Efeito Dobby: você se sente culpado por tudo?

Você se sente culpado por tudo? Você se autocastiga? Talvez você sofra do que conhecemos hoje como "efeito Dobby".
Efeito Dobby: você se sente culpado por tudo?
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Se você conhece o mundo de Harry Potter, já sabe quem é o personagem que inspirou o efeito Dobby. Dobby é um elfo doméstico que costuma se automutilar quando não cumpre com as expectativas de seus mestres (ou acha que não cumpre).

Embora pareça uma cena cômica, horroriza aqueles ao seu redor. Afinal, quem iria querer machucar a si mesmo? No entanto, esta é uma realidade vivida por muitas pessoas. Por isso, de alguma maneira, ela se popularizou como efeito Dobby.

O efeito Dobby está intimamente relacionado à forma como o simpático elfo trata a si mesmo. Sentir-nos culpados por ter feito algo que vai contra nossos valores ou que rotulamos como “ruim” é, até certo ponto, normal.

O problema surge quando nos castigamos constantemente porque nos sentimos culpados por tudo. Aqui existe um problema muito maior. Estamos nos responsabilizando em excesso.

Mulher se sentindo culpada

O excesso de culpa

Na sociedade em que vivemos, existem diferentes razões pelas quais podemos nos sentir culpados sem motivos reais para isso. Em muitas ocasiões, a culpa surge porque não satisfazemos as expectativas dos outros ou o que a sociedade espera de nós.

Vejamos alguns exemplos que nos permitirão entender isso melhor:

  • Ser uma mãe ruim: muitas mulheres sofrem do que se conhece como depressão pós-parto. Isso faz com que elas se sintam culpadas, pois, em teoria, ser mãe deveria corresponder a uma “felicidade absoluta”. Assim, nos casos em que essa expectativa não é atendida, que são muitos, pode surgir a culpa.
  • Merecer as agressões do parceiro: as pessoas agredidas geralmente justificam o dano físico de seus parceiros devido a ações ou atitudes que elas tiveram. Desta forma, não são capazes de deixá-los porque elas são as culpadas.

Existem muitos outros cenários em que uma pessoa pode se identificar com o efeito Dobby. A mulher que está passando pela depressão pós-parto a alimenta sentindo-se culpada. A pessoa que é maltratada faz o mesmo ao justificar o dano que está recebendo.

Trata-se de uma forma de autoflagelação indireta. Não é ela mesma que está se machucando, mas permite que outra pessoa o faça por ela.

“Tenho um grande complexo de culpa quando se trata de promover o meu trabalho, tanto que toda vez que estive prestes a inaugurar uma exibição, tive algum tipo de ataque. Então, em um dado momento eu decidi não tentar de novo”.
-Louise Bourgeois-

A responsabilidade no efeito Dobby

A responsabilidade no efeito Dobby

A culpa não tem que ser prejudicial. No entanto, passa a sê-lo quando se torna o causador de uma punição sem qualquer propósito além de experimentar o sofrimento.

Uma culpa se torna perversa quando acaba com a nossa assertividade, permitindo que terceiros nos prejudiquem. Era exatamente o que acontecia com Dobby.

Às vezes, essa responsabilidade que carregamos em nossas costas surge em nossa infância. Talvez nossos pais depositassem em nós todas as suas frustrações. Talvez nos dissessem repetidas vezes que não merecíamos isso ou aquilo.

Tudo isso ficou na nossa mente e, à medida que fomos crescendo, aprendemos a antecipar esse “você é o culpado” ou “você errou”. Nós mesmos nos encarregamos de nos castigar.

Apesar de tudo isso, é possível sair desse efeito Dobby. A melhor maneira é fazendo um trabalho que nos permita melhorar nossa autoestima.

Quando conseguirmos melhorar o conceito que temos de nós mesmos, começaremos a ser mais flexíveis com nossos erros. Acima de tudo, deixaremos de estender nossa responsabilidade além de onde ela chega.

Portanto, se você sente que está preso em uma espécie de caverna e a culpa é o eco, se você se sentiu identificado com o efeito Dobby, não hesite em recorrer a um profissional .

Seu diálogo interno e a forma como você se trata vão melhorar, e ajudarão a protegê-lo de fenômenos perigosos como a dependência emocional de pessoas que estão dispostas a satisfazer seus interesses tirando proveito do lado mais vulnerável dos outros.


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