Ecoansiedade, uma consequência das mudanças climáticas

Você se preocupa com as mudanças climáticas? Você sente muito estresse quando recebe informações sobre esse assunto? Talvez você esteja sofrendo de ecoansiedade. Vamos conhecer mais sobre o tema a seguir.
Ecoansiedade, uma consequência das mudanças climáticas
María Vélez

Escrito e verificado por a psicóloga María Vélez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A crise climática é uma realidade. Os polos estão derretendo, espécies estão sendo extintas em um ritmo vertiginoso, enquanto os ecossistemas estão sofrendo alterações e sendo destruídos. Isso dá origem a dois problemas: conflitos humanitários pelo controle de determinados recursos e preocupação com a sua escassez. Essa preocupação afeta cada pessoa de forma diferente, mas para algumas ela pode ser tão profunda que incide diretamente sobre suas vidas, como acontece com quem sofre de ecoansiedade.

Esse conceito, também conhecido como ansiedade climática, surgiu da necessidade de denominar o medo crônico da destruição ambiental. A preocupação com a mudança climática e suas consequências sobre toda a natureza pode ser considerada uma fonte de estresse a se acrescentar às preocupações do dia a dia.

Mudanças climáticas na Terra

Dois possíveis motivos por trás da ecoansiedade

A ecoansiedade pode ser causada por dois motivos. Por um lado, por ter sido obrigado a deixar o local de origem ou como consciência de ter uma consciência ambiental tão desenvolvida que leva a um mal-estar psicológico.

A terra perdida

De acordo com um relatório publicado pela União Europeia, todo ano cerca de 26 milhões de pessoas são afetadas por desastres meteorológicos: inundações, incêndios ou fortes tempestades.

Há moradores de certas áreas que são obrigados a emigrar devido a esses acontecimentos. Por exemplo, uma em cada dez pessoas que vivem em ilhas como Tuvalu e Kiribati acaba se tornando refugiada climática.

Devido às mudanças ambientais que estamos vivendo e causando, grande parte da biodiversidade está sendo perdida, e isso faz com que determinados locais fiquem sem recursos.

Portanto, está ficando cada vez mais difícil, e até mesmo impossível, residir nessas áreas. Como consequência disso, a Organização das Nações Unidas estima que cerca de 1,5 bilhão de pessoas terão que se deslocar para sobreviver.

Além da mudança que precisam encarar por ter que mudar seu local de residência, essas pessoas que emigram à força sofrem ao ver sua terra e seu ambiente destruídos, o que pode gerar uma enorme preocupação e frustração.

Consciência ambiental

As pessoas que têm apego e consciência em relação à natureza são afetadas por uma inquietação emocional que, além disso, é acompanhada por um sentimento de frustração devido ao poder limitado das ações individuais. Assim, existem pessoas que realmente sofrem com os efeitos que estamos causando no planeta.

Um exemplo disso é o efeito atual sobre os adolescentes e jovens. Um psicólogo clínico de Oxford descobriu que muitos pré-adolescentes apresentam ecoansiedade.  

Isso ocorre porque as crianças são mais propensas a entender e aceitar a ideia de que os seres humanos são os responsáveis ​​por essas mudanças climáticas. Portanto, elas acabam experimentando emoções como ressentimento em relação aos mais velhos que poderiam ter amenizado o impacto, a frustração, o medo e a tristeza.

Por outro lado, é impressionante como os cientistas ambientais também são amplamente afetados. Nesse sentido, Joe Duggan lançou em 2014 uma pesquisa para cientistas na qual eles deveriam responder como as mudanças climáticas os faziam sentir.

Os resultados mostravam mais do mesmo: desesperança, medo, desespero e preocupação. De fato, cientistas britânicos publicaram recentemente uma carta na prestigiosa revista Science solicitando ajuda psicológica para lidar melhor com os resultados negativos de seus estudos.

Consequências

São muitas as consequências que ocorrem devido às mudanças climáticas, além da ecoansiedade. Focando em aspectos psicológicos, essas variações podem levar a alterações fisiológicas que, por sua vez, afetam o bem-estar das pessoas. Nossos processos fisiológicos mais básicos – como dormir ou nos alimentar – são fortemente influenciados pela natureza.

A luz do sol, por exemplo, e a temperatura afetam os ritmos circadianos e regulam os neurotransmissores que influenciam nossa saúde e humor. Portanto, mudanças radicais em nosso ambiente comprometem o equilíbrio do nosso corpo em todos os níveis.

As catástrofes naturais e as altas temperaturas também estão intimamente relacionadas com distúrbios psicológicos, como a ansiedade ou os transtornos de humor. Por exemplo, o aumento das temperaturas globais já causa repercussões na saúde mental.

Uma pesquisa publicada pela Nature relatou que esse aumento está relacionado às taxas de suicídio. Outro exemplo seria outro estudo que identificou como o pessimismo aumenta diante de temperaturas significativamente altas.

Mulher preocupada

O que podemos fazer diante da ecoansiedade? 

Da nossa parte, com o objetivo de reduzir o problema e o nosso mal-estar, está em nossas mãos o poder de realizar três ações simples:

  • Pensar nas mudanças climáticas ao decidir o que comer, como viajar, o que e onde comprar.
  • Conversar sobre as mudanças climáticas com pessoas próximas. Podemos não ser capazes de mudar o mundo, mas aumentar a conscientização em pequena escala pode fazer uma grande diferença.
  • Saber quais medidas estão sendo tomadas no âmbito político e o que propõem os partidos. Assim, também podemos tomar decisões nas urnas.

Diante dessa situação, que pouco pode mudar se não agirmos imediatamente, os especialistas recomendam a promoção de mecanismos de resiliência. Ou seja, entender o problema como um elemento multidimensional.

Portanto, a melhor medida para diminuir a ecoansiedade seria informar bem a população e capacitá-la, dando oportunidade para que cada pessoa faça parte da solução.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.