Dispersão mental: saiba como tirar proveito dela

O que é a dispersão mental? Quais são as suas vantagens? Como podemos trabalhá-la? Descubra em nosso novo artigo!
Dispersão mental: saiba como tirar proveito dela

Última atualização: 16 setembro, 2021

O que é a dispersão mental? É algo negativo ou também tem aspectos positivos? O que podemos fazer para que ela não interfira negativamente em nossa vida diária?

Neste artigo, aprenderemos em que consiste esse conceito relacionado à mente e à cognição, analisando as explicações dos mais importantes psicólogos da área. Além disso, também descobriremos como a dispersão mental se relaciona com a inteligência e, mais especificamente, com a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner. Não perca!

O que é a dispersão mental?

A dispersão mental é o produto natural de tentar resolver vários problemas ao mesmo tempo; uma multiplicidade de estímulos exigentes que sobrecarregam nossos recursos de atenção, prejudicando capacidades tão importantes quanto a memória de trabalho.

Em que isso se traduz? Na dificuldade de resolver estes problemas.

Inteligência múltipla

Teoria das inteligências múltiplas de Gardner

Podemos relacionar o conceito de dispersão mental com a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner (1983). De que maneira? Vamos para a origem…

Howard Gardner, psicólogo, pesquisador e professor da Universidade de Harvard, é, talvez, o mais conhecido defensor da ideia de que existem diferentes tipos de inteligência. Este pensamento enfrenta uma concepção social muito mais reducionista desse processo psicológico básico.

Gardner argumenta que temos muitas maneiras e muitos campos nos quais podemos ser inteligentes. Assim, ele estabeleceu até 8 tipos de inteligência e passou a categorizar outras formas de pensar por meio da sua Teoria das Inteligências Múltiplas (1983).

Algumas dessas “novas” inteligências tinham a dispersão mental como um “risco”. Isto é, pessoas que não têm uma inteligência analítica muito marcada (inteligência “clássica”), que não são tão focadas, teriam uma maior probabilidade de se dispersar.

Nesse contexto, a dispersão mental estaria intimamente associada ao risco que pessoas com uma inteligência mais criativa e intuitiva correm de não conseguirem focar sua atenção.

Problemas e vantagens da dispersão mental

O problema da dispersão mental é que, no final, você não está resolvendo nada, está permitindo que as coisas se dissolvam e ponto. Tudo isso faz com que haja um certo gasto de energia, que por sua vez nos faz sentir exaustos.

No entanto, quando a dispersão mental não é extrema, ela pode ser adaptativa, e isso tem muito a ver com a criatividade e a intuição. Segundo a coach Mónica González, há momentos em que as grandes vantagens de ter inteligências diferentes das “clássicas” (musicais, cinestésicas, artísticas…) nos deixam menos concentrados ou nos impedem de fixar tanto a atenção: levando à dispersão mental.

Embora esse conceito pareça negativo, este não é inteiramente o caso. Quando você consegue integrar muitos conceitos diferentes, na realidade o que você está fazendo é gerando um todo enriquecido, diverso e plural.

A dispersão mental nos permite integrar muitos aspectos diferentes e enriquecedores ao trabalhar com nosso pensamento. Muitas pessoas precisam dessa dispersão mental para serem mais criativas (embora isso deva ocorrer na medida certa).

Como trabalhar a dispersão mental?

Segundo Mónica González, é importante perguntar à pessoa se essa dispersão mental, intrínseca à sua natureza, está causando problemas ou não. Ou seja, pergunte a ela: a dispersão mental faz você se sentir mal? Você tem um déficit para compensar ou mudar? Caso interfira e a pessoa queira alterá-la, podemos oferecer as seguintes orientações:

  • Use listas e agendas. Anote as coisas que quer fazer e executar (ações). Use o Google Agenda ou diversos aplicativos voltados para a organização do tempo.
  • Crie rotinas e hábitos. É fácil que a nossa mente “se perca” mesmo com hábitos e rotinas, mas isso não é um problema. O problema é que não conseguimos trazê-la de volta para onde queremos, focando a nossa atenção. Felizmente, isso pode ser treinado por meio do controle da atenção.
  • Faça pausas que permitam que a sua mente divague. Muitas vezes nos obrigamos a ficar focados por muito tempo fazendo a mesma tarefa, e isso é impossível. Devemos deixar espaços para nossa mente ir aonde ela sente que deve ir; quando a pausa terminar, teremos que voltar nossa atenção para onde ela é necessária.

“O fato de ter controle sobre o pensamento faz com que você gere uma atenção muito mais consciente, e que essa atenção esteja focada onde você realmente deseja que ela esteja.”
-Mónica González-

O psicólogo Luís Muiño propõe as seguintes diretrizes para trabalhar a dispersão mental:

Canalize a atenção, a energia e o pensamento

Muiño recomenda não ver a dispersão mental como algo negativo e tentar se tornar “amigo” dela, pois também está associada a coisas boas, como criatividade, intuição, etc. Mas o que significa canalizar todos estes elementos?

Por um lado, dê espaço para a dispersão, porque nosso cérebro precisa dela (não tente forçar sua atenção ao longo do dia) e, por outro lado, aprenda a descer ao “mundo real” quando necessário.

Como? Diferenciando o mundo mental do mundo “real”. Para fazer isso, você pode definir gestos, como bater na mesa ou beliscar o relógio. Isso permitirá que você volte à vida real e concentre a atenção onde quiser. Trata-se de automatizar essas “voltas” para a realidade por meio dessas pequenas ações.

Tire proveito da dispersão mental

Muiño também recomenda desfrutar dessa dispersão mental, concedendo-lhe seu território no tempo e no espaço. Ou seja, não se trata tanto de evitar a dispersão mental, mas de aprender com ela, canalizá-la. Assuma-a, aceite-a como parte dos seus momentos vitais e não lute contra ela.

Um pensamento difuso que voa muito rapidamente de conceito em conceito ou de campo em campo é capaz de estabelecer associações realmente novas em algumas ocasiões.

Mulher pensando

Cuide dos seus hábitos de sono

Também é importante cuidar do nosso sono. Segundo os especialistas, dormir e sonhar são formas de “descartar” os restos de pensamentos que não servem mais à nossa mente. Por isso, para as pessoas com dispersão mental é muito importante cuidar desse hábito.

Um bom descanso melhora a nossa atenção. Se dormirmos bem, conseguiremos direcionar a nossa atenção por mais tempo e colher mais e melhores frutos quando ela se dispersar.


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  • Espino, O.G. (2004). Pensamiento y razonamiento. Pirámide.
  • Muiño, L. (2003). El factor humano en pantalla: un paseo por la Psicología desde el patio de butacas – con Florentino Moreno (2003). Editorial Complutense.
  • Muiño, L. (2007). Perder el miedo al miedo. Editorial Espasa

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