Depressão por desemprego

Jovens ou não tão jovens. A falta de emprego é devastadora e tem um grande impacto psicológico. Por causa dela, muitas pessoas já estão navegando na depressão sem saber. Estes são os sintomas.
Depressão por desemprego
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A depressão por desemprego está cada vez mais presente na nossa sociedade. Apesar disso, apesar da sua incidência lenta, mas progressiva, continua sendo uma realidade não diagnosticada e não atendida. Ainda não estamos conscientes do grande impacto que a cronificação destes estados e o seu impacto causam na saúde física e mental.

Sabemos o que significa acordar todos os dias sem ter perspectivas sobre o que acontecerá hoje ou o que pode acontecer amanhã se não encontrarmos um trabalho. Além do mais, a própria procura por um emprego costuma ser exaustiva. O desespero se combina com a incerteza, com a necessidade de reunir criatividade com novos contatos e dizer a nós mesmos: “Confie, no final tudo vai dar certo”.

No entanto, às vezes os dias vão passando e a gente se acostuma com o “vamos te ligar”, ou simplesmente com o silêncio, a falta de resposta, a caixa de e-mail vazia e o telefone sem receber chamadas. Jovens em busca de trabalho e um número cada vez menor desejando novas oportunidades apesar da idade… O problema do desemprego é imenso, diversificado, e um terreno fértil para problemas de saúde mental.

A tristeza de perder o emprego

Depressão por desemprego: sintomas e enfrentamento

O trabalho que desempenhamos todos os dias e pelo qual somos pagos é um apoio psicológico. Não apenas nos permite sustentar a casa, comer, comprar alimentos, pagar contas. É uma forma de fortalecer a autoestima, de nos sentirmos competentes, úteis e satisfeitos com nós mesmos. Assim, a falta de trabalho gera, como podemos imaginar, o contrário.

Quando nos perguntam o que queremos ser quando crescermos, “estar desempregado” nunca passou pela nossa cabeça. Esse estado é uma ruptura com os sonhos que construímos, com os esforços que fazemos.

Um estudo realizado na Universidade de Leipzig, por exemplo, nos alerta para algo muito significativo. O desemprego é um fator claro na deterioração da saúde mental. O risco de depressão é muito alto.

Além disso, como diz Erik Erikson, especialista em psicologia do desenvolvimento, o fato de podermos construir uma personalidade saudável e um estado emocional equilibrado está intimamente relacionado ao aspecto do trabalho.

A depressão por desemprego tem sido estudada desde a Grande Depressão (Eisenberg e Lazarsfield 1938). Vejamos quais são os seus sintomas.

Como saber se sofro de depressão por desemprego?

Quando uma pessoa começa a apresentar sintomas de depressão por desemprego, ela nem sempre toma a iniciativa de procurar ajuda especializada. Ela vai ao médico por causa de seus problemas de sono, cansaço, dor de cabeça… Supomos que essas emoções que nos oprimem são normais. “Como posso não me sentir mal se não tenho um emprego?”

Vamos conhecer as principais características.

  • Sentimentos constantes de medo, frustração, angústia…
  • A principal diferença entre uma pessoa com depressão e outra sem ela é o senso de esperança e propósito. A primeira não está mais confiante de que a sua situação vai melhorar. Na verdade, ela acredita que as coisas vão piorar.
  • Além disso, aparece uma sensação de inutilidade, de não servir para nada. Esse fato tem um grande impacto no ambiente familiar.
  • Sensação de raiva e injustiça. Não devemos imaginar a pessoa com depressão por desemprego exclusivamente como alguém triste. O mais comum é ver alguém de mau humor, com pouca paciência e muito irritado.
  • Os hábitos alimentares e de sono mudam. A pessoa dorme muito mal e não consegue descansar. Ela perde a fome ou come compulsivamente.
  • Muitas vezes, pode levar a comportamentos de dependência (voltar a fumar, caso tenham parado, ao álcool, etc.).
  • Podem surgir ideias suicidas.
Sessão de terapia

Como lidar com essa situação?

É preciso deixar claro um pequeno aspecto: será muito difícil encontrar um emprego ou até mesmo ingressar nele se tivermos um transtorno de humor.

A depressão não tratada se intensifica, e podemos chegar a estados de risco real. Não podemos ignorar, por exemplo, a incidência de suicídios em pessoas que perderam os seus empregos. O que podemos fazer nesses casos?

  • A prioridade é ter ajuda especializada e, por sua vez, apoio social. Ter a ajuda da família, dos amigos e de alguém com quem conversar é essencial.
  • Às vezes, poder compartilhar experiências com alguém na mesma situação ou que já passou por isso poderá nos ajudar. O essencial é tirar da mente essa sensação de inutilidade, de fracasso.
  • Sonhos e propósitos. Essas duas dimensões são o combustível que deve abastecer a mente a cada dia. É imprescindível seguir traçando metas no horizonte. Graças a elas, encontraremos forças para nos levantarmos todos os dias.
  • Seguir uma rotina e os mesmos horários nos permitirá ter mais controle sobre o tempo.
  • Por sua vez, é muito importante ter momentos de lazer, descanso, algumas horas para praticar esportes.

Controlar os pensamentos, gerir bem as emoções e, sobretudo, ter um bom suporte familiar e de amizades, é a melhor forma de passar por essas situações.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Eisenberg, P., & Lazarsfeld, P. F. (1938). The psychological effects of unemployment. Psychological Bulletin35, 358-390.
  • Feather, N. T. 1982. Unemployment and its psychological correlates: A study of depressive symptoms, self-esteem, Protestant ethic values, attributional style and apathy. Australian Journal of Psychology,34(3), 309-323.
  • Zuelke, A. E., Luck, T., Schroeter, M. L., Witte, A. V., Hinz, A., Engel, C., … Riedel-Heller, S. G. (2018). The association between unemployment and depression–Results from the population-based LIFE-adult-study. Journal of Affective Disorders235, 399–406. https://doi.org/10.1016/j.jad.2018.04.073

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.