Falar sobre os nossos objetivos nos impede de alcançá-los, segundo estudo

O especialista Derek Sivers afirma que falar sobre os nossos objetivos desgasta a motivação que nos leva a alcançá-los. Vários estudos realizados desde 1929 confirmam essa ideia. Neste artigo, falamos em profundidade sobre os mecanismos que dão forma a esse fenômeno tão curioso.
Falar sobre os nossos objetivos nos impede de alcançá-los, segundo estudo
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 21 maio, 2021

Algumas pessoas costumam acreditar nessa ideia e, surpreendentemente, parece haver evidências para apoiar a sua hipótese: falar sobre os nossos objetivos nos impede de alcançá-los. Na verdade, isso não tem nada a ver com sorte, destino ou qualquer coisa parecida. Há uma linha lógica conectando esses dois eventos.

O primeiro a levantar este assunto foi Derek Sivers, empresário e pesquisador do comportamento humano. Ele se baseou nos estudos de Kurt Lewin (1926), Wera Mahler (1933) e Peter M. Gollwitzer (1982 e 2009).

Por outro lado, vários estudos em andamento afirmam que tornar públicos seus objetivos e planos aumenta a probabilidade de concretizá-los. Mas por que isso acontece? Como falar sobre os nossos objetivos pode nos impedir de alcançá-los?

“Se não for um sucesso, mude.”
-Derek Sivers-

Devemos falar sobre os nossos objetivos?

Devemos falar sobre os nossos objetivos?

De acordo com Derek Sivers, o cérebro humano apresenta algumas “falhas” em seu funcionamento, direção para a qual a neurociência também aponta. Uma das mais importantes é que ele nem sempre consegue distinguir a realidade da ficção. Por exemplo, podemos chorar assistindo a um filme sabendo que o que acontece nele não é real.

Por causa disso, o cérebro muitas vezes confunde dizer com fazer. Isso ocorre principalmente quando esse ‘dizer’ é muito enfático ou prolongado. Um objetivo é um desejo que visualizamos, mas ainda não alcançamos. É aí que está o segredo: é um desejo. Isso implica que há uma motivação para torná-lo realidade.

O que é “problemático” é que as pessoas gostam muito de falar sobre os seus objetivos. Fazemos isso porque, em muitos casos, projetar uma expectativa sobre outra pessoa supõe uma oportunidade de vivê-la.

No entanto, falar muito sobre este objetivo cria uma espécie de ilusão. O cérebro começa a gerar a sensação de ter alcançado esse objetivo (há uma espécie de antecipação da satisfação de realização, o que diminui o valor do objetivo). É como obter um “resultado simulado”.

A causa do fenômeno

Segundo os estudos citados, isso só acontece quando falamos sobre os nossos objetivos com outras pessoas. Pensar neles ou anotá-los, no entanto, não afeta a sua realização.

Mas por que o cérebro cria esta ilusão de realização? Porque falar sobre os nossos objetivos geralmente produz um feedback; se o objetivo for avaliado como positivo, podemos receber reconhecimento pelo fato de propô-lo.

Assim, podemos acabar tratando o objetivo como um fato e não como uma projeção do futuro. Isso gera toda uma gama de sensações que acabam “desgastando”, por assim dizer, o desejo de alcançá-lo.

Cérebro humano

Não fale sobre os seus objetivos

Diz-se popularmente que é melhor falar com fatos. Isso é totalmente verdade. Se falarmos menos e fizermos mais, provavelmente cuidaremos melhor da nossa motivação. Além disso, evitaremos que nosso cérebro caia em sua própria armadilha.

Derek Sivers destaca que se o objetivo desperta admiração nos outros, acaba gerando tamanha satisfação que alcançá-lo perderá a importância. Portanto, ele recomenda o seguinte:

  • Se você quiser falar sobre os seus objetivos, faça-o em termos gerais e com definições vagas. Não mencione nada em particular até que você realmente o tenha alcançado.
  • Se você não consegue resistir à vontade de falar sobre um objetivo ou projeto, faça-o deixando claro que se trata de algo ainda em aberto.

Um exemplo para ilustrar a primeira recomendação seria: “Estou adotando alguns hábitos para melhorar a minha saúde”, ao invés de entrar em detalhes. Em relação à segunda, seria: “Pretendo ler um livro por mês. Se após um mês eu não tiver feito isso, me repreenda”.

Experimente. Parece que usar os outros como elementos de controle nas configurações mencionadas acima funciona.


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  • Kawasaki, G. (2016). El arte de empezar 2.0. Barcelona: Planeta-Deusto.

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