10 diferenças entre autocompaixão e vitimização

Ser autocompassivo é o mesmo que se vitimizar? Enquanto uma atitude envolve ação e escuta, a outra envolve manipulação e bloqueio. Vamos ver isso.
10 diferenças entre autocompaixão e vitimização

Última atualização: 07 setembro, 2022

Que diferenças entre autocompaixão e vitimização encontramos? Em que consistem esses conceitos? A verdade é que ambos os comportamentos são dirigidos a nós mesmos, e seu conteúdo central é o sofrimento; portanto, às vezes podem parecer conceitos semelhantes para nós, mas não são.

Eles possuem grandes diferenças que devem ser conhecidas, começando pelo seu propósito. Além disso, enquanto a autocompaixão está focada na mudança e no sentir-se melhor (é uma forma de autocuidado), a vitimização pode ser muito prejudicial.

O que mais sabemos sobre esses conceitos? Como diferenciá-los? Nós te damos algumas dicas.

O que são autocompaixão e vitimização?

A autocompaixão é definida como ‘o sentimento de compaixão pelo próprio modo de ser ou agir‘. Aparece quando passamos por um momento ruim, somos feridos ou nos machucam, e tentamos aceitar e entender essa dor. Por sua vez, a vitimização, também chamada de vitimismo, é “a tendência de uma pessoa, grupo de pessoas ou coletivo de se considerar vítima”.

No primeiro caso (autocompaixão), na verdade estamos falando de um ato de amor próprio que implica sermos capazes de nos reconhecer em nossos momentos de vulnerabilidade e nos sustentar neles. Ouvir uns aos outros, permitir-nos chorar, suportar a dor do luto…

Em vez disso, a vitimização é uma tendência bastante prejudicial. Faz-nos reclamar constantemente do azar que tivemos, do quão mal fizemos tal coisa… em casos extremos é, de certo modo, uma forma de nos criticarmos através de um diálogo interno negativo.

Mulher olhando o reflexo no espelho

10 diferenças entre autocompaixão e vitimização

Agora que definimos os dois conceitos, vamos falar sobre as diferenças entre autocompaixão e vitimização. Estamos falando de 10 deles, embora possa haver mais.

1. Para onde eles estão nos levando?

Em geral, a autocompaixão nos leva a realizar ações positivas em relação a nós mesmos, como ouvir a nós mesmos, permitir-nos chorar e passar um mau momento, reconhecer nossa vulnerabilidade, permitir-nos cometer erros… Quando a autocompaixão é saudável, seu propósito é que possamos cuidar de nós mesmos nos momentos de fraqueza.

Em vez disso, a vitimização nos leva a atitudes e comportamentos bastante prejudiciais, por meio desse discurso interno de negatividade.

Ou seja, a vitimização nos faz lamentar nossos erros; é uma atitude bastante passiva, que não implica qualquer ação ou motivação para a mudança. E isso nos leva à próxima diferença entre autocompaixão e vitimização.

2. Atitude passiva vs. ativa

Assim, outra das diferenças entre autocompaixão e vitimização é que a primeira implica uma atitude ativa, enquanto a vitimização, como dissemos, é uma atitude passiva. Por quê? Porque quando somos autocompassivos com nós mesmos, tomamos atitudes que nos levam a nos sentirmos melhor, como: nos permitir chorar, ler, nos distrair, expressar nossas emoções, escrever, etc.

Esses comportamentos conformam uma atitude ativa que nos leva a mudar para algo melhor. Por outro lado, com a vitimização, permanecemos ancorados em emoções negativas. Não fazemos nada; apenas reclamar, nos sentir triste ou lamentar a nossa situação. Resumindo: vitimizar a nós mesmos.

3. A finalidade

A finalidade é outra das diferenças entre esses dois conceitos. Assim, a autocompaixão é uma forma de nos sensibilizarmos para o que precisamos em um determinado momento. De certa forma, a autocompaixão é a arte de cuidar de si mesmo.

