Como corrigir uma pessoa que tem uma ideia equivocada?

Quando uma pessoa está equivocada em algum aspecto e queremos fazê-la enxergar o seu erro, é preciso fazer isso com respeito, assertividade e proximidade. É importante não cair na superioridade moral porque, às vezes, podemos descobrir que os errados somos nós.
Como corrigir uma pessoa que tem uma ideia equivocada?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Encontrar uma forma adequada (e respeitosa) de corrigir uma pessoa que mantém uma ideia equivocada é algo que todos deveríamos aprender. Estamos em uma época em que as notícias falsas são cada vez mais comuns, e é fácil considerar corretos certos dados errados. Se há algo realmente complexo é lutar contra essa necessidade constante que a maioria de nós tem de “ter razão”.

Assumir que erramos em algumas ocasiões é essencial. Este exercício de modéstia é difícil, não há dúvida disso. Se já é complicado assumir que errar é humano, é ainda mais complicado convencer os outros de que suas ideias estão equivocadas.

Como fazer isso sem iniciar discussões? Há alguma estratégia para conseguir que alguém seja consciente do seu erro sem criar tensões e despertar emoções negativas?

Poderíamos dizer que é uma questão de tato, mas na verdade isso vai muito além da simples educação ou correção. É preciso fazê-lo de maneira inteligente, e em alguns casos é preciso estar preparado e ser consciente de que nós podemos ser os errados.

No fim das contas, trata-se de saber criar um terreno para o diálogo no qual floresça uma comunicação respeitosa, mas assertiva, para que as ideias fluam e as argumentações sejam adequadas.

Vejamos como conseguir fazer isso a seguir.

Amigos conversando

Estratégias para corrigir uma pessoa de forma respeitosa

Todos queremos ter razão. Defender a nossa verdade é um vírus presente em todo o mundo; nos aferramos às nossas ideias com as velas ao seu mastro, como o fogo ao fósforo. Assumir um erro é, para muitos, um traço de fraqueza, e quase ninguém fica feliz ao ter seu argumento ou julgamento derrubado.

É bem provável que todos já tenhamos tido que corrigir uma pessoa que mantinha uma ideia equivocada em alguma ocasião. É comum que isso aconteça com pessoas muito próximas de nós. Ocorre quando, tendo passado pelas mesmas experiências, cada um as recorda de uma maneira, e alguém cai nas chamadas “falsas lembranças”.

Seu parceiro, seu pai ou seu melhor amigo podem ter confundido datas ou situações e, então, você tenta convencê-los de que aquilo nunca aconteceu daquela maneira. Se isso não for feito com cuidado, pode dar início a uma discussão.

Outro exemplo pode ocorrer no âmbito profissional. Quem nunca teve que fazer um colega de trabalho enxergar que o que dizia ou fazia não estava correto?

A maioria das pessoas já passou por situações como estas, e muitos gostariam de saber como gerenciá-las de forma mais acertada. Vejamos como fazer isso a seguir.

Comece com algo positivo; não vá direto ao erro

Na hora de corrigir uma pessoa que mantém uma ideia equivocada, não é recomendável começar com expressões como “Você está falando bobagem”, “Isso não é verdade”, “Você está errado,” etc. Com isso, só vamos conseguir fazer com que a pessoa fique na defensiva antes mesmo de começar.

O ideal é ser hábil e expor seus argumentos com proximidade, fazendo uma entrada o mais positiva possível. Por exemplo: “Sim, é verdade que visitamos aquela cidade, e também é verdade que ficamos em um albergue muito velho. Nisso eu lhe dou razão. Mas seu irmão não estava com a gente, porque nessa época ele ainda trabalhava em (…)”

Cuidado com o seu tom de voz ao corrigir uma pessoa

Quando corrigimos alguém, quando apontamos o seu erro ou o seu enfoque equivocado, é muito fácil usarmos, quase de forma instintiva, um tom autoritário, irônico ou acusador. Isso é algo que precisa ser evitado.

O tom da sua voz é tão importante quanto os seus argumentos. Por isso, é essencial ser próximo, empático e calmo ao se comunicar.

Argumente e ofereça dados, ou a sua verdade não será mais certa do que a da outra pessoa

Na hora de corrigir uma pessoa, não é preciso começar deixando claro que quem sabe a verdade somos nós. Afinal, uma verdade sem argumentos não significa nada, porque um fato sem dados que o respaldem é como fumaça que escapa por uma janela.

Dessa forma, para fazer com que o outro enxergue (sem impor nada) e demonstrar que é você que está certo, é necessário oferecer argumentos sólidos. Para fazer isso, é preciso comunicar, dar informações detalhadas e objetivas de maneira assertiva. Além disso, é essencial saber ouvir com empatia para poder responder de forma adequada.

Mulher entediada com conversa

Aceite que nem sempre é possível convencer os outros

Nem sempre vamos conseguir fazer com que o outro enxergue e assuma o seu erro. Assim, na hora de corrigir uma pessoa que mantém uma ideia equivocada, devemos entender que há aqueles que não querem ver as coisas de outra forma.

Isso acontece, por exemplo, em casos muito complexos, como quando alguém defende o movimento antivacina, ou com as testemunhas de Jeová e o problema das transfusões de sangue.

Há fatos que não conseguimos entender e que ocorrem todos os dias porque entramos em temas de valores, religiões, fanatismos e incompreensões ideológicas muito difíceis de debater. Fazer alguém que faz da sua falsa verdade o seu escudo inquebrável enxergar o seu erro é algo complexo e exasperante.

Diante destas situações e de outras mais simples (como as relacionadas às lembranças equivocadas), quando a pessoa se empenha em defender a sua postura, só nos resta a aceitação. Querendo ou não, somos obrigados a viver em um mundo em que, muitas vezes, cada um defende a sua falsa verdade.

Na medida do possível, podemos tentar debater com calma, inteligência e assertividade. No entanto, se não chegarmos a nada, o melhor é se retirar com o menor custo emocional possível.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.