A felicidade se torna uma obrigação nas redes sociais

A felicidade se torna uma obrigação nas redes sociais

Última atualização: 01 agosto, 2019

A humanidade busca constantemente a felicidade. E sempre queremos conquistar coisas que nos fazem felizes, como ter dinheiro, sucesso, amigos, uma relação amorosa estável. Com a tecnologia e os bombardeios de imagens de pessoas anônimas ou do mundo das celebridades, observamos que elas desejam passar aos seguidores que estão felizes a todo instante.  Provavelmente, você já percebeu que a cada segundo, ou até milésimo de segundo, alguém está postando um momento feliz no Facebook, Instagram, Snapchat, entre outros aplicativos.

A pessoa vai a uma festa, faz uma postagem, decide fazer um jantar com os amigos, outra postagem, resolveu viajar, mais postagens, comprou uma roupa nova, mais publicações. E assim vai. Você deve estar pensando, mas e daí, posto mesmo, e vou continuar postando? Nada contra quem mantém esse hábito. Mas também não sou a favor expor toda a vida nas redes sócias, ainda mais quando se espera o reconhecimento do outro para se sentir feliz. É isso que acontece com a maioria das pessoas, a felicidade depende dos likes ou comentários que ela recebe no post do dia.

fingir nas redes sociais

Para o teórico Bruno Lopes (2013) a felicidade nos dias de hoje se torna uma obrigação. O mundo contemporâneo “vende” para as pessoas o prazer, que sem dúvida é a essência básica da felicidade. Muitas vezes as pessoas que experimentam o prazer, através de algum objeto no qual investiram, nem sempre são felizes, podem sentir um bem-estar momentâneo, o fazem somente para estarem inscritos socialmente. Por exemplo, fotos com o namorado em uma praia paradisíaca com uma legenda provocante, uma foto em frente ao espelho da academia exibindo os “gominhos” do abdômen, restaurantes fantásticos, são imagens que podem simbolizar uma felicidade ilusória.

Estes exemplos me fizeram lembrar de um vídeo bastante divulgado nas redes sociais “What’s on your mind?” (O que você está pensando?). Para quem não se lembra ou não assistiu, vou descrever resumidamente (depois confere no YouTube). O vídeo é muito interessante! Traz uma reflexão a cerca da “vida perfeita” nas redes sociais. O pequeno vídeo começa com o rapaz visualizando as fotos de algumas pessoas na praia, na neve, enquanto ele está em sua casa fazendo uma refeição (nada atraente por sinal). Logo depois visualiza uma foto de um casal “vendendo a felicidade”. Enquanto ele está na rede social, a namorada ou esposa de pijama e pipoca em mão assiste a um filme. Para a vida dele começar a ficar interessante, ele cria falsas postagens para ganhar mais curtidas. Em outro momento do curta, o personagem, já no trabalho, escreve na rede social que a reunião foi um sucesso, sendo que estava super tedioso. Depois da publicação ele ganha vários likes por conta de sua falsa realidade. Enfim, é um vídeo simplesmente fantástico e impactante! Ele nos revela como as pessoas provavelmente acreditam naquilo que é postado nas redes sociais.

Para Freud a felicidade é vendida no sentido de cobrir uma falta, uma falta que é constante e que, portanto, nunca será alcançada em sua plenitude. As pessoas buscam satisfazer o tempo todo um vazio. E o próprio sistema capitalista contribui para isso. Faz com que nós busquemos a felicidade em compras, viagens, emprego de sucesso, ter um currículo invejável. Além de ter tudo isso, muitas pessoas costumam postar nas redes sociais fotos belíssimas, simulação de uma vida esplendorosa, justamente para preencher a falta de uma vida perfeita, como ocorre com o protagonista ao longo do vídeo.

mentira nas redes sociais

Eu quero que você reflita que a nossa vida, a vida real, tem um vazio imenso que sempre vamos buscar preencher. Mas podemos fazer de uma forma diferente! Não precisamos provar ao outro, principalmente, para seus quase 800 amigos virtuais no Facebook ou 400 seguidores no Instagram, que somos capazes de conseguir o emprego dos sonhos, ter um relacionamento invejável, filhos perfeitos, ir a festas incríveis, fazer viagens internacionais.

Não, não precisamos fazer isso!

Mesmo por que nem todas as pessoas conseguem o emprego dos sonhos, os relacionamentos muitas vezes não dão certo, os filhos não perfeitos, as pessoas que vão a festas com você são superficiais, as viagens que deseja fazer não são sua prioridade no momento. Afinal, essa é a vida real de boa parte do mundo, ou quase de todo mundo!

A felicidade está em pequenas atitudes que podem ser realizadas no dia a dia. Não pense que sua vida é pior do que a daquele amigo virtual que faz um monte de postagens maquiando uma realidade que não o pertence. Isso pode lhe trazer prejuízo emocional! Possivelmente, se você trocar as horas que fica nas redes sociais por um bom livro, uma caminhada, trabalhos voluntários, a fim de trocar experiências com pessoas diferentes, será um grande passo para não ficar com baixa autoestima, ou até mesmo chegar a uma depressão devastadora. Lembre-se de que as pessoas mostram nas redes sociais o que elas gostariam de ser, e não o que elas realmente sentem ou são.


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