Diferenças entre a filosofia e a psicologia
A psicologia e a filosofia despertaram o interesse das pessoas ao longo da história, mesmo com suas diferenças. Ambas analisam e estudam aspectos essenciais da vida e da experiência do ser humano, mas sob diferentes pontos de vista e abordagens.
Neste artigo, descreveremos as diferenças entre os dois ramos. Além disso, aprenderemos, entre outras coisas, qual é o objeto de estudo de cada um e os métodos utilizados para abordá-los. Venha com a gente!
O que é psicologia e o que é filosofia?
A psicologia é o estudo da mente e sua influência no comportamento. Através dela é possível compreender o funcionamento dos processos cognitivos, das disfunções mentais e emocionais, bem como melhorar o comportamento e aumentar o bem-estar em diferentes áreas e relacionamentos: escolas, clínicas, empresas, quadras, esportes, família, casais, etc.
Por sua vez, a filosofia é entendida, literalmente, como ‘o amor (philo) pela sabedoria (sofía)’. É o estudo das questões mais básicas e fundamentais da vida humana: razão, beleza, conhecimento, moralidade, linguagem.
Em outras palavras, e seguindo a Real Academia Espanhola (RAE), a filosofia “é o conjunto de conhecimentos que procura estabelecer, de forma racional, os princípios mais gerais que organizam e orientam o conhecimento da realidade, bem como o significado da ação humana.
Descubra: Qual é a filosofia da mente?
Quais são as principais diferenças entre a filosofia e a psicologia
Embora no início a relação entre filosofia e psicologia fosse muito estreita, com o passar das décadas elas se tornaram cada vez mais diferenciadas. Vamos ver em que aspectos se diferem.
1. Objeto de estudo
O filosófico está mais interessado em responder questões fundamentais sobre a existência, a realidade, a moralidade e o conhecimento. Seu objeto de estudo centra-se, entre outras coisas, no questionamento dos princípios que fundamentam a experiência e o conhecimento humanos.
Enquanto a psicologia se concentra exclusivamente no estudo da mente e do comportamento humano. A análise desses fenômenos baseia-se, em maior medida, no método científico.
2. Método
Para investigar seu objeto de estudo, os filósofos utilizam, sobretudo, a lógica, a análise crítica e o debate. Eles não dependem tanto de métodos empíricos ou científicos, mas da capacidade do pensador de raciocinar e construir argumentos.
Por sua vez, os psicólogos, na maioria das vezes, recorrem a tais métodos. No entanto, também utilizam outras técnicas não empíricas ou positivistas (fenomenologia, estudos de caso, análise hermenêutica, investigação-ação) para analisar a mente humana.
3. Abordagem teórica
Isso se baseia na consolidação de argumentos lógicos. Os filósofos partem de premissas fundamentais para explorar os aspectos que desejam analisar, como a verdade, a realidade, a liberdade, o sentido da vida e do tempo.
Em contraste, os psicólogos geralmente tendem a apoiar as suas teorias com dados empíricos. Por se basearem na metodologia científica, suas teorias partem do particular para formular outras mais gerais: sua abordagem é mais indutiva.
4. História e evolução
Outra diferença entre filosofia e psicologia é que a primeira é muito mais antiga, aliás, é considerada a mãe de todas as ciências. As suas raízes remontam à Grécia antiga e evoluíram ao longo dos séculos.
Embora a princípio o psicológico fosse apenas mais uma área de estudo mais do filosófico, com o tempo foi se separando até se tornar uma disciplina independente, no final do século XIX e início do XX. Essa ruptura foi marcada pela criação do primeiro laboratório de psicologia em 1879, liderado por Wilhelm Wundt, na Universidade de Leipzig.
