O criminoso do colarinho branco: características e traços psicológicos

O criminoso do colarinho branco é muito perigoso por causa da sua capacidade de beber das fraquezas do sistema, prejudicando direta ou indiretamente muitas pessoas.
O criminoso do colarinho branco: características e traços psicológicos
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 15 outubro, 2021

O conceito de crime do colarinho branco foi cunhado pelo sociólogo Edwin Sutherland em 1939. Ele basicamente o definiu como o crime econômico cometido por um credor profissional contra uma corporação. Hoje, falaremos especificamente sobre a figura do criminoso do colarinho branco.

Não é fácil entender por que alguém em uma posição financeiramente confortável é capaz de cometer crimes econômicos que prejudicam muitas pessoas. Se suas necessidades são atendidas, por que fazer isso? Também é difícil entender a reação de grande parte da sociedade, que classifica este ato como um simples excesso de ambição.

É importante notar que esses tipos de crimes foram cometidos desde os tempos antigos na maioria das sociedades que nos precederam. Como resultado de diversos estudos realizados a esse respeito, ficou estabelecido que o perfil que caracteriza o criminoso do colarinho branco corresponde, na maioria das vezes, ao de um psicopata.

O número de criminosos não autoriza o crime ”.
-Charles Dickens-

Homem psicopata

Transtorno de personalidade antissocial

O transtorno de personalidade antissocial é uma condição presente tanto na sociopatia quanto na psicopatia. O que diferencia o sociopata do psicopata é que o primeiro tem a possibilidade de se arrepender e estabelecer vínculos com pessoas próximas de forma excepcional. Já o psicopata é incapaz de sentir culpa e usa os outros para atingir seus objetivos.

Este transtorno de personalidade é caracterizado por uma predisposição persistente a comportamentos antissociais. Um exemplo disso é a violação permanente das normas sociais e legais dentro da comunidade.

Pessoas com esse tipo de transtorno mentem e enganam os outros para seu próprio benefício ou simplesmente por diversão ou prazer. Isso constitui o cerne do criminoso do colarinho branco.

O perfil do criminoso do colarinho branco

O criminoso do colarinho branco geralmente é alguém que tem formação, ou pelo menos conhecimento. Ele goza de uma boa reputação, sucesso, requinte e até mesmo uma personalidade charmosa e carismática. Porém, tudo é uma fachada que segue um plano premeditado e calculado para atingir seus objetivos.

São psicopatas que veem as pessoas como peças de xadrez, objetos simples que mobilizam à vontade para atingir seus objetivos.

Os psicopatas não respondem às situações como a maioria das pessoas faria. Eles não têm a incapacidade de diferenciar o que é certo do que é errado, ou seja, eles não entendem por que trapacear ou mentir é algo repreensível.

A grande maioria dos pesquisadores concorda que a psicopatia é o resultado de uma interação entre fatores biológicos, sociais e psicológicos. Eles alertam que apenas a confluência desses três fatores pode dar origem a essa condição.

Traços dos psicopatas

Entre os traços predominantes dos psicopatas está o estabelecimento de relações vazias, superficiais e artificiais. Eles observam outras pessoas tentando decifrar seu comportamento para imitar as emoções que não abrigam dentro de si.

Sua incapacidade de amar, chorar ou rir os leva a fingir esse tipo de emoção. O único tipo de “empatia” que eles experimentam é utilitarista. Eles a usam para se camuflar dentro da sociedade e, assim, passar despercebidos.

Embora conheçam perfeitamente as normas e leis sociais, só as seguem quando lhes convém. O comportamento do psicopata não só marca o ritmo da sua existência, mas também busca o controle da vida de outras pessoas.

Na maioria dos casos, ele aparece como uma pessoa charmosa, até carismática, mas no fundo é um grande manipulador. Eles são muito inteligentes e muitas vezes recorrem a mentiras para seduzir e prender vítimas em potencial.

Da mesma forma, simulam vidas normais e são muito cuidadosos e estratégicos ao avaliar os riscos das suas atividades criminosas. Portanto, é muito difícil desmascará-los, exceto quando cometem um erro notável ou um crime violento.

Homem escondendo máscaras

A promoção da psicopatia

Infelizmente, em alguns ambientes profissionais o psicopata desfruta de um certo reconhecimento, o que desperta admiração. A sociedade valoriza a capacidade dessas pessoas de explorar as fraquezas do sistema a seu favor.

Aspectos como comportamentos de risco, a incapacidade de sentir remorso, a capacidade de manipulação e a busca pelo sucesso a todo custo são avaliados positivamente. Assim, a curto prazo, o psicopata ou criminoso do colarinho branco pode ter sucesso na sua carreira criminosa.

O desastroso modelo de “sucesso” implementado em algumas sociedades exalta as características do psicopata. Em geral, as pessoas não estão cientes das reais consequências das suas ações. Eles só percebem seu erro quando é tarde demais e se tornam vítimas do abuso de poder. Um exemplo típico são os ditadores.

O criminoso do colarinho branco tira proveito de uma legislação permissiva

Vale esclarecer que, na maioria dos países, os criminosos do colarinho branco recebem tratamento especial por seus crimes. A legislação dessas nações diferencia entre o criminoso comum e o criminoso do colarinho branco, colocando este último em uma posição favorável.

Em muitos casos, a própria corrupção das instituições em combinação com leis frouxas levam o autor desses crimes a não pagar uma pena significativa. Portanto, muitos especialistas consideram esses criminosos como os mais perigosos.


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