"Filhos do silêncio": em um lugar onde as palavras não são necessárias

"Filhos do silêncio": em um lugar onde as palavras não são necessárias

Última atualização: 09 abril, 2017

Os anos oitenta deixaram muitas obras primas para a lembrança, e entre elas, esta que trago hoje em forma de filme. Estamos falando do longa-metragem intitulado ‘Filhos do Silêncio’, cujo título original era “Children of a lesser god”. Foi protagonizado por William Hurt (James) e Marlee Matlin (Sarah) sendo ela a conquistar um Oscar de Melhor Atriz pela sua autêntica interpretação.

Este filme narra a história de uma garota surda-muda que, contrariando todas as previsões, vive um romance com seu professor de educação especial pelo qual acaba se apaixonando. Uma história que convida à reflexão sobre tudo aquilo que podemos transmitir com nosso corpo e que representa o mais verdadeiro do nosso próprio interior.

A cena chave é a que acontece na piscina de uma casa de praia, onde aparece a comunicação gestual entre ambos. Nesta troca de mensagens se torna explícita a atração que sentem um pelo outro, criando um processo de conquista no qual as palavras e a comunicação verbal não estão presentes, mas no qual também não são necessárias.

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Filhos do silêncio: o poder da comunicação não verbal

Muitas vezes as palavras não são necessárias para demonstrar nossos sentimentos e afetos. Falamos do poder manifesto da comunicação não verbal, uma forma de transmitir mensagens tão poderosa que não precisa de nenhum complemento vocal para tocar a alma de outra pessoa.

A comunicação não verbal é menos consciente do que a comunicação verbal, portanto é mais confiável e mais difícil de manipular. Além disso, considere que com palavras normalmente não costumamos revelar mais do que 10% da informação que desejamos transmitir.

Voltando à cena do filme, nela não se ouve nem uma palavra sequer, mas se vê uma conversa apaixonada na qual James faz perguntas com olhares sinceros e leais, os quais Sarah responde com carícias. Nota-se que não existe nada que possa gerar dúvidas, que não há segundas interpretações, que o sentimento É REAL.

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A autenticidade dos olhares

O sistema visual é o que está mais ligado às nossas emoções. Sabemos disto, de fato que quando queremos esconder o nosso próprio estado de ânimo, quando não queremos que leiam o que estamos falando de verdade, o que fazemos é afastar o olhar. Lembre-se de que quando queremos camuflar uma emoção, o nosso olhar fica trêmulo e os músculos oculares ficam descoordenados.

O olhar delata, deixa sem escapatória diante da visão da outra pessoa, nos despe e nos prende ao mesmo tempo, nos deixando sem palavras. Com um olhar podemos apaixonar, podemos seduzir, podemos fazer alguém se sentir importante, podemos excitar, podemos atrair uma pessoa para nós para sempre.

Quando a pessoa que amamos nos olha muito de perto, pode provocar um formigamento especial no estômago, que de outra forma é tão difícil de alcançar. Um olhar próximo pode ser o melhor refúgio que você pode encontrar porque nele você é capaz de ler uma compreensão imensa; também pode fazer você se sentir o pior estrangeiro em um mundo inóspito. De um jeito ou de outro, o seu poder é imenso.

Um olhar oportuno, junto com uma carícia inesperada, pode tocar a alma de outra pessoa de uma forma mais intensa do que uma palavra bonita. Com um olhar somos capazes de ultrapassar todo tipo de barreiras e limites, porque através dele podemos revelar o mais real e íntimo de nosso interior.

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Mais do que ouvir, é preciso sentir

Depois deste momento, Sarah continuará sem poder pronunciar um “te amo”, mas provavelmente James também não precise ouvi-lo. Sem dúvida já saberá, porque os gestos de Sarah, a expressão do seu rosto ou seu olhar não deixam dúvidas. Trata-se de uma mensagem aberta, clara e sincera, transmitida sem enfeites.

O que isso nos ensina é o quanto é natural mostrar o que sentimos sem necessidade de palavras e bajulações. Nos ensina verdade, uma atração real sem fim, com grandes doses de paixão, sinceridade e veracidade. Nos ensina um imenso desejo de se comunicar através de uma força silenciosa e, ao mesmo tempo, envolvente.

Então, abra os olhos, declare-se com olhares, use as mãos e segure forte essa pessoa importante para você. Em resumo, não abaixe o olhar, nem esconda as mãos ou tensione o rosto para não sorrir, ame também em silêncio, e os “te amo” reiterados não farão falta porque você já os terá dito, e a outra pessoa saberá disso.


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