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É bom deixar ir sem ter a necessidade de ferir

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É bom deixar ir sem ter a necessidade de ferir
Última atualização: 08 maio, 2016

É bom deixar ir, mas é melhor ainda fazer isso sem rancor, nos libertando do fardo da ira, da raiva e do desespero, sem querer ferir ninguém. Quando podemos deixar ir com calma, a nossa forma de contemplar a partida é muito mais tênue, mais suportável e mais livre.

Parece uma contradição, mas é possível fugir de emoções dolorosas e nocivas. Embora haja momentos que devem ser vividos de forma intensa, é possível fazer isso sem ferir, sem colocar coisas na nossa cabeça, sem tramar uma forma de machucar as pessoas que nos machucaram.

Como é possível deixar ir sem rancor? Canalizando, evitando o excesso emocional, conhecendo as nossas emoções e nos permitindo expressá-las da forma menos prejudicial possível para nós mesmos e para as pessoas que nos rodeiam.

Mulher feliz com as mãos abertas

Guardar rancor e querer ferir os outros nos torna vulneráveis

É muito complicado não chegar a sentir fúria e rancor contra alguém que nos machucou com seu egoísmo, suas atitudes e suas más ações. No entanto, podemos conseguir canalizar os nossos sentimentos através de um processo que implica:

  • Compreender que a raiva é normal, mas que a ira só causa mais dor.
  • Cada um deve examinar como as suas emoções se manifestam e se transformam em rancor. Para isso, o primeiro passo é assumir uma perspectiva, deixar que a nossa mente e a situação em si se esfriem e reavaliar os nossos pensamentos.
  • Os eventos em si já não nos machucam, então não faz nenhum sentido machucarmos a nós mesmos com pensamentos e comportamentos destrutivos.
  • É inútil buscar a satisfação, a reparação ou a devolução daquelas partes emocionais que uma relação levou consigo. Não existem fórmulas mágicas que curem as feridas rapidamente, e certamente ferir os outro não irá trazer paz.
  • Por isso, para nos livrarmos do fardo pesado que constituem os relacionamentos fracassados, primeiro temos que fazer uso dessa capacidade maravilhosa que o nosso cérebro nos presenteia: esquecer.
  • Esquecer é complicado, então no início temos que aprender a não prestar atenção nas lembranças e nos detalhes da experiência dolorosa que nos diz respeito.
  • Isto nos ajudará a acelerar o processo de esquecimento e a neutralizar as nossas emoções nocivas. O próximo passo é não sentir pena de si mesmo, não se colocar no papel de vítima e contemplar a opção de perdoar o dano que a pessoa que quer sair da nossa vida nos causa.

Pés andando na água

Perdoar não apaga o dano

Por mais que nos distanciemos da situação, perdoar não apaga o dano. Isso também não justifica nada, nem exime quem nos ofendeu da responsabilidade. No entanto, o perdão faz com que os nossos pensamentos não nos destruam, e com que não percamos a confiança e o respeito em nós mesmos.

Se não queremos nos transformar em pessoas frustradas, amarguradas, mal-humoradas, temerosas, pessimistas, solitárias, obsessivas, culpadas, agressivas e conflituosas, é importante perdoar.

Todos nós devemos deixar para trás uma relação que sofre de sentimentos negativos, que marca as nossas experiências de forma negativa e que destrói uma parte de nós que valorizamos e apreciamos. Neste sentido, a metáfora chamada “o peso do rancor” é muito ilustrativa:

“O ressentimento: esse era o tema do dia na nossa aula. Para poder falar sobre ele, o nosso professor pediu para que levássemos umas batatas e uma sacola de plástico. Quando já estávamos sentados, ele pediu que pegássemos uma batata por cada pessoa pela qual guardávamos ressentimento.

Escrevemos seus nomes nelas e colocamos dentro da sacola. Algumas eram realmente pesadas. O próximo passo do exercício era que cada um levasse consigo a sacola para todos os lados, durante uma semana.

Mulher sentada de costas em um ônibus

Como era de se esperar, as batatas estavam cada vez mais estragadas, e nós já estávamos cansados de levá-las conosco para todos os lados. Já estávamos aprendendo a lição, pois a nossa sacola nos mostrou claramente o peso emocional que estávamos carregando diariamente.

Enquanto colocávamos nossa atenção sobre a sacola, ignorávamos coisas que eram muito mais importantes. Por sua vez, sentíamos como o interior da nossa mochila sentimental estava apodrecendo e começava a incomodar cada dia mais.

Somente tornando-o tangível é que nos damos conta do preço que estamos pagando todos os dias por manter um grande ressentimento por algo que já havia acontecido e que não poderíamos mudar. Quanto mais o nosso ressentimento aumentava, mais o nosso estresse, insônia e atenção emocional iam aumentando.”

Mulher suspensa em um tronco sobre um abismo

A ausência de perdão e de libertação é como um veneno para nós, do qual tomamos poucas gotas todos os dias, mas que não deixa de nos deteriorar. Em suma, fica claro que o perdão não é um presente para os outros, mas para nós mesmos.

Pensando bem, se um rompimento já nos machucou, não faz sentido deixarmos que continue a nos fazer estragos por mais tempo. Não faz sentido continuarmos permitindo que o alimento que levamos na nossa mochila emocional apodreça.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.