5. Subdisciplinas
A divisão em áreas de estudo também os diferencia. A filosofia possui ramos como metafísica, ética, epistemologia, estética, entre outros. Por outro lado, a área psicológica é separada em clínica, organizacional, social, esportiva, educacional, forense…
6. Consciência e mente
A forma como cada disciplina compreende a mente e a consciência as distingue, embora, às vezes, possa haver convergências onde se complementam. Por um lado, os filósofos concentram-se mais na análise da natureza da consciência, do livre arbítrio e da relação entre mente e corpo a partir de uma perspectiva mais conceitual.
Em vez disso, os psicólogos concentram-se mais em fazer uma análise empírica dos processos cognitivos e como eles evoluem ao longo do ciclo de vida. Da mesma forma, eles investigam como estes afetam as emoções e o comportamento e vice-versa.
7. Aplicações práticas
Entre as diferenças, acrescenta-se que a aplicação do filosófico não é tão prática quanto a do psicológico, pois está mais focada na argumentação e na análise lógica e conceitual. Porém, nos últimos anos, novas formas de utilizar a filosofia no dia a dia começaram a surgir, como consultorias, oficinas especializadas e ensino de filosofia para crianças.
O campo psicológico, por sua vez, é mais pragmático, ou seja, busca aplicar seus conhecimentos para resolver problemas relacionais, comportamentais, cognitivos ou emocionais que afligem pessoas ou grupos. Por exemplo, pode ajudar a aumentar a produtividade de uma empresa, fazer um diagnóstico clínico, melhorar os processos de aprendizagem dos alunos, etc.
8. Linguagem teórica
Existem também diferenças entre o filosófico e o psicológico porque no primeiro se utiliza uma linguagem mais pessoal. Em vez de termos universais, é possível que cada formulação conceitual que os filósofos fazem varie de um para outro, dependendo de como cada um os utiliza. Isso gera diversas interpretações do mesmo tema ou conceito.
Por outro lado, no segundo, quando se busca a cientificidade, utiliza-se uma linguagem mais padronizada e consensual. Essa linguagem tenta ser mais clara, menos ambígua, e universal dentro da comunidade científica.
9. Perspectiva do conhecimento
A filosofia está interessada nas teorias do conhecimento (epistemologia) e pergunta como conhecemos a realidade e tudo o que nos rodeia. Com base na lógica, na abstração, na conceituação e na problematização, constrói teorias e argumentos.
Por sua vez, a psicologia está focada na compreensão dos processos cognitivos utilizados para conhecer e aprender, e tenta melhorá-los caso sejam deficientes. Ela pode recorrer à neurociência para compreender o correlato biológico subjacente ao processamento da informação e à sua subsequente consolidação como conhecimento do mundo.
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Semelhanças entre os dois ramos
Existem fatores que unem o filosófico e o psicológico e permitem que eles se alimentem em certos sentidos. Em primeiro lugar, surgem do interesse do homem em compreender a sua própria natureza. Filósofos como Aristóteles, Platão, Sócrates, Epicuro, entre outros, refletiram e estudaram a mente, a vida, o sofrimento e o comportamento humano.
Da mesma forma, ambos estão interessados em compreender a mente e como ela funciona. Profissionais dessas áreas exploram por que as pessoas agem dessa maneira. Outro aspecto que os aproxima é a investigação das percepções, da identidade, da interação social e da consciência.
Por fim, eles têm o potencial de ajudar as pessoas a viver e a lidar com o desconforto e a adversidade. Psicólogos e filósofos oferecem maneiras de se conhecer e desfrutar de uma existência mais plena.
Disciplinas que evoluíram em diferentes direções
Ao longo deste artigo, aprendemos que, apesar da origem comum que ambas as disciplinas têm, elas têm se tornado cada vez mais separadas na forma como compreendem e analisam a existência humana e os problemas que a atormentam.
Apesar das diferenças, a psicologia e a filosofia oferecem perspectivas muito interessantes sobre múltiplas questões existenciais e sociais. Em vez de continuar a abrir o fosso entre elas, deveriam ser criados espaços de diálogo onde o conhecimento acumulado sobre o ser humano seja realimentado e enriquecido.
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