Este curta nos oferece uma lição de generosidade

Este curta nos oferece uma lição de generosidade
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 03 novembro, 2022

Diz a lenda que um espantalho não pode ter amigos. O homem o cria muitas vezes com uma aparência entre o sinistro e o grotesco, e o coloca nos campos para que, com a sua presença, sua cabeça de abóbora, seu corpo de madeira e suas mãos de palha, assuste as aves.

O vento é o único companheiro que embala a solidão do nosso espantalho, sempre imerso em suas intermináveis horas de vazio, observando as pás do moinho de vento girarem e ouvindo como embalam e murmuram os campos de trigo que parecem mares dourados. Os pássaros passam por cima da sua cabeça como quem evita as criaturas estranhas.

A lenda dos espantalhos nos mostra a necessidade humana de ter amigos e o poder transformador da generosidade.

O protagonista deste curta é um espantalho solitário que vai contra a sua natureza e quer ser amigo dos pássaros. Ele deseja fazer contato com as aves e para isso pratica pequenos atos de generosidade todos os dias, na esperança de chamar a sua atenção…

O poder da generosidade

Esta pequena produção de animação é maravilhosa e não deixa ninguém indiferente. De certa forma, nos faz refletir sobre nós mesmos, sobre o sentido da solidão, da generosidade e dessa essência incompreensível que caracteriza a humanidade.

Muitas vezes nos sentimos enterrados em nossos solitários campos de milho, agindo com nobreza quando é possível, dando voz ao nosso coração sem que os nossos atos e apelos sejam reconhecidos…

Será que devemos mudar de atitude para sofrer um pouco menos? De jeito nenhum. Quem não pratica a generosidade fecha as portas do coração e deixa de ser ele mesmo. Reflita sobre isso.

A lenda dos espantalhos

Lenda do espantalho, uma lição de generosidade

Se você ama o mundo de Tim Burton, encontrará muita semelhanças na estética deste curta. Árvores balançando, cores cinza e tons escuros que nos obrigam a refletir, para entrarmos em contato com os nossos próprios medos…

Quando o espantalho teve a oportunidade de ajudar um corvo cego, lhe perguntou porque ninguém queria ser seu amigo. O corvo lhe respondeu que todos os espantalhos são maus e desprezíveis; cumprem a finalidade para a qual foram criados.

O nosso protagonista foi criado para assustar qualquer animal, especialmente as aves. Estava condenado a viver uma solidão eterna regida pelos ciclos das plantações e a orientação dos homens.

Veria o trigo crescer, as nuvens passando sobre ele e a noite tornar-se manhã. No entanto, de nada adiantava o ato de generosidade do espantalho: dava sementes aos corvos famintos para que o reconhecessem como amigo, mas era ignorado.

A generosidade invisível

Muitas vezes, nossas ações e esforços não são reconhecidos.

Todos os dias nos esforçamos para fazer as coisas certas, não somente pelos outros ou para receber algum tipo de benefício, mas por nós mesmos. Os atos nobres nascem de um coração sincero, que não sabe agir de outra forma, pois é assim que entende a sua própria vida.

Nosso espantalho não está consciente de qual é a sua função. Ele se limita a estar todos os dias frente ao campo de trigo, vendo o tempo passar, como se ele mesmo não fizesse parte desse mecanismo de afugentar os corvos.

Lenda do espantalho, uma lição de generosidade

Aceitar para poder mudar

É dessa forma que nos sentimos em alguns momentos da vida. Acreditamos que o nosso caminho está claro, que o que nos rodeia nos define, e acabamos aceitando as tristezas e decepções.

– No entanto, há sempre um momento em que somos obrigados a reagir. Nosso espantalho sai da sua “zona de conforto” quando o corvo lhe diz qual o propósito da sua vida. Ele reage e se rebela: foge do campo de trigo e pede ao seu dono para lhe dar outro ofício.

– Muitas vezes somos obrigados a cruzar os limites e ir além do modelo que os outros e a própria sociedade criaram para nós. Assim como o espantalho, escolhemos arrancar as raízes, sem perder a nossa essência, nossa nobreza e nossa generosidade.

Neste delicado e maravilhoso curta criado por Marco Besas e Olivier Nakache, dirigido por Marco Besas em 2005, vemos o que acontece no momento em que o nosso doce e desajeitado personagem decide desistir de ser um espantalho e mudar de profissão.

O final do filme é uma reflexão que vai emocionar a todos. Você vai chorar e esboçar um caloroso sorriso com o voo final dos corvos, que acabam reconhecendo a generosidade do espantalho.

Vale a pena assistir.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.