A educação inclusiva: uma aposta segura

A educação inclusiva visa garantir que todas as pessoas possam participar de forma ativa do seu próprio processo de formação. Isso inclui tanto os alunos quanto os professores, os pais e a sociedade como um todo.
A educação inclusiva: uma aposta segura
Paula Villasante

Escrito e verificado por a psicóloga Paula Villasante.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Segundo a Declaração de Salamanca da UNESCO de 1994, a educação inclusiva implica acolher todas as pessoas, independentemente das suas condições físicas, intelectuais, sociais, culturais ou de gênero, em um sistema educacional que atenda às suas necessidades individuais.

É um objetivo que integra e envolve a comunidade em geral. Isso inclui alunos, professores, familiares, autoridades locais e meio ambiente. É um trabalho de todos, que preza pelo respeito aos direitos humanos e pela democracia. Assim, essencialmente, reivindica o direito da criança à educação, à igualdade de oportunidades e a não discriminação ou exclusão por deficiência (1).

A educação inclusiva visa garantir que todas as pessoas possam participar de forma ativa, tanto na sociedade quanto na educação. Dessa forma, a educação inclusiva representa uma espécie de transformação dos sistemas e centros educacionais. O objetivo dessa transformação é responder às necessidades dos estudantes (2).

O objetivo é estimular a promoção e a aceitação da diversidade como um valor fundamental da aprendizagem. Assim, pode-se dizer que a educação inclusiva representa um processo e um desafio em termos de direitos humanos (2).

Professora dando aula

Elementos da educação inclusiva

Segundo o autor Ainscow, os quatro elementos da educação inclusiva são (2):

  • A inclusão em um processo deve ser considerada a busca por maneiras de lidar efetivamente com a diversidade. Isso significa aprender a conviver com a diferença e aceitar a diversidade como um valor positivo no âmbito da aprendizagem.
  • A inclusão se concentra na identificação e eliminação de barreiras que limitam a aprendizagem e a participação de alunos com deficiência. Isso significa avaliar e planejar melhorias na política escolar, nas práticas educacionais e na cultura escolar.
  • Essa inclusão também dá uma atenção especial aos grupos de estudantes que correm risco de ser excluídos e marginalizados ou de não atingir um desempenho ideal.
  • Considera-se que a inclusão é participação, assiduidade e desempenho de todos os alunos.

As necessidades educacionais especiais

Esse conceito surge a partir da atenção aos diferentes tipos de deficiência que precisam da participação de profissionais devidamente capacitados. Estes devem contar com o suporte necessário para realizar o processo escolar.

No entanto, parece que, embora avanços tenham ocorrido, a realidade do sistema educacional está longe de responder de forma eficaz às necessidades das pessoas com deficiência dentro da escola comum (2).

O normal e o anormal

Historicamente, as pessoas com deficiência têm sido segregadas. É feita uma distinção entre professores para ensinar crianças sem deficiência identificada e professores preparados para cuidar de alunos com deficiência.

É um modelo educacional separado, que responde às concepções pedagógicas, psicológicas e médicas dos séculos XIX e XX. Parece que essas concepções influenciaram as práticas educativas que levam a considerar a deficiência como uma anormalidade (4).

Essa concepção de normalidade-anormalidade aponta para a educação especial como um lugar privilegiado. Nele seriam desenvolvidos métodos e avaliações voltados para os “deficientes”. Com isso, as pessoas com deficiência são apagadas, distanciando-as de sua condição social de sujeitos plenos, com potenciais de desenvolvimento, como cidadãos, etc. (5).

Crianças em sala de aula

Aspectos necessários na educação inclusiva

Segundo os autores Muñoz e Martuny, uma verdadeira educação inclusiva deve levar em consideração os seguintes aspectos (6):

  • A diversidade de estilos de aprendizagem. Nem todas as pessoas aprendem da mesma forma, por isso é necessário elaborar estratégias criativas que aprimorem as habilidades dos estudantes.
  • A diversidade é uma variável fundamental: seu valor também é positivo. Não se pode permitir transformar a diferença em uma desvantagem ao longo do processo educacional.
  • Também existe uma diversidade de ritmos. Todos nós temos tempos únicos e diferenças na assimilação de conteúdos e aprendizagens. Nesse sentido, os calendários rígidos são uma forma eficaz de criar desigualdades, favorecendo a exclusão.
  • Também existe uma diversidade de interesses, motivações e expectativas na aprendizagem escolar.
  • Ao mesmo tempo, é necessário considerar a diversidade de capacidades e ritmos de desenvolvimento. Todas as pessoas desenvolvem de maneira específica diferentes potencialidades, sem que se deva estabelecer uma hierarquia fechada delas. Todo aluno, independentemente das suas características, é capaz de agir, de se interessar e de obter conhecimento e aprender. No entanto, é necessário compreender que eles precisam de auxílios, tempos, recursos e contextos de aprendizagem adaptados às suas necessidades (6).

Como vimos, a educação inclusiva pode ser definida como uma educação de qualidade para todos os estudantes, independentemente das suas características sociais, pessoais, culturais ou de gênero. Assim, parece ser necessário o desenvolvimento desse tipo de educação no futuro, favorecendo uma aprendizagem em que mais pontes sejam construídas e menos fronteiras sejam demarcadas.


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