo reprimir quaisquer sentimentos, embora seja igualmente negativo que eles assumam o controle.

Para ilustrar, imagine que alguém o magoa emocionalmente. Nessa situação, é normal você ficar com raiva. Deixe a emoção aparecer. Agora, o importante é o que você faz com isso.

Nesse mesmo sentido, Cheung et al. (2014) realizaram pesquisas sobre autocontrole e felicidade. Como resultado, descobriram que altos níveis de autocontrole estão associados a maior felicidade. Os autores sugerem que haveria uma variável moduladora no meio: o foco na realização.

7. Tolerância

Existe um meio termo entre ser indulgente e intransigente: a tolerância. De acordo com Aristóteles, descobrir como perdoar ajuda. No entanto, isso não significa deixar que outros nos machuquem. Resumindo, você pode tolerar os erros dos outros sem esquecer o respeito próprio.

8. Generosidade

Se você quer aprender a ser feliz, tente encontrar o equilíbrio entre o egoísmo e o altruísmo. Para Aristóteles, essa virtude era a generosidade e consistia em ajudar os outros levando em consideração a si mesmo. Em termos simples, trata-se de ser caridoso, mas não a ponto de dar tudo sem receber nada em troca.

pessoa ajudando outra

9. Graça

Uma personalidade feliz sabe se divertir, sabe usar o senso de humor para enfrentar a tragédia. Ao mesmo tempo, entende que há circunstâncias em que não há espaço para risos e age com seriedade. Dessa forma, a graça tem a ver com ser uma companhia agradável para os outros.

10. Força

Permitir que o medo o paralise pode se tornar um obstáculo para avançar em seu caminho para a plenitude. Porém, agir impulsivamente sem medir as consequências de seus atos não costuma trazer consequências agradáveis.

Seguindo esse fio, alguém forte em recursos poderá correr mais riscos, o que não significa que não existam certas situações que possam torná-lo vulnerável.

Para concluir, os ensinamentos de Aristóteles sobre como ser feliz são uma importante contribuição para a filosofia humana. Esse pensador mudou a perspectiva de que a felicidade era algo que poderia ser buscado, e não uma atitude. Da mesma forma, destacou a importância do equilíbrio para encontrar a realização.


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  • Cheung, T. T., Gillebaart, M., Kroese, F., & De Ridder, D. (2014). Why are people with high self-control happier? The effect of trait self-control on happiness as mediated by regulatory focus. Frontiers in psychology, 5, 722.
  • Tacca Huamán, D.R., Cuarez Cordero, R, & Quispe Huaycho, R. (2020). Habilidades Sociales, Autoconcepto y Autoestima en Adolescentes Peruanos de Educación Secundaria, International Journal of Sociology of Education, 9(3), 293-324.
  • Villalobos, H. P. (2019). Autoestima, teorías y su relación con el éxito personal.
  • Wani, M., & Dar, A. A. (2017). Optimism, happiness, and self-esteem among university students. Indian Journal of Positive Psychology, 8(3), 275-279.

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