Através da autocompaixão, procuramos descobrir essas necessidades e preenchê-las. No entanto, a vitimização é muitas vezes focada em manipular os outros ou continuar sofrendo (ainda que de forma não intencional ou inconsciente).

4. O diálogo interno

Outra diferença entre autocompaixão e vitimização tem a ver com o diálogo interno que reproduzimos em uma determinada situação. Na vitimização, o diálogo interno é negativo; como a própria palavra indica, a pessoa é vitimizada pelo que lhe aconteceu, o que lhe foi feito ou o que ela fez a si mesma.

Em vez disso, na autocompaixão, o diálogo interno é um diálogo compassivo para consigo mesmo. Essa atitude implica tratar-se bem, falar-se bem e, sobretudo, ouvir o que necessitamos. Aceitar a nossa dor e dar espaço a ela.

folha em forma de coração

5. A capacidade de adaptação

Poderíamos dizer que a autocompaixão nos permite adaptar às situações e às emoções derivadas delas. Por outro lado, a vitimização, principalmente se perdurar no tempo, nos distancia dessa adaptação, pois pode nos trazer ainda mais dor.

E é que, como dissemos antes, a autocompaixão implica ação, movimento, busca de um sentido… por outro lado, a vitimização ou vitimismo é uma atitude passiva através da qual não fazemos nada para mudar, mas sim para manipular ou para fazer que os outros sintam.

6. As possibilidades oferecidas por cada atitude

A autocompaixão permite que cada situação seja vista a partir da perspectiva da introspecção, para que os sentimentos, pensamentos e ações possam ser analisados e gerenciados adequadamente. Este é um aprendizado valioso.

Ao contrário, a partir da vitimização não se enfrenta a situação negativa, mas se serve para construir um muro que permite não agir sem remorso. O foco da responsabilidade é colocado no exterior e os sentimentos não são processados.

7. Adaptação

Do exposto, segue-se que é possível se adaptar às situações e sair dos problemas se você mantiver uma atitude autocompassiva. No entanto, na vitimização há uma visão negativa do problema que sabota as intenções de adaptar-se à mudança das circunstâncias.

8. Grau de sofrimento psicológico

Como você já pode imaginar, a vitimização gera muito mais sofrimento do que a autocompaixão. Esta último, baseada na ação, no autocuidado e no otimismo, não está isenta de sofrimento, mas é possível aliviá-lo. A vitimização, por outro lado, cria um laço com sentimentos negativos e é difícil escapar deles.

9. Resultados

Claro que os resultados obtidos com uma atitude e outra são diferentes. A partir da autocompaixão, alcança-se um estado mais sólido de bem-estar e uma sensação de autorrealização. Do outro lado da moeda, a vitimização, é possível que o obstáculo seja superado, mas a sensação residual é de ter passado por uma experiência desagradável e sobre a qual não houve controle.

10. A impressão que você causa nos outros

Embora possa ser a coisa menos importante nessa questão, a imagem externa que se reflete em cada atitude também é claramente diferente. Assim, uma pessoa autocompassiva deixará uma imagem de autonomia e resiliência, enquanto um vitimizador dará a impressão de ser manipulador e egoísta.

A importância da responsabilidade emocional

Como podemos ver, ser compassivo consigo mesmo (autocompaixão) não é o mesmo que se vitimizar. Pode-se dizer que a autocompaixão em sua melhor forma, ou em sua versão mais extrema, pode acabar se tornando vitimização. Por isso é importante que, quando se trata de aceitar nossa dor, sejamos capazes de assumir a responsabilidade por ela, sem buscar responsabilidades externas ou “culpados” (como aconteceria na vitimização).

A responsabilidade afetiva implica tomar conta de nossas próprias emoções; se os levarmos ao extremo, ou tendemos a culpar os outros pelo que nos acontece, podemos cair na vitimização, que mais do que nos dar uma solução, nos fará chafurdar nessa dor, tornando-a crônica.


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  • Neff, K. (2012). Sé amable contigo mismo. Paidós: Barcelona.
  • Simón, V. & Germer, C.K. (2011). Aprender a practicar mindfulness. Sello Editorial: Barcelona.

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