Éramos mais felizes sem as redes sociais?

O uso das redes sociais está totalmente implementado em nossa rotina diária. Depois de alguns anos fazendo parte de nossas vidas e além dos dados e informações que elas nos fornecem, neste artigo nos perguntamos se éramos mais felizes sem elas.
Éramos mais felizes sem as redes sociais?
Cristina Roda Rivera

Escrito e verificado por a psicóloga Cristina Roda Rivera.

Última atualização: 12 novembro, 2023

Há uma pergunta que vai e vem em nossas mentes. Éramos mais felizes sem as redes sociais? A verdade é que, se refletirmos sobre tudo o que aprendemos com as redes sociais, poderíamos dizer que elas têm sido, há algum tempo, uma grande fonte de informação alternativa.

No entanto, a questão vai além da funcionalidade e utilidade. Com qualquer invenção tecnológica que adicionamos à nossa rotina, temos que analisar se ela está servindo para nos sentirmos melhor. Se otimizou nossas relações, modificou rotinas desadaptativas ou se seu uso produz bem-estar.

Depois de vários anos utilizando-as, convém parar e pensar em tudo o que nos trouxe ou roubou, tudo o que nos ajudou ou não, pessoal e profissionalmente. Por isso nos perguntamos neste artigo: éramos mais felizes sem as redes sociais? A resposta será diferente para cada um de nós, mas refletir sobre alguns pontos nos ajudará a respondê-la.

Amigos tirando uma selfie

Éramos mais felizes sem as redes sociais?

Três bilhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial, usam as redes sociais. Passamos em média duas horas por dia compartilhando, curtindo, tuitando e atualizando informações nessas plataformas, segundo alguns relatos.

Com as redes sociais desempenhando um papel tão importante em nossas vidas, poderíamos estar sacrificando nossa saúde mental e bem-estar, bem como nosso tempo? O que as evidências realmente sugerem?

Éramos mais felizes sem as redes sociais? A sensação de estresse

As pessoas usam as redes sociais para desabafar. A desvantagem disso é que nossos feeds geralmente se assemelham a um fluxo interminável de estresse. Em 2015, pesquisadores do Pew Research Center, com sede em Washington DC, procuraram descobrir se as redes sociais induzem mais estresse do que aliviam.

Na pesquisa com 1.800 pessoas, as mulheres relataram estar mais estressadas do que os homens. O Twitter foi considerado um “contribuinte significativo para o estresse” porque aumentou a conscientização sobre o estresse de outras pessoas.

Humor e redes sociais

Se pararmos para pensar em muitas publicações que vimos, muitas delas não esperávamos ou nos afetaram negativamente. As boas notícias sobre algo em nossas vidas ou de nossos amigos e familiares são comunicadas de outra maneira.

Então, o que estamos procurando? Comparar-nos com os outros? Conseguir encontrar pessoas que estejam relacionadas com a nossa maneira de pensar?

Comparar-se com os outros sempre leva à frustração, porque sempre nos comparamos com as conquistas dos outros. Encontrar pessoas que pensam como você é inspirador, mas podemos realmente sair para tomar um café com elas ou lhes fazer uma ligação um dia? Isso pode acontecer, mas com certeza o tempo investido nas redes sociais é muito maior do que o acompanhamento real e humano em nossas vidas.

Além dos dados específicos, éramos mais felizes sem as redes sociais?

O objetivo deste artigo, cujo título é uma questão em aberto, é convidar o leitor a refletir se as redes sociais, no seu caso particular, têm contribuído para o seu bem-estar e se também observamos essa melhora na sociedade em geral. Depois de alguns anos utilizando-as, podemos observar alguns indicadores.

As redes sociais melhoraram nossos relacionamentos íntimos? Combateram a nossa solidão?

A resposta é radicalmente diferente para uma pessoa e para outra, mas é necessário refletir se as redes sociais nos trouxeram coisas positivas em relação aos nossos relacionamentos, se continuam a fazê-lo e, se não, como corrigi-lo ou modificá-lo.

Quando refletimos sobre a melhoria das relações sociais, nos referimos ao aumento do bem-estar geral de uma pessoa ao manter relacionamentos frequentes e significativos. A intimidade nos relacionamentos se traduz na quantidade de suporte social percebido. A sensação de se sentir amado e de poder contar com pessoas diferentes para planos diferentes nos deixa mais felizes.

Resumindo, para manter um bom relacionamento é preciso manter contato, conversar cara a cara, não tomar as coisas como garantidas e ouvir-se. No entanto, as redes sociais deram-nos uma falsa sensação de familiaridade e contato com os outros onde parece que não é necessário fazer esforço para conhecer o outro.

Mulher olhando para celular

Perda da naturalidade e sensação de solidão

Cada um expõe o que quer em seus perfis e ficamos apenas com isso. Perdeu-se em parte a magia dos olhares, das obsessões e das complexidades visíveis que nos tornam imperfeitos e excitantes ao mesmo tempo. A conexão foi perdida ou rejeitada inexplicavelmente nas distâncias curtas.

A sensação de agitação, de viagens constantes, de tentativa e erro. Agora estamos sistematizados e programados. No começo parecia empolgante, mas perdemos os pequenos detalhes. Estamos cada vez mais cansados da perfeição pré-fabricada. De uma relação fluida nas redes que não se traduz em um interesse genuíno pelo outro na vida real.

Sentimos falta daquelas pessoas que não são perfeitas nas redes, mas são especiais só por cumprimentá-las com um sorriso. Que não é formal em tudo que escreve, mas natural e boa em tudo que diz e faz. Não é que demos menos importância ao comportamento nas redes, mas ao longo dos anos o tempo investido nelas não é proporcional ao benefício emocional que isso nos traz.

Assim, nos vemos qualquer dia querendo curtir um dia maravilhoso e o telefone não toca como antes. Não há pessoas que tenham que “procurar a vida” para se entreter. Temos um universo de perfis nas redes sociais abertas, plataformas digitais e videochamadas ou chats para fazer. O entretenimento nunca foi tão fácil e a dopamina nunca foi dispensada tão rapidamente e sob demanda.

Para concluir, observe que o documentário O Dilema das Redes já nos explicou: hipotecamos uma vida mais agradável de liberação prolongada por doses contínuas de dopamina que nos prendem e nos distraem.

O que você pensa, confundiu a satisfação de pequenas doses com satisfação a longo prazo? Talvez isso nos ajude a não eliminá-las se não for isso que queremos, mas a repensar nossa relação com elas.


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