Por uma educação focada no cérebro e não nos dados

Em tempos em que a otimização da aprendizagem adquire cada vez mais importância para pais e alunos, é fundamental saber como educar. Entender a forma como assimilamos informações ou internalizamos procedimentos é o ponto de partida para atingir esse objetivo.
Por uma educação focada no cérebro e não nos dados
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 25 março, 2021

A Drª. Julia Harper é uma das principais figuras de vanguarda da educação focada no cérebro e não nos dados. Ela é mestra em Terapia Ocupacional e doutora em Psicologia, e dirige a clínica Therapeed, um centro especializado em neuroplasticidade que atua desde 1999.

Harper assegura que pelo menos uma em cada vinte e cinco pessoas, sem saber, não processa adequadamente a informação que chega ao cérebro. Ela acrescenta que a ciência mostra que as funções intelectuais podem ser maximizadas com o treinamento adequado.

Como outros especialistas, ela acredita que em muitos países a educação não é focada no cérebro , mas no acúmulo de dados durante a aprendizagem. E isso leva ao fracasso em atingir o desempenho total em várias tarefas associadas ao intelecto.

“Existe uma maneira de tornar nossos padrões cerebrais e de comportamento mais construtivos e eficazes, e isso permitirá que você mude o seu comportamento.”
-Julia Harper-

Uma educação focada no cérebro

Uma educação focada no cérebro

Na opinião da Drª. Julia Harper, a educação deve ser focada no cérebro. Ela destaca que toda aprendizagem começa aí. Nesse órgão estão o córtex e o subcórtex, e cada uma dessas partes desempenha um papel em diferentes momentos da aprendizagem.

  • O subcórtex é responsável por 80% da aprendizagem. Nele, ocorrem os processos de adoção e automação da informação.
  • No córtex, por sua vez, são gerados os resultados da aprendizagem. Na educação tradicional, tudo se concentra no córtex, deixando de lado os processos anteriores.

Uma educação focada no cérebro se baseia na aprendizagem focada no subcórtex e deve partir de uma compreensão profunda do sistema nervoso, de modo a potencializar as habilidades superiores. Caso contrário, o cérebro receberá a informação, mas não será capaz de entendê-la e processá-la adequadamente.

Aprendizagem e neuroplasticidade

Julia Harper é contundente ao afirmar que o cérebro pode se transformar em qualquer idade, basta treiná-lo para que estabeleça as conexões de maneira adequada e dê as ordens correspondentes. A neuroplasticidade funciona para reparar as conexões que não funcionam bem.

A metodologia usada para conseguir isso é chamada de W.A.Y e começa fazendo uma divisão funcional do cérebro. Por exemplo, o nível um corresponde à medula, o nível dois ao tronco cerebral superior e ao cerebelo, o nível três ao córtex esquerdo ou direito, e assim por diante.

Em seguida, é estabelecido em que área existem dificuldades e intervenções. Para isso, são utilizadas várias ferramentas e realizados exercícios focados. Isso gera novos estímulos que permitem quebrar hábitos (conexões) indesejados e criar outros.

Para alcançar uma educação focada no cérebro, deve haver uma equipe que inclua terapeutas cognitivos, neurologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e nutricionistas. Além disso, deve ser feito um tratamento de seis semanas, no qual as três primeiras são destinadas a eliminar hábitos indesejados e as seguintes a construir novos padrões.

Aprendizagem e neuroplasticidade

O efeito do entorno

Um dos exemplos citados pela Drª. Julia Harper é o de uma criança que não consegue controlar seu intestino. Nela, o que falha é o nível dois do cérebro. Em geral, isso é acompanhado por outros comportamentos, como impulsividade, falta de flexibilidade e dificuldade de adaptação a mudanças.

Ela também aponta que os pais muitas vezes não têm as ferramentas para educar o cérebro dos seus filhos. Isso é evidente em certos comportamentos que prejudicam as crianças, mas que são sistematicamente ignorados. Alguns deles são os seguintes:

  • Exposição a telas. Harper diz que a ciência comprova que nenhuma criança com menos de 2 anos deve ser exposta a uma tela, já que isso afeta o seu cérebro, diminuindo a sua capacidade de atenção.
  • Luzes das telas. Além do que foi dito acima, Harper observa que as luzes das telas estimulam áreas do cérebro associadas a vícios. Portanto, quando a criança começa a utilizá-las, ela começa a tê-las por perto para comer, se divertir, etc.
  • Antigravidade em bebês. Os bebês precisam passar tempo de barriga para baixo, pois a antigravidade estimula o seu cérebro. Além disso, favorece o engatinhar, essencial para o desenvolvimento da criança.

Assim, uma educação focada no cérebro deve partir de tudo o que a ciência descobriu sobre esse órgão e como ele aprende. Felizmente, segundo Harper e graças à neuroplasticidade, é possível fazer correções em qualquer momento da vida.


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  • Fuster, J. M. (2014). Cerebro y libertad. Los cimientos cerebrales de nuestra capacidad para elegir. Participación educativa. Revista del Consejo Escolar del Estado. Segunda época. Vol. 3/Nº 5/2014. Conocimiento, políticas y prácticas educativas, 139.


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