Corrija o sábio e você será mais sábio, corrija o ignorante e ganhará um inimigo

Corrija o sábio e você será mais sábio, corrija o ignorante e ganhará um inimigo

Última atualização: 26 agosto, 2017

Na verdade, todos nós somos muito ignorantes. O que acontece é que nem todos nós ignoramos a mesma coisa nem somos capazes de reconhecer isso no mesmo grau. Concretamente, entendemos a ignorância como um conceito que indica falta de conhecimento ou de experiência. É exatamente essa falta de conhecimento/experiência que deixa o ignorante veemente e desconfiado, podendo se transformar em nosso inimigo se tivermos vivências ou conhecimentos diferentes.

Por outro lado, as pessoas sábias sabem que uma boa parte da sua virtude reside na consciência da ignorância, assim como postulado por Sócrates. Essa consciência da nossa ignorância é o que nos revela nossa finitude perante tal infinidade e nos concilia com a nossa natureza. Essas pessoas virtuosas se mantêm afastadas da rivalidade, por isso dificilmente vão se transformar em inimigos, ou amigos da cobiça e da confusão produzida pelos desejos desmedidos.

As pessoas que ignoram suas próprias limitações e as do seu conhecimento estão bloqueadas pela própria visão, sendo impossível uma comunicação assertiva com elas. Tudo o que não estiver dentro dos seus padrões será motivo de conflito, que poderá ser solucionado de qualquer maneira, menos por uma concessão sincera da sua parte.

“Os sábios buscam a sabedoria; os néscios acreditam tê-la encontrado.”

A ignorância ignorada se vangloria de conhecimento

A ignorância é tão atrevida que se vangloria de saber. O perfil das pessoas sabe-tudo e furiosas pode ser explicado pelo efeito Dunnig-Kruger. A Psicologia conhece esse efeito como a autopercepção inadequada. Ele faz referência às pessoas que costumam superestimar a quantidade de conhecimento que possuem, seja pela quantidade ou pela segurança com que transformam opiniões pessoais em fatos irrefutáveis.

Conversar com um ignorante

Essa falsa autopercepção foi descoberta no ano de 1999 por Justin Kruger e David Dunning, professores da Universidade de Cornell. Ambos os pesquisadores começaram analisando estudos nos quais se sugeria que em algumas situações a ignorância proporciona mais confiança que conhecimento. Especificamente, fazia-se referência a algumas atividades como dirigir veículos ou jogar xadrez e tênis.

A ignorância ignorada, por outro lado, é a mãe de muitos problemas. Um inimigo não costuma aparecer do nada, e um desses lugares inóspitos do qual pode aparecer é quando a pessoa amiga ou neutra se sente atacada ou desprestigiada, fruto da sua onipotente visão do seu conhecimento.

Se você perguntar: O que é a morte?

Responderão: “A verdadeira morte é a ignorância”.

Dessa forma… Quantos mortos entre os vivos!

A consciência de ser ignorante traz um grande presente: a curiosidade

Saber também é conhecer aquilo que ainda não sabemos e abrir a porta, a motivação, para conhecer. Nesse sentido, a humildade é a companheira de viagem adequada para a sabedoria. Temos que nos envergonhar menos de confessar a nossa ignorância, dessa maneira nossas chances de aprender serão muito mais frequentes. Isso é uma coisa que as crianças sabem bem: “O que é isso? O que é aquilo? Para que serve? Como funciona?”

Todo mundo é ignorante em algum tema

Grande parte da sociedade não conhece nem compreende como funciona nosso organismo e seus complicados processos químicos e biológicos. No entanto, em qualquer conversa desse tipo em público é difícil ouvir alguém confessar que é ignorante, nesse momento todos sabem quase tudo. Aqui se torna evidente “a ignorância da ignorância”, efeito que se produz quando ninguém quer ser um ignorante… como se isso fosse o pior que poderia acontecer.

Não esquecer que somos ignorantes forja uma chave de ouro em direção ao conhecimento e à sabedoria. Reconhecer a ignorância nos permite, além disso, compreender que o homem é um ser plástico. Portanto, quando algum inimigo nos classificar como ignorantes, não haverá razão para nos sentirmos ofendidos. Pelo contrário, poderemos agradecer a lembrança e incentivar a pessoa a nos ensinar ou a descobrir juntos, o que não deixa de ser outro processo fascinante.

A abundância de palavras e a ignorância predominam na maioria dos homens. Se você quiser se destacar da maioria inútil, cultive seu conhecimento e envolva-se nas nuvens do silêncio para dar uma chance à sua curiosidade.


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