Diferenças entre críticas construtivas e destrutivas
Se a comunicação desempenha um papel essencial na construção de relacionamentos saudáveis, essa importância é intensificada ao fazer observações aos outros. Expressar opiniões sem descuidar da responsabilidade afetiva é complicado, mas é possível se você souber as diferenças entre críticas construtivas e destrutivas.
Por isso, neste espaço vamos explorar essas distinções, com base no impacto que produzem no receptor. Não perca nada, pois é um dos pilares fundamentais para a construção de espaços e ambientes seguros onde o desenvolvimento e o bem-estar estão presentes.
O que é a crítica destrutiva?
Uma crítica destrutiva é aquela que busca emitir um juízo de valor e, portanto, é subjetiva. É verdade que, às vezes, tais julgamentos são necessários, mas o que caracteriza a crítica destrutiva é que ela não leva em conta as circunstâncias da pessoa, mas se concentra em atacar e causar danos.
Portanto, esse tipo de comentário não visa corrigir erros ou aprendizado. É uma intenção que tem um impacto negativo em qualquer ambiente da pessoa.
Especificamente, um estudo de 2020, publicado na JMBI UNSRAT, apontou, ao avaliar o desempenho de alguns professores, que críticas destrutivas e tomadas de decisão desinformadas por seus gestores estavam relacionadas à diminuição da satisfação no trabalho, aumento do estresse oxidativo e perda de comprometimento com as metas.
A crítica destrutiva constante está entre os ataques mais comuns de assédio no local de trabalho ou mobbing.
Crítica construtiva
Pelo contrário, a crítica construtiva é aquela que busca melhorar o comportamento (ou desempenho, no caso do local de trabalho) de uma pessoa. Ou seja, não busca ferir os sentimentos do destinatário, e sim aderir aos padrões exigidos de forma respeitosa. Esse estudo publicado no Consulting Psychology Journal: Practice and Research aponta as características mais importantes da crítica construtiva:
- Oferece soluções.
- Procura fomentar o apoio e a confiança dentro do grupo.
- Fornece feedback específico e descritivo, o mais objetivo possível.
Outra diferença entre a crítica destrutiva e a construtiva é que a última estimula o comprometimento com os objetivos do grupo, assim como um estilo horizontal de organização e atitudes colaborativas.
É por isso que as opiniões construtivas são recomendadas em todas as áreas relacionais do ser humano, desde as organizações às amizades, passando pelo casal e pelo ativismo.
Como faço para tornar minha crítica construtiva?
A forma como uma crítica é entregue tem um impacto significativo sobre o destinatário, observa um artigo publicado no Journal of Management & Technology. Nesse sentido, recomenda-se fazer críticas e correções de forma empática e ponderada, com linguagem e postura que rejeitem a violência em todas as suas formas. Algumas dicas para conseguir isso são as seguintes:
- Expresse como a situação faz você se sentir: isso ajudará a gerar empatia no destinatário.
- Descreva o comportamento, não a personalidade do indivíduo: “Você está atrasado e isso me incomoda” em vez de “Você não é muito pontual”.
- Reserve um tempo para retribuir a empatia: ouça e analise as circunstâncias do outro, pois elas são parte indivisível de sua forma de agir.
- Reconheça sua parcela de responsabilidade: não se trata de ambos se sentirem culpados. Com a crítica construtiva, busca-se analisar que parte do resultado cabe a cada um dos envolvidos, de forma a aprimorar os resultados.
- Peça soluções, mas pense em alguma você também: se o objetivo é comum, o caminho deve ser percorrido em equipe. Além disso, encontrar uma solução elaborada por ambas as partes é mais eficaz e gera confiança e cumprimento das medidas adotadas.
- É importante que você equilibre a crítica com o reconhecimento de suas conquistas: principalmente se estiver lidando com uma pessoa sensível ou vulnerável, pois nem todos reagem da mesma forma. De acordo com um estudo publicado no British Journal of Psychology, esse equilíbrio tem impacto direto na motivação e no comprometimento.
Como lidar com críticas destrutivas?
Por mais que você tente motivar colegas e entes queridos a melhorar e tenha cuidado com sua responsabilidade emocional ao criticá-los, em algum momento você não verá essa ação recompensada. Muitas pessoas, às vezes inconscientemente, não reconhecem as diferenças entre críticas construtivas e destrutivas.
O estresse e a normalização da violência são fatores que afetam diretamente a forma de criticar.
O que fazer, então, quando os comentários dos outros só visam prejudicá-lo? Aqui estão uma série de dicas para reorientar a situação:
- Aprenda a reconhecer as diferenças entre as duas críticas: sem essa etapa anterior, os mal-entendidos estão garantidos.
- Você não é responsável pelo desrespeito: raiva, conflito e falta de empatia estão um dentro do outro. É essa pessoa que deve lidar com isso, não você.
- Lembre ao outro que sinceridade não é o mesmo que “sinricídio“: aprecie o fato de a pessoa expressar o que sente, mas peça que o faça de maneira responsável e respeitosa.
- Treine sua assertividade: não adianta entrar no jogo do conflito que estão tentando começar com aquela crítica. Estabeleça limites e use estratégias para que você seja respeitado, como prorrogar a conversa ou gerar ideias alternativas ao que pressupõem sobre você.
- Evite demonstrar sua raiva: embora isso pareça incoerente com a injustiça que você está vivenciando, expressar sua reação negativa apenas reforça sua má atitude (lembre-se de que a outra pessoa procura feri-lo). A indiferença é a melhor resposta até que você receba um tratamento decente.
Identificar as diferenças entre críticas construtivas e destrutivas ajuda a lidar com elas
Por fim, lembre-se de que cada situação é única e pode exigir improvisação. Às vezes, mostrar raiva é útil, ou você pode apenas precisar se retirar desse ambiente.
Porém, conhecendo as diferenças entre crítica construtiva e destrutiva, você poderá desenvolver estratégias para fazê-las com empatia e recebê-las de forma assertiva. Por isso, não hesite em dedicar um pouco do seu desenvolvimento pessoal a isso.
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