A influência da família na formação da autoestima

A influência da família na formação da autoestima
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A formação da autoestima é alimentada (em parte) pela dinâmica familiar em que fomos educados. É um legado que deixa a sua marca e que às vezes é difícil de curar. Especialmente se veio de um pai ou de uma mãe que nunca amou a si mesmo e que não era hábil quando se tratava de atender às necessidades, dar incentivo ou acolher os seus filhos com carinho.

Muitos psicólogos dizem que, para ter sucesso na vida, é preciso uma boa dose de autoestima. Não importa se queremos ou não, mas poucos “combustíveis” nos dão tanta determinação, autoconfiança e sensação de competência. No entanto, muitas vezes passamos pelo mundo com um nível tão baixo de autoestima que é quase impossível ativar o nosso mecanismo de superação.

“A maioria dos medos de sermos rejeitados tem a sua origem no desejo de sermos aprovados pelas outras pessoas. Não baseie a sua autoestima nas opiniões alheias”.
– Harvey Mackay –

Como explicou a famosa antropóloga cultural Margaret Mead, a família é o primeiro grupo social onde o conjunto de interações que ocorrem determina uma boa parte de quem somos. Os nossos pais têm o dever e a obrigação de preencher esse depósito com nutrientes adequados, ricos componentes onde não haja falta de segurança, carinho, consideração, e um impulso vital capaz de nos encorajar a andar pelo mundo nos sentindo importantes.

No entanto, neste caminho árduo na formação da nossa autoestima, nem sempre recebemos esse combustível. Isso nos leva inevitavelmente a iniciar um caminho de busca pessoal na tentativa de consertar aquela infância em que faltaram muitas coisas…

Mulher dentro de animal

A formação da autoestima e a harmonia com nossos pais

A formação da nossa autoestima começa na infância. No entanto, isso significa que a autoestima está completamente determinada por todo esse conjunto de experiências anteriores vividas na nossa infância e juventude? Bem, na psicologia, como em grande parte das ciências, a palavra “determinismo” é perigosa e tem profundas nuances.

Nas questões psicológicas, tudo o que aconteceu na infância nos influencia muito, mas não nos determina. Ou seja, o ser humano e, especialmente, o seu cérebro, têm muita plasticidade e uma grande capacidade de superação. No entanto, tudo isso nos obriga mais uma vez a olhar para a grande importância da nossa educação e a qualidade dos relacionamentos com aqueles que cuidam de nós e que nos fornecem não somente o sustento, mas também um legado emocional e educacional.

Para aprofundar esse assunto é interessante ler os livros do Dr. Ed Tronick, especialista em desenvolvimento infantil e professor de pediatria da Universidade de Harvard. Um dado interessante citado por este psicólogo é que, para favorecer o desenvolvimento da autoestima infantil, é necessário estar emocionalmente sintonizado com as crianças. No entanto, em muitos dos seus trabalhos, ele demostrou que mesmo bons pais não conseguem estar em sintonia com seus filhos nem 40% do tempo.

Criança com maiô mostrando mar e gaivota

É provável que esses dados nos parecem alarmantes e até dramáticos. No entanto, o Dr. Tronick aponta algo que nos convida para uma reflexão. A razão pela qual muitos pais não se conectam 100% com as necessidades emocionais dos seus filhos é porque não agem dessa forma consigo mesmos.

Um pai estressado, cheio de resistências e problemas emocionais não resolvidos estará enviando uma série de códigos, esquemas inconscientes e linguagens para a criança que os absorverá e agirá da mesma forma. Neste caso, será incapaz de proporcionar aos pequenos o desenvolvimento de uma boa autoestima, uma vez que não possuem bons alicerces, raízes firmes com as quais dar exemplos, orientar com atenção e segurança.

A família influencia, mas você decide

A formação da autoestima ao longo da infância é influenciada principalmente por três fatores: aparência física, nosso comportamento e nosso desempenho escolar. A maneira como nossos pais lidam com essas três dimensões pode nos encorajar a crescer em segurança e confiança ou, ao contrário, a nos escondermos na concha do desamparo, solidão e medo.

“A pior solidão é não estar confortável consigo mesmo”.
– Mark Twain –

O mais complexo de tudo isso é que, até hoje, continuamos a ver como muitos pais e mães são imaturos e inconscientes quando se trata de cuidar da sua linguagem e forma de comunicação com as crianças. Basta ouvir suas conversas na porta dos colégios para entender como, sem perceber, eles cortam uma a uma as asas da autoestima dos seus filhos.

O uso de comparações, de afirmações absolutistas (você é uma negação, nunca será aprovado …) ou a incapacidade de perceber problemas emocionais ocultos, muitas vezes leva as novas gerações a arrastar o mesmo problema dos seus próprios pais: a falta de autoestima.

Duas mulheres iguais

A família influencia a formação da autoestima, mas o que aconteceu no passado não deve determinar a nossa vida. Está em nossas mãos parar de se machucar por não ter o combustível necessário para suprir a autoestima. É possível reparar uma infância de carências para suprir a nossa maturidade de tudo o que os outros não puderam nos dar.

É necessário aprender a nos abastecermos, parar de buscar fora o que podemos encontrar dentro de nós mesmos. A autoestima deve ser trabalhada todos os dias; ela requer mudanças, exige coragem e necessita, acima de tudo, de uma grande dose de amor próprio. Independentemente do nosso passado, sempre é tempo de gerar mudanças, de investir na autoestima.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.