Por que assumo a responsabilidade pelos problemas dos outros?

"Por que assumo a responsabilidade pelos problemas de outras pessoas?" Para algumas pessoas, apesar do desgaste envolvido, isso parece uma tendência inevitável. Neste artigo, o que queremos é explorar o que está por trás disso.
Por que assumo a responsabilidade pelos problemas dos outros?
Laura Ruiz Mitjana

Escrito e verificado por a psicóloga Laura Ruiz Mitjana.

Última atualização: 10 novembro, 2022

Você já se perguntou “por que assumo a responsabilidade pelos problemas dos outros”? Se você sente que está muito envolvido no que está acontecendo com os outros, você pode estar experimentando a síndrome do salvador.

Contamos em que consiste e quais outras causas estão escondidas por trás dessa tendência ou necessidade inconsciente de sempre ajudar os outros (a ponto de ser hiper-responsável por isso).

As principais causas de assumir a responsabilidade pelos problemas dos outros

Talvez você assuma a responsabilidade pelos problemas dos outros devido ao excesso de empatia, porque é difícil para você dizer “não”, devido à sua forte tendência a ajudar, etc.

Assim, além do que foi mencionado, falamos sobre as possíveis causas que explicam por que você se responsabiliza pelos problemas de outras pessoas (quando, na realidade, “não seria sua responsabilidade” de fazê-lo):

Amigos conversando na rua

1. Síndrome do Salvador e falta de confiança nos outros

O conceito síndrome ou complexo do salvador é usado para falar daquelas pessoas que tendem a assumir a responsabilidade pelos problemas dos outros. Colocam-se numa posição paterna ou materna perante os outros que são seus pares, sejam eles parceiros, amigos ou colegas de trabalho.

No entanto, essa atitude muitas vezes esconde uma falta de confiança na capacidade dos outros de assumir e resolver seus próprios problemas. São pessoas que consideram que só elas têm a capacidade, os recursos ou as ferramentas para resolver os problemas dos outros.

Também pode haver uma base traumática na gênese desta síndrome, por exemplo, se na infância os pais não se responsabilizaram por essa pessoa (ou se tivemos que “assumir a responsabilidade” pelos pais desde muito jovens, seja por situação de negligência, por ter pais doentes ou outros parentes, etc.).

2. Apego inseguro na infância

O tipo de apego construído na infância também influencia no aparecimento dessa síndrome; Assim, se desenvolvemos um apego inseguro com nossas figuras principais, o que afeta diretamente a forma como nos relacionamos com os outros quando adultos, podemos acabar desenvolvendo essa síndrome do salvador.

Seria algo como “não estiveram ao meu lado quando precisei, por isso agora, para compensar essa falta, tento ajudar a todos” (tudo isso, claro, inconscientemente).

3. Dependência

Como dissemos, a maneira como nos relacionamos como adultos diz muito sobre como construímos nosso apego com nossos pais quando crianças, e isso tem a ver com o fato de eles atenderem às nossas necessidades físicas e emocionais.

Apegos inseguros, que são gerados porque esse apego não foi de qualidade, seja porque recebemos mensagens contraditórias de nossos pais, nossas necessidades não foram atendidas, ora estavam disponíveis e outras não… relações de dependência com os outros.

E nessas dinâmicas dependentes também pode ser criada a “necessidade” de se responsabilizar pelos problemas dos outros. É como se precisássemos que o outro também precisasse de nós para nos sentirmos plenos e satisfeitos. Dessa forma, “se eu me responsabilizo pelos problemas dos outros”, o outro também acaba desenvolvendo uma dependência de nós, pois sempre acabamos resolvendo seus problemas.

4. Incapacidade de estabelecer limites

A falta de assertividade também pode explicar o fato de nos responsabilizarmos -excessivamente- pelos problemas dos outros. Assim, se não soubermos dizer “não” e impor limites e, além disso, outros se aproveitarem disso, acabