Estimulação sensorial em pessoas com Alzheimer

A estimulação sensorial em pessoas com doença de Alzheimer permite o desenvolvimento de funções cognitivas, emocionais, motoras e psicossociais. Além disso, facilita o aprendizado através da sensação e da percepção.
Estimulação sensorial em pessoas com Alzheimer
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que, infelizmente e como consequência do envelhecimento da população, está cada vez mais presente. Ainda não foi encontrada a cura, mas existem diferentes intervenções que podem atrasar o seu avanço ou diminuir a intensidade dos sintomas. Um exemplo seria a estimulação sensorial em pessoas com Alzheimer.

Esse tipo de intervenção se concentra nos sentidos, naquilo que atinge a pessoa através do exterior. Vamos pensar que uma pessoa com Alzheimer pode ter a sua capacidade cognitiva deteriorada, incluindo a sua capacidade de regular as emoções, mas ela não perderá a sua capacidade mais primitiva: a de sentir. É exatamente disso que queremos aproveitar quando realizamos uma simulação sensorial.

Neste artigo, veremos o que é a estimulação sensorial em pessoas com doença de Alzheimer, como ela é realizada e quais são os seus possíveis benefícios.

Doença de Alzheimer: uma breve descrição

A doença de Alzheimer consiste em um distúrbio neurodegenerativo que afeta diferentes funções do corpo. Dessa maneira, manifesta-se no plano físico, cognitivo, emocional e comportamental (funções executivas).

Um dos primeiros indicadores que ativam o sinal de alarme é a perda de memória, o aumento da falta de atenção ou desorientação (no tempo ou no espaço). A pessoa precisa de instruções mais precisas e espaçadas para seguir um plano, a iniciativa diminui e a amplitude do vocabulário também é reduzida, perdendo precisão na comunicação.

Além disso, a doença de Alzheimer dificulta a execução de tarefas conhecidas e simples da vida diária que a pessoa costumava realizar com um gasto mínimo de recursos. Além disso, tem um impacto emocional, porque a irritação e a impotência pelo terreno perdido podem tornar a pessoa muito irascível.

Homem com Alzheimer

Existem diferentes teorias sobre a sua origem. Alguns apontam para a formação de novelos neurofibrilares, ou seja, um conglomerado anormal de proteínas que são constituídas por pequenas fibras que estão entrelaçadas nos neurônios em pessoas com doença de Alzheimer.

A proteína tau também está envolvida neste processo: trata-se do principal componente dos novelos.

O que é estimulação sensorial?

Quando falamos de estimulação sensorial, nos referimos a um conjunto de técnicas e exercícios que provocam uma ativação dos sentidos através de estímulos. Então, falamos sobre uma espécie de despertar dos sentidos.

O objetivo desta intervenção é favorecer a entrada de informações sensoriais no sistema nervoso. Dessa maneira, facilitaremos o desenvolvimento de um conjunto de sensações e percepções.

Através dessa estimulação, a pessoa aprende o que servirá de base e reforço para as funções cognitivas enfraquecidas, para a compreensão do mundo ao seu redor e para a expressão emocional.

Estimulação sensorial em pessoas com doença de Alzheimer

A estimulação sensorial em pessoas com doença de Alzheimer é um tipo de intervenção não farmacológica que ajuda durante o processo da doença. Consiste em despertar as sensações e percepções dos pacientes.

Para atingir o objetivo de estimulação sensorial em pessoas com doença de Alzheimer, estimulam-se os seguintes sistemas:

  • Visual
  • Auditivo
  • Vestibular
  • Tátil
  • Olfativo
  • Gustativo

Salas multissensoriais ou Snoezelen

No entanto, a intervenção é realizada em salas multissensoriais ou Snoezelen. Estas salas surgiram nos anos 70, na Holanda, graças a Hulsegge e Ad Verheul. Eses espaços abordam três tipos de atividades: relaxamento, interatividade e descoberta.

Por outro lado, a estimulação multissensorial nas salas de Snoezelen é baseada no modelo de integração sensorial. Esse modelo foi desenvolvido por Anne Jean Ayres, uma terapeuta ocupacional e neurocientista americana.

Nesse contexto, são trabalhados componentes cognitivos, sensoriais, motores e psicossociais estimulados em três salas: sala branca, sala preta e sala de aventura. Além disso, dependendo da atividade, existem salas passivas e ativas.

  • Passiva: são atividades nas quais a pessoa entra em um ambiente que a estimula através de efeitos sensoriais.
  • Ativa: consiste em atividades nas quais o indivíduo participa e aprende. Assim, ele é incentivado a tomar consciência dos efeitos do seu desempenho no meio ambiente.
  • Sala branca: a cor branca é a que prevalece nessas salas. O objetivo é proporcionar um ambiente descontraído onde a pessoa seja estimulada de forma passiva.
  • Sala preta ou escura: são salas onde são utilizados principalmente luz UV e elementos brilhantes. Assim, as pessoas contam com estímulos poderosos.
  • Imersão na aventura: nesta sala não se brinca tanto com as luzes quanto nas outras. Possui um material que favorece o desenvolvimento sensorial, cognitivo e motor. São apresentados materiais com diferentes texturas, cores e cheiros.

Essas atividades são realizadas por profissionais de diferentes áreas da saúde: médicos, psicólogos clínicos, neuropsicólogos, enfermeiros e terapeutas ocupacionais, entre outros.

A ideia é intervir em pessoas com doença de Alzheimer em diferentes estágios, mas é mais favorável fazê-lo nos estágios iniciais e intermediários da doença.

Mulher com demência em tratamento

Estimulação sensorial: um recurso valioso contra a doença de Alzheimer

Já explicamos o que é estimulação sensorial em pessoas com Alzheimer. No entanto, quais são os seus benefícios?

  • Oportunidade de movimento e atividade.
  • Expressão emocional.
  • Favorece a percepção das sensações.
  • Aquisição de aprendizado.
  • Promove a interação com o ambiente.
  • Consciência das sensações e percepções.
  • Facilita a comunicação.
  • Proporciona uma sensação de bem-estar.
  • Aumenta a atenção e o tempo de concentração.
  • Diminui a apatia, a agressividade e os comportamentos perturbadores.

Certamente, esse tipo de trabalho deve ser realizado de maneira rigorosa e requer auto-organização, adaptação ao ambiente, criatividade e participação motivada dos envolvidos, de acordo com Robayo e Rozo Reyes em seu artigo para a Revista Colombiana de Psiquiatria.

Portanto, existem técnicas que proporcionam bem-estar para pessoas com doença de Alzheimer. A estimulação sensorial é uma delas. Através desta intervenção, as pessoas com esta doença vão vencendo várias etapas para que tenham uma melhor qualidade de vida.


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  • Monsalve Robayo, A.M & Rozo Reyes, C. M. (2009). Integración sensorial y demencia tipo Alzheimer: principios y métodos para la rehabilitación. Revista Colombiana de Psiquiatria, 38 (4).

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