Córtex associativo: características e funções

O córtex associativo integra os estímulos recebidos por meio de várias conexões, que estão ligadas a experiências, comportamentos e à discriminação e interpretação de experiências.
Córtex associativo: características e funções
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O cérebro é tão complexo quanto a própria vida. Cada uma de suas partes é importante e tem uma função, mas nenhuma poderia ser cumprida se as outras partes não estivessem conectadas a ele e entre si. Os vínculos entre as várias partes do nosso cérebro são, portanto, de vital importância. Um exemplo disso é o córtex associativo, que sem as ligações que estabelece, não poderia funcionar adequadamente.

O córtex associativo é uma parte fundamental do córtex cerebral para a nossa vivência do dia a dia. Graças a ele, podemos reconhecer várias formas, processar sons, compor uma melodia, ligar cheiros a memórias e degustar sabores, entre muitas outras funções.

Especificamente, essa área cortical é responsável por integrar o que percebemos, de forma que dá sentido ao que recebemos sensorialmente, também conhecido como input sensorial.

A seguir, exploraremos essa incrível parte do cérebro, uma das mais modernas filogeneticamente.

Imagem do cérebro humano

O que é o córtex associativo?

O córtex associativo, que juntamente com outras áreas compõe o córtex cerebral, é a parte mais externa e mais visível do córtex. A sua principal função é vincular entre si as informações que vêm de diferentes regiões do cérebro e, portanto, é responsável por integrar as informações que vêm dos nossos sentidos.

Como funciona?

Por meio das diferentes conexões que possui, o córtex associativo integra os estímulos que recebemos e facilita a interpretação do que nos acontece. Ele faz isso conectando-se a um sistema sensorial ou a vários sistemas simultaneamente.

Portanto, o córtex associativo é uma espécie de tradutor: ao receber informações diferentes, ele as transforma em uma linguagem capaz de ser computada e compreendida no cérebro e no nível cognitivo.

O resultado final é a transformação de toda esta informação recebida numa percepção concreta e definida referente ao nosso meio interno ou externo. Impressionante, não é mesmo?

Quais são as regiões do córtex associativo?

Este córtex é multissensorial por natureza. É capaz de associar diferentes sensações entre si e associá-las, por sua vez, com as áreas motoras. Para isso, conta com as seguintes áreas:

  • Córtex auditivo associativo: é responsável pela percepção e reconhecimento dos sons. Portanto, para a interpretação dos sons é necessária a sua vinculação com outras áreas. Além disso, a sua estimulação pode nos fazer lembrar de músicas do passado.
  • Região associativa do lobo da ínsula: é responsável por integrar as informações relacionadas ao paladar. Além disso, ele tem funções sensíveis relacionadas ao olfato e é responsável por várias funções autonômicas, entre outras tarefas.
  • Área associativa vestibular: nos permite apreciar as posições do corpo e os movimentos da cabeça no espaço. Da mesma forma, está relacionado à função sensório-motora de equilíbrio.
  • Zona visual associativa: relaciona as informações visuais que recebe aos registros de experiências visuais anteriores. Isso nos permite reconhecer ou lembrar o que está sendo visto.
  • Áreas associativas da linguagem: essas áreas são divididas em duas: Wernicke e Broca. A primeira trata de relacionar sons com conceitos – favorece a compreensão da linguagem. A segunda é essencial para a geração motora da linguagem falada.
  • Zona associativa parieto-têmporo-occipital: é responsável por vincular as informações visuais, as proprioceptivas e táteis. Desta forma, integra os conceitos de forma, tamanho e textura. Além disso, está relacionada à percepção da imagem corporal com a consciência do esquema corporal.
  • Córtex pré-frontal associativo: se localiza na frente do córtex motor e está relacionado ao controle do comportamento e das funções executivas como, por exemplo, a tomada de decisões e o planejamento. Também é importante para a expressão da linguagem.
  • Área associativa límbica: juntamente com a parieto-têmporo-occipital e a pré-frontal, constitui as três grandes áreas de associação. É responsável por integrar as informações do sistema límbico, ou seja, nos ajuda a captar e compreender as emoções e vinculá-las às memórias.

As regiões do córtex associativo também podem ser classificadas como unimodais e polimodais: as primeiras são adjacentes às principais áreas sensoriais e são responsáveis ​​pelo processamento da informação em um único sentido ou pelo desempenho de uma única função. Por outro lado, estes últimos são encarregados de integrar várias informações de diferentes sentidos e desempenhar várias funções.

Patologias associadas ao córtex associativo

Os danos ao córtex associativo são de natureza grave. Por isso, geralmente provocam uma deficiência significativa na pessoa afetada.

Vejamos algumas das patologias que podem derivar do seu dano ou mau funcionamento:

  • Agnosias: trata-se da impossibilidade de reconhecer objetos por meio de um sentido. Pessoas com agnosia visual são incapazes de reconhecer um objeto que veem perfeitamente bem à sua frente.
  • Apraxias: incapacidade de realizar tarefas ou movimentos sob uma ordem ou por sua vontade, desde que envolva uma sequência ordenada de movimentos.
  • Afasia: transtorno de linguagem em que existe uma incapacidade ou dificuldade para se comunicar ou compreender.
  • Dificuldades emocionais e cognitivo-comportamentais: a lesão pode impossibilitar ou dificultar a expressão das emoções, além de provocar uma alteração da personalidade e problemas para entender ordens, planejar ações e executá-las.
Afasia

Oliver Sacks

Um autor especialista neste assunto que não deve ser esquecido é Oliver Sacks. Ele era um neurologista e divulgador que publicou trabalhos imortais baseados na ciência relacionados à neurologia.

Os seus livros ajudaram e ainda ajudam o público não especializado a compreender a complexidade do cérebro. Devemos nos aprofundar em suas obras, pois nelas o autor relata com humanidade e com detalhes problemas neurológicos dramáticos, e entre eles, alguns relacionados ao córtex associativo.

Ele escreveu, por exemplo, “O homem que confundiu sua esposa com um chapéu”. É um livro no qual ele conta a história do Doutor P., um músico que afirmava ter problemas de visão. Após examiná-lo, o Dr. Sacks o viu tentando encontrar seu chapéu depois de terminar a consulta… E o que ele fez? Segurou a mão da esposa tentando colocá-la na cabeça como se fosse um chapéu!

A partir das suas observações, Sacks foi capaz de deduzir que o problema era com o cérebro, e não com a visão. Tratava-se, portanto, de um caso peculiar de agnosia, que não permitia ao doutor P. reconhecer rostos humanos pelo sentido da visão. Surpreendente, não é mesmo? Este foi o primeiro caso relatado de prosopagnosia.

O córtex associativo é um exemplo claro da imensa complexidade do cérebro. Através das suas conexões, nos faz avaliar a informação e permite que ela seja mostrada de forma consciente.

Além disso, o córtex associativo gerencia a comunicação entre diferentes sentidos para que possamos compreender os estímulos ambientais de forma integrada. Uma tarefa muito difícil – mas estritamente essencial – do nosso dia a dia.


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  • Sacks, O. (2016). El hombre que confundió a su mujer con un sombrero.  Barcelona: Anagrama
  • Scott. L, Dawson,V.L,m & Dawson, T.M (2017). Trumping neurodegeneration: targeting common pathways regulated by autosomal recessive Parkinson’s disease genes. Experimental neurology, pp.191-201.

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