Como ensinar as crianças a lidar com o estresse

As crianças podem aprender sobre o estresse, entender como reagir a sinais que indicam a sua presença e adquirir as ferramentas necessárias para lidar com esse sentimento de uma maneira efetiva. Tudo isso se nós as ajudarmos...
Como ensinar as crianças a lidar com o estresse
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Hoje em dia, o estresse faz parte da vida dos adultos. Infelizmente, ele também está presente na vida de muitas crianças. O ritmo de vida vem passando por um grande aumento de velocidade nos últimos anos. No entanto, se para os adultos é importante aprender a lidar com estas consequências do conjunto de necessidades e obrigações que devem enfrentar, ensinar as crianças a lidar com o estresse é ainda mais importante.

Saber priorizar, administrar o tempo ou fazer pausas de descanso e tranquilidade são aspectos fundamentais para impedir que o estresse se transforme no protagonista da vida das crianças. Por essa razão, preocupar-se em incutir nelas estratégias para lidar com situações ou épocas estressantes vai fazê-las se sentirem melhor e lhes permitirá enfrentar mais facilmente as dificuldades diárias.

Determinar qual é o problema que origina o estresse nas crianças, o que pode estar causando-o e quais medidas tomar é fundamental para ajudar uma criança a se sentir melhor e mais relaxada.

O que causa o estresse nas crianças?

O excesso de trabalho, a pressa e a sobrecarga de responsabilidades podem causar estresse, tanto em crianças quanto em adultos. No entanto, há muitos outros elementos que também contribuem para elevar os níveis de estresse, como o barulho, a saturação ambiental (estímulos de todo tipo competindo para chamar a nossa atenção) ou a luz das telas (computadores, celulares, televisões, etc.).

Ensinar as crianças a lidar com o estresse

Para as crianças, que tendem a ser mais suscetíveis ao barulho e a outros estímulos físicos, os fatores de estresse cotidianos costumam se ampliar. Esse fator faz com que a necessidade de um tempo de inatividade silenciosa seja ainda mais crucial. Se a isso somarmos a escola e as atividades extracurriculares, a pressão para ter sucesso, as mudanças ou os conflitos familiares, além de outros fatores que possam provocar estresse, temos a receita perfeita para ter uma criança estressada.

Além disso, a redução da atividade física, comum às crianças de hoje em dia, também não ajuda. E mais, uma criança que não faz exercício perde uma de suas principais ferramentas para lidar com o estresse. Nesse sentido, vale destacar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as crianças façam exercício físico durante uma hora por dia. Reduzir esse tempo não apenas prejudica a saúde física, mas também a saúde mental.

Sinais de estresse infantil

Os sinais de estresse nas crianças podem ser bastante sutis – e em alguns casos confusos –, como dores de estômago, dores de cabeça ou mudanças no comportamento. Também se pode notar mudanças de humor e problemas para dormir, assim como dificuldade de se concentrar na escola.

Além disso, se ocorrerem mudanças significativas na vida da criança, como uma mudança de casa ou a chegada de um novo membro à família, os pais devem prestar atenção especial no impacto dessas mudanças. Dessa forma, poderão ser detectados possíveis sinais de estresse infantil.

Também é importante levar em consideração que é possível sentir estresse devido a acontecimentos na escola ou em qualquer outro lugar no qual a criança passe um determinado tempo.

Dicas para ensinar as crianças a lidar com o estresse

É comum que uma criança não entenda que o que ela está sentindo é estresse. Ela pode, simplesmente, se sentir triste, exausta, brava ou ansiosa. Sentir estresse pode ser algo novo para ela, e o mais provável é que ela não saiba lidar com as suas emoções. Por isso a importância de ensinar as crianças a lidar com o estresse, de ajudá-las a compreender o que é o estresse, o que o causa e como lidar com esse sentimento.

Nesse sentido, ensinar as crianças a lidar com o estresse implica:

  • Criar um clima de confiança com elas para transmitir-lhes a ideia de que podem conversar sobre qualquer coisa que lhes aconteça.
  • Escutar atenta e ativamente o que as crianças nos dizem, antes de oferecer sugestões e conselhos. Essa atitude vai fazer com que qualquer palavra que dissermos tenha muito mais valor.
  • Para muitas crianças, é mais fácil falar sobre seus problemas em situações ativas, especialmente em situações que promovem o relaxamento, como uma brincadeira não competitiva e as atividades criativas, um passeio no campo ou o preparo de uma receita simples. Portanto, incentivá-las a participar desse tipo de atividade as ajudará a desabafar e se sentir melhor.
  • É preciso incentivar que pratiquem exercício aeróbico, atividades que induzam ao relaxamento, assim como cultivem momentos de paz, tranquilidade e descanso.
Crianças meditando

Como comentário final, reunimos os resultados de um estudo recente, publicado na revista Psychology Research and Behavior Management, que afirma que a ioga e a meditação de atenção plena desde a fase escolar podem ajudar as crianças a lidar com o estresse e a ansiedade.

Graças à prática desse tipo de atividade, as crianças experimentam uma melhora na qualidade de vida, tanto emocionalmente quanto no âmbito de suas relações interpessoais. Portanto, além de ensinar as crianças a lidar com o estresse através de atividades que envolvam aspectos emocionais e atividades criativas, também podemos trabalhar a mente por meio do corpo para promover um aumento do bem-estar.

As atividades de ioga e atenção plena podem facilitar a forma como as crianças vão lidar com o estresse. Essas práticas podem ser agregadas como um complemento às atividades de aprendizagem social e emocional.


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  • Bazzano, A., Anderson, C., Hylton, C., & Gustat, J. (2018). Effect of mindfulness and yoga on quality of life for elementary school students and teachers: results of a randomized controlled school-based study. Psychology Research And Behavior ManagementVolume 11, 81-89. doi: 10.2147/prbm.s157503
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