George Whitesides, o cientista que defende a simplicidade

George Whitesides é um cientista muito influente que fez reflexões interessantes sobre uma série de assuntos. O que ele tem a dizer sobre complexidade e simplicidade? É sobre isso que vamos falar hoje.
George Whitesides, o cientista que defende a simplicidade
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Escrito por Edith Sánchez

Última atualização: 06 março, 2023

George Whitesides é um dos cientistas mais importantes do mundo atualmente. Ele é considerado um dos químicos mais influentes. De fato, em 2006 ele foi listado como o químico mais lido e citado pela comunidade científica internacional.

Agora, o que um cientista dessa área tem a contribuir para o mundo social e pessoal? Bastante. Suas idéias sobre conhecimento e pensamento são muito interessantes.

Uma das idéias em que George Whitesides tem insistido é a simplicidade. Embora possa não parecer, este é um dos conceitos que permeia as sociedades de hoje. Isso pode soar contraditório, se levarmos em conta que vivemos tempos de grande complexidade, em muitos aspectos.

A realidade social é complexa. A vida adquiriu complexidades que não existiam antes. Da mesma forma, nunca antes a ciência foi capaz de mergulhar nas complexidades do universo, matéria, biologia, etc, como na atualidade. Então, por que essa ânsia de reivindicar simplicidade? Vamos ver do que se trata o assunto e o que George Whitesides diz a respeito.

Tudo deve ser feito o mais simples possível, mas não mais simples do que isso”.

-Albert Einstein-

garota estressada
A vida adquiriu uma complexidade que antes não existia, por isso Whitesides defende a simplicidade.

O princípio KISS

George Whitesides é um cientista dos Estados Unidos, país que também deu origem ao chamado princípio KISS. Este é o acrônimo para a expressão Keep it simple, stupid (KISS). Este é um princípio de que as coisas devem ser mantidas o mais simples possível, tanto em termos de sistemas quanto em termos de design.

Acredita-se que a primeira vez que essa expressão foi usada foi na Marinha dos Estados Unidos, pelo engenheiro aeronáutico Kelly Johnson. Fazia referência aos dispositivos e armas de guerra. Ele defendia que seu uso e manutenção fossem os mais simples possíveis, já que em condições de combate não havia tempo, nem oportunidade, de se envolver com essas questões.

No final das contas, isso acabou sendo um dos parâmetros básicos da produção. O objetivo era e ainda é facilitar a chamada “experiência do usuário”. Tornar mais fácil para uma pessoa lidar com as coisas. No entanto, no mundo do conhecimento, observa George Whitesides, isso nem sempre se aplica.

George Whitesides: complexidade e simplicidade

George Whitesides aponta que a complexidade se desenvolveu cada vez mais no campo da ciência. Quase todos os cientistas amam a complexidade e não parecem se esforçar para focar na simplicidade. Ele define a complexidade como um sistema com componentes que interagem entre si.

Um exemplo é o sistema de trânsito de uma cidade: existem estradas e rodovias, sistemas de sinalização, motoristas e veículos. Cada um desses elementos tem em si uma complexidade, ou seja, uma série de elementos que interagem entre si. Por exemplo, automóveis são dispositivos com peças que interagem entre si e o fazem se mover. Se uma dessas partes estiver danificada, causa problemas no carro e se parar, altera de alguma forma todo o sistema de trânsito.

Em contraste, de acordo com Whitesides, a simplicidade tem três características: é repetível, previsível e confiável. Repetível significa que sempre opera da mesma maneira. Isso faz com que seja previsível, justamente porque funciona sempre com a mesma lógica. Consequentemente, é confiável. Um exemplo é o interruptor de luz: se você pressioná-lo, ele liga ou desliga, dependendo da posição em que estiver. A mesma coisa sempre acontecerá.

Simplicidade, ciência e vida

George Whitesides aponta que, embora a tecnologia tenha enfatizado tornar as coisas o mais simples possível para as pessoas, com a ciência, ou parte dela, o mesmo não aconteceu. Ele aponta que em sociedades como a norte-americana, na realidade não há necessidades, apenas desejos. Isso porque a vida moderna resolveu, até certo ponto, quase todos os problemas da vida cotidiana.

Por exemplo, se uma pessoa precisa de um exame de urina, o sistema de saúde permite que ela o faça com um procedimento simples. Em um país muito pobre, isso é quase impossível, porque às vezes não há ninguém para colher a amostra, nem laboratórios para processá-la. Uma solução seria projetar um sistema semelhante ao dos testes de gravidez, mas muito barato. Uma fita de papel que adota uma determinada cor, dependendo das substâncias que contêm algumas gotas de urina. A questão é que isso não foi feito.

Tudo isso se resume na ideia central que George Whitesides quer transmitir: a simplicidade é fundamental para resolver problemas práticos. O objetivo deve ser que qualquer tipo de complexidade possa ser “empacotado”, por assim dizer, em um sistema que seja repetível, previsível e confiável. Aplica-se a grandes e pequenos problemas e também à vida.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Wood, J. (2006). Keep it simple, stupid!. Materials Today, 9(10), 1.
  • Morin, E. (2004). La epistemología de la complejidad.
  • Whitesides, G. M. (2018). Curiosity and science. Angewandte Chemie International Edition, 57(16), 4126-4129.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.