Façamos de conta e acabaremos sendo

Façamos de conta e acabaremos sendo

Última atualização: 06 abril, 2017

Façamos de conta que todas as coisas boas já nos abraçam para que nos alcancem antes. Façamos de conta que já somos felizes para que nossas emoções nos convençam disso. Acreditar todo dia com firmeza e convicção que merecemos aquilo que desejamos não é nenhum ato de egoísmo. Na verdade, é o primeiro passo em direção ao crescimento pessoal.

Reflita sobre isso por um instante: se nós mesmos não nos convencemos de que podemos e devemos sair de uma depressão, de uma relação infeliz ou de um trabalho que coloca em jogo nossos direitos, ninguém mais o fará. O verdadeiro herói que lhe permitiu diversas vezes sair desses buracos negros na vida nos quais você se viu submerso foi você, e a forma como você conseguiu isso é, sem dúvida, por meio de uma vontade de ferro e um pensamento que tinha um objetivo claro.

“Você merece o melhor do melhor, porque é dessas pessoas que neste mísero mundo continuam sendo honestas consigo mesmas.”
-Frida Khalo-

Atualmente é muito comum ver trabalhos, livros e publicações interessantes onde somos estimulados a nos transformarmos no CEO (Chief Executive Officer ou Diretor Executivo) do nosso próprio cérebro. O objetivo, acima de tudo, é expor a necessidade de que todos nós consigamos compreender como funciona o cérebro para termos mais controle sobre os seus processos.

De fato, se existe uma coisa que todos sabemos há muito tempo é que o ser humano é uma complexa entidade guiada e dominada pelas emoções. São elas que nos pegam de surpresa, nos guiam, nos entorpecem à base de dopamina, serotonina e oxitocina e elas que nos conduzem, às vezes, nesse naufrágio químico que nos sufoca em estados permanentes de tristeza e desamparo.

Mas às vezes também é muito necessário nos colocarmos como o CEO do nosso próprio cérebro para assumirmos o controle e nos guiarmos em direção à mudança, ao bem-estar. Vejamos como fazer isso.

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O “sequestro emocional” nos impede de crescer

Superar o preconceito de negativismo do nosso próprio cérebro para fomentar uma neuroplasticidade positiva não é nada fácil. Não é, em primeiro lugar, porque muitos de nós temos como “diretor executivo” no cérebro um viciado em praticar a autocrítica e a incidir o tempo todo nas mesmas ideias e atitudes limitantes como um pequeno hamster dando voltas na sua roda de brincar.

Muitos especialistas do comportamento humano chamam essa prática tão comum de “a lógica da criança”. Isto é, são momentos onde, simplesmente, nos deixamos sequestrar pelas nossas emoções negativas até chegar ao extremo de uma imaturidade absoluta. Para compreender isto melhor, vamos refletir sobre um simples exemplo: um erro que tenhamos cometido no trabalho. Esse erro implicou, por sua vez, que outras pessoas sofressem a consequência desse descuido.

A nossa mente não para de repetir o tempo todo “sou burro, não sirvo para isso”. Por sua vez, o cérebro intensifica ainda mais o estado relembrando-o de erros passados, e inclusive de todas as vezes em que na sua casa diziam que você era “desajeitado”.

As suas emoções o prenderam nessa roda de hamster intensificando a sensação negativa até bloqueá-lo, até mergulhar você em um estado de completo desamparo. Em vez de dizer a si mesmo “cometi um erro, vou aprender com ele e amanhã farei isso melhor”, você optou simplesmente por se pendurar um adjetivo qualificativo “sou idiota“.

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Este tipo de tendência de negativismo que tanto nos caracteriza em diversos momentos de nossas vidas é guiado por processos muito bem definidos. São nossos estado de ânimo que assumem todo o controle.

Para nos transformarmos em um verdadeiro CEO do nosso próprio cérebro é preciso pegar as rédeas desses processos mentais como se fôssemos os verdadeiros líderes, e não um subalterno que se deixa dominar.

Façamos de conta que somos para nos convencermos de que podemos ser

A neurociência coloca ao nosso alcance a possibilidade de compreender por que as vezes nos deixamos levar tanto por essas emoções negativas. Uma amígdala hiperativa, por exemplo, também gosta de nos prender o tempo todo na esquina do medo. De fato, segundo pesquisas recentes da Universidade de Harvard, o cerebelo, relacionado sempre à nossa atividade motora, também poderia estar vinculado ao nosso equilíbrio emocional.

“Quando você se permite o que merece, atrai o que precisa.”

Como vemos, o cérebro é uma entidade onde as emoções têm poder e onde os processos mentais fluem muitas vezes com base nelas. Assumir uma atitude passiva nestes casos implica fomentar um abandono pessoal e uma clara incapacidade de ser responsáveis pela nossa própria felicidade.

Vejamos a seguir como podemos começar a fomentar uma neuroplasticidade positiva, útil e que nos sirva para alcançar propósitos vitais.

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Quatro perguntas para conseguir um cérebro mais resistente

Pensar como se fôssemos felizes para acabarmos sendo felizes. Isto é uma fantasia tirada de um manual barato de autoajuda? Na verdade não; esta frase envolve profundos mecanismos internos sobre os quais refletir através de quatro simples perguntas.

  • Eu sou mesmo? Cada vez que você disser para si mesmo que é desajeitado, que não merece ser amado, que é um fracassado ou que não tem aptidão para alcançar esse sonho, pergunte-se se de fato isso é verdade. Para assumir um pleno controle sobre nossos pensamentos, nada melhor do que dizer para nós mesmos o seguinte: “nesse momento me sinto desajeitado, mas SOU capaz de me superar e de SER quem eu mereço”.
  • Quem ou o que me impede de alcançar ou que eu desejo? Quando nos fizermos esta pergunta devemos ser verdadeiramente sinceros. Na maioria das vezes somos nós os únicos responsáveis pelas nossas atitudes limitantes.
  • Que tipo de emoção sinto agora?
  • Essa emoção anterior está me ajudando a conseguir o que desejo?

Estas duas últimas perguntas estão relacionadas. Se o que eu sinto durante o dia todo é medo e insegurança, fica evidente que não sairei do buraco negro no qual me encontro. No entanto, se procuro me convencer de que sou forte, de que sou capaz e de que mereço o que quero com pensamentos firmes, dia após dia a porta das segundas oportunidades se abrirá diante de nós.

Imagens cortesia de Akira Kusava.


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