Os seis sábios cegos e o elefante: um conto para aprender a valorizar a opinião dos outros

Você valoriza a opinião dos outros? Leva em consideração as perspectivas que são diferentes das suas? O conto que apresentamos hoje nos convida a uma reflexão nesse sentido.
Os seis sábios cegos e o elefante: um conto para aprender a valorizar a opinião dos outros
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 13 abril, 2023

Nem sempre é fácil valorizar a opinião dos outros porque, quando ela se choca com a nossa, costumamos dar prioridade e maior veracidade ao que acreditamos ser certo.

Isso faz com que nos tornemos pessoas intransigentes e que nos neguemos a analisar a maneira como os outros percebem a realidade. Em vez de nos enriquecer, essa situação nos empobrece. Entre outros motivos, se agimos assim é porque, embora neguemos, gostamos de ter razão.

No entanto, como bem expõe uma citação no artigo Relación entre dos conceptos: información, conocimiento y valor. Semejanzas y diferencias (Relação entre dois conceitos: informação, conhecimento e valor. Semelhanças e diferenças, em tradução livre), “só se pode ter razão quando se corre o risco de errar”.

Para poder abrir os olhos diante dessa atitude tão generalizada, hoje vamos apresentar um conto que nos ajudará a valorizar as opiniões dos outros com o conhecimento resultante de seu contexto. Para isso, convidamos você a fazer a leitura com atenção.

Elefante em seu habitat

O conto dos seis sábios cegos e um elefante

Era uma vez seis sábios homens que viviam em uma pequena aldeia. Os seis eram cegos. Um dia, alguém levou um elefante à aldeia. Diante dessa situação, os seis homens procuraram uma maneira de saber como era um elefante, já que não podiam vê-lo.

– Já sei – disse um deles. Vamos tocá-lo!

– Boa ideia – disseram os outros. Assim saberemos como é um elefante.

Dito e feito. O primeiro tocou uma das grandes orelhas do elefante. Ele a tocava lentamente, para frente e para trás.

O elefante é como uma grande leque – disse o primeiro sábio.

O segundo, apalpando as patas do elefante, exclamou: “é como uma árvore!”.

– Ambos estão equivocados – disse o terceiro sábio e, após examinar a cauda do elefante, exclamou: O elefante é como uma corda!

Logo em seguida, o quarto sábio que estava apalpando a presa do animal, gritou: “O elefante é como uma lança!”

– Não, não! – gritou o quinto. É como um muro alto! (o quinto sábio testava apalpando as costas do elefante).

O sexto sábio esperou até o final e, segurando com a mão a tromba do elefante, disse: “Vocês estão todos errados, o elefante é como uma cobra”.

– Não, não. Como uma corda.

– Cobra.

– Um muro.

– Vocês estão errados.

– Eu tenho razão.

– Não!

Os seis homens se exaltaram em uma interminável discussão durante horas, sem entrar em um acordo sobre como era o elefante.

Para valorizar a opinião dos outros, é preciso escutar

Algo que podemos tirar desse conto é que, para valorizar as opiniões dos outros, é preciso aprender a escutar. Os seis sábios do conto não consideravam o que os seus colegas diziam, só afirmavam o que sentiam com suas próprias mãos. No entanto, estas eram apenas suposições.

Afinal, nenhum deles se aproximou da verdadeira imagem de como é um elefante, embora todos defendessem firmemente sua opinião. Isso, que pode parecer tão absurdo, acontece com frequência.

Certamente, todos eles tinham razão em suas percepções. No entanto, nenhuma delas correspondia à realidade. Além disso, nenhum deles foi capaz de valorizar a opinião dos outros.

A comunicação de diferentes opiniões

Como esse conto pode nos ajudar? Na próxima vez em que você estiver em uma situação em que tem uma opinião diferente das opiniões das pessoas ao seu redor, proponho que tente analisar a situação com base no ponto de vista delas.

Para isso, é imprescindível escutar, perguntar se não entender algo e, também, expressar a sua própria postura.

Isso não significa que os outros não possam estar errados, mas aprenderemos a ser conscientes de que cada um percebe a realidade de uma maneira diferente, com todos podendo ter uma parcela de razão.

De fato, como foi bem destacado no artigo La búsqueda de la realidad o de la verdad: una aproximación a partir de la teoría sociológica (A busca da realidade ou da verdade: uma aproximação a partir da teoria sociológica, em tradução livre), o Mito da Caverna Platão já afirmava que era possível existir diferentes interpretações de uma mesma realidade.

Influenciada por nossas experiências, valores e crenças, nossa forma de ver a realidade pode diferir bastante da dos outros. Mas isso significa que há algumas que são verdade e outras que não? A resposta é “não”.

Por isso, valorizar as opiniões dos outros permitirá nos enriquecer em vez de nos empobrecer defendendo nossa própria verdade que, como acabamos de ver no conto do elefante e dos seis sábios, provavelmente não é tão “precisa” quanto pensamos.

“A ideia de verdade se trata de uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos. […] Ao mesmo tempo, devemos nos lembrar de que a interpretação mental inclui crenças, valores e, em última instância, a consciência, porque pode nos enganar […] construindo uma verdade exclusiva para nós mesmos”.
-Josep Vidal-


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  • Vidal, J. (2013). La búsqueda de la realidad o de la verdad: una aproximación a partir de la teoría sociológica. Cinta de moebio, (47), 95-114.
  • Rendón Rojas, M. Á. (2005). Relación entre los conceptos: información, conocimiento y valor. Semejanzas y diferencias. Ciência da Informação34, 52-61.

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