Epitálamo: características e funções
O epitálamo é uma pequena estrutura responsável por grandes funções para a nossa sobrevivência. Regula os ritmos circadianos, nosso sono noturno e inclusive a economia de energia. Além disso, graças a sua conexão com o sistema límbico, participa dos nossos processos emocionais que regem a motivação e também os estados que têm relação com a depressão.
Todos já ouvimos falar de algumas partes relevantes do nosso cérebro, como o hipocampo, o córtex cerebral, a glândula pineal e os diferentes lobos cerebrais. O epitálamo, no entanto, ainda não é tão conhecido. Na verdade, os neurologistas ainda não sabem muito sobre essa pequena parte do diencéfalo, situada logo acima do tálamo.
Mesmo assim, o mais interessante do epitálamo é o papel que ele exerce, de regulador em relação a todas as funções hormonais, que por sua vez regulam os ciclos de sono, de vigília e que, além disso, estimulam o crescimento e o nosso amadurecimento. Por outro lado, dentro do campo da psicologia, é especialmente decisivo entender como atua essa pequena mas importante estrutura na modulação do nosso estado de humor.
No universo cerebral, assim como acontece na nossa vida, as coisas nem sempre têm responsabilidades relacionadas diretamente com o seu tamanho. Essa pequena área do diencéfalo é um exemplo claro disso. Vamos descobrir mais sobre o epitálamo a seguir.
Onde está o epitálamo?
O epitálamo está no interior de uma área cerebral conhecida como diencéfalo. Essa última região, caso você não tenha ouvido falar dela, situa-se na parte anterior do cérebro, assim como outras estruturas como o tálamo, o hipotálamo e a glândula pituitária.
Além disso, assim como já falamos anteriormente, o epitálamo está acima do tálamo e compartilha espaço com o terceiro ventrículo. Cabe destacar também que se há algo que marca a função dessa região, são suas conexões com o sistema límbico. Lembremos que esse sistema é encarregado de regular nossas emoções, determinadas respostas fisiológicas e também nossos instintos.
Não estaremos errados, portanto, se dissermos que o diencéfalo e todas as estruturas que o compõem, em termos filogenéticos, são a parte mais antiga do cérebro humano e responsável por processamentos básicos da vida.
Partes do epitálamo e suas funções
Cada função pela qual o epitálamo é responsável acontece com base na comunicação de regiões dessa área entre si, somadas a suas conexões com o sistema límbico. Como bem sabemos, nada no cérebro funciona de maneira isolada, a conectividade é muito grande e perfeitamente regulada, com conexões neurais nas quais a informação é processada a cada instante.
Vejamos quais são as áreas do epitálamo e que tarefa é realizada em cada uma delas.
Núcleos habenulares
A habênula ou os núcleos habenulares estão conectados com a glândula pineal e facilitam a conexão entre o sistema límbico e a formação reticular. Dividem-se, além disso, em duas partes muito distintas: o núcleo habenular lateral e o núcleo habenular medial.
- Essa área está relacionada com o medo e com as decisões a partir das quais decidimos ser prudentes e não arriscar. Além disso, participa dos comportamentos evitativos. A Universidade de British Columbia realizou um estudo que foi publicado na revista Nature Neuroscience, onde mostrou-se que a habênula também estaria relacionada com a depressão (qualquer alteração nessa área facilita comportamentos mais retraídos e caracterizados pelo medo).
- Por outro lado, neurologistas como Stan Floresco, pesquisador do Psycology and Brain Research Centre (BRC) da Universidade de British Columbia, mostram que a estimulação cerebral nessa área melhora o estado dos pacientes com depressão profunda. Um dado interessante que vale a pena levar em consideração.
- Por último, e não menos interessante, sabe-se que a habênula se relaciona com a nossa capacidade de evocar emoções ao sentir determinados cheiros.
Glândula pineal
A glândula pineal é uma estrutura muito mais conhecida (principalmente por todas as correntes espirituais que a definem como o “terceiro olho”). No entanto, muito além desses enfoques não-científicos, cabe dizer que essa parte do epitálamo é uma peça-chave dentro dos nossos processos endócrinos:
- A glândula pineal se encontra na parte posterior do terceiro ventrículo.
- É a menor glândula do nosso organismo, mas ao mesmo tempo ela regula um grande número de processos.
- Encarrega-se de secretar melatonina a partir da serotonina, algo essencial para facilitar nossos ciclos de sono e vigília, assim como explica esse estudo realizado pela Universidade de Michigan e publicado na revista Molecular and Cellular Endocrinology.
- A glândula pineal, além disso, não contém neurônios verdadeiros, são na realidade células gliais.
- Além disso, também participa na síntese de endorfinas, os hormônios sexuais e luteinizantes, chave para o nosso crescimento e amadurecimento sexual.
Para concluir, podemos dizer que dentro do sistema nervoso o epitálamo é, à primeira vista, uma parte muito insignificante por seu tamanho diminuto. Como vimos, no entanto, ao conhecer todas as funções da habênula e da glândula pineal, já podemos intuir que é uma área muito relevante.
O epitálamo é o maestro da orquestra que regula nosso ciclo de vigília e descanso, que facilita o comportamento de evitação em relação a um perigo, que impulsiona nosso crescimento na infância, a conexão com a luz do sol para que o corpo saiba quando baixar seu nível de ativação… Em essência, qualquer alteração nessa área afetaria por completo nosso comportamento habitual.
Dessa maneira, conhecer esses dados sobre o nosso cérebro nos permite compreender melhor muitos dos nossos comportamentos.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Diamond, M.C.; Scheibel, A.B. y Elson, L.M. (1996). El cerebro humano. Libro de trabajo. Barcelona: Ariel.
- Guilding, C., Hughes, ATL, y Piggins, HD (2010). Osciladores circadianos en el epitálamo. Neurociencia , 169 (4), 1630-1639. https://doi.org/10.1016/j.neuroscience.2010.06.015
- Guyton, A.C. (1994). Anatomía y fisiología del sistema nervioso. Neurociencia básica. Madrid: Editorial Médica Panamericana.
- Kandel, E.R.; Shwartz, J.H. y Jessell, T.M. (eds) (1997) Neurociencia y Conducta. Madrid: Prentice Hall.
- Martin, J.H. (1998) Neuroanatomía. Madrid: Prentice Hall.