O contato físico pode combater o estresse e a tristeza

O contato físico e as relações sociais possivelmente representam um fator importante a ser levado em consideração para que nosso cérebro permaneça saudável e para que a função cognitiva não se deteriore.
O contato físico pode combater o estresse e a tristeza
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Na sociedade atual, há cada vez mais atividades que envolvem o contato físico direto, e muitas vezes elas são rejeitadas ou plenamente assumidas, dependendo da pessoa em questão. Desse fato surge uma pergunta: por que é impossível ou incômodo para algumas pessoas entrarem em contato com outras? Ou, pelo contrário, por que os outros acham isso tão fácil? (SalgadoEslava, Montes, & Mariño, 2003).

Ninguém pode duvidar da grande importância comunicativa e expressiva que o contato físico entre as pessoas tem em nossa sociedade. Em 1969, Hall falou dessa importância em relação ao uso do espaço pelo ser humano, e destacou como a falta de contato físico pode alterar o crescimento físico e mental de um bebê.

Um estudo de cientistas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, concluiu que as pessoas precisam receber abraços e carícias desde o momento em que nascem, pois o contato físico desempenha um papel muito importante no desenvolvimento dos neurônios.

O contato físico com uma pessoa por quem sentimos carinho faz com que nosso corpo libere  ocitocina e dopamina, neurotransmissores que combatem o estresse e a tristeza, produzindo uma sensação de bem-estar. Dar ou receber um abraço também aumenta nossos níveis de serotonina, para que possamos melhorar o nosso humor.

“Abraçar é estreitar sem se afogar.”
– Simon Pegg-

Casal se abraçando

O valor físico e emocional do contato

O contato ativa uma série de mecanismos fisiológicos que contribuem para o nosso bem-estar emocional. Especificamente, diminui a produção de cortisol, um hormônio relacionado ao estresse, e aumenta a produção de ocitocina, um hormônio relacionado ao afeto. Também aumenta os níveis de serotonina, produzindo um efeito relaxante, além de diminuir a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Abraçar ou ficar de mãos dadas por pelo menos dez minutos pode reduzir os efeitos físicos prejudiciais do estresse, conforme indica um estudo realizado por especialistas da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (Estados Unidos).

Outras pesquisas verificaram que o contato ativou a área do córtex cerebral. Esta região tem tudo a ver com sentimentos de conformidade e confiança. A partir desses resultados, concluiu-se que aqueles que interagem com outras pessoas por meio do toque são percebidos como mais sinceros e confiáveis.

O tato é subvalorizado, mas é um dos sentidos essenciais para podermos sobreviver, principalmente em tenra idade, já que as carícias e o contato quando somos bebês são tão importantes e tão básicos quanto comer ou dormir. Progressivamente, deixamos de precisar de contato físico para nos conformarmos com o contato visual do outro.

Em suma, o contato físico favorece o sistema imunológico, reduz o estresse e induz o sono. Para a nossa saúde física e mental, ele é imprescindível, além de uma forma de comunicação com os outros.

“Pessoas que fingem afeto vão dar tapinhas nas costas para encerrar o abraço, assim como os lutadores; pessoas sinceras vão te abraçar com força”.
-Allan Pease-

A solidão altera o nosso cérebro

A solidão altera o nosso cérebro

Até agora, sabia-se que a solidão extrema pode causar depressão, ansiedade, demência e psicose, entre outros transtornos. No entanto, um novo estudo nos permite ver um dano extra e mais perigoso que a solidão causa em nosso cérebro. Os pesquisadores usaram um grupo de ratos – que são animais sociais, como nós – e os colocaram em um recinto cheio de brinquedos, labirintos e outras distrações, e em isolamento social.

De acordo com os resultados publicados na revista Neurobiology of Learning and Memoryesse isolamento social causou nos roedores uma redução no volume do hipocampo, região do cérebro essencial para o aprendizado e a memória.

Embora as descobertas não possam ser extrapoladas para humanos, os pesquisadores sugerem alguns paralelos possíveis. Esta pesquisa pode indicar que o contato físico e as relações sociais possivelmente representam um fator importante a ser levado em consideração para que nosso cérebro permaneça saudável e para que a função cognitiva não se deteriore.

O mesmo estudo concluiu que a solidão prolongada na idade adulta provoca distúrbios cerebrais e déficits de aprendizagem. O isolamento social na idade adulta é um estressor psicossocial que pode resultar em distúrbios endócrinos e comportamentais em diferentes espécies.

É importante que não nos esqueçamos desses dados e que tenhamos em mente que, cada vez que abraçamos alguém de verdade, ganhamos qualidade de vida.


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  • Hall, D. (1969). Hall, D., 1969, Bull. A.m. Astron. Soc. 1, 345. Toro. A.m. Astron. Soc. 1 , 345.
  • Pereda-Pérez, I., Popović, N., Otalora, BB, Popović, M., Madrid, JA, Rol, MA, y Venero, C. (2013). El aislamiento social a largo plazo en la edad adulta da como resultado la reducción de CA1 y el deterioro cognitivo. Neurobiología del aprendizaje y la memoria , 106 , 31-39.
  • Salgado López, J. I., Eslava Oriol, I., Montes Lasheras, J. M., & Mariño Pego, C. (2003). Factores a tener en cuenta en la enseñanza de tareas motrices que impliquen contacto físico. Revista de Educación Física.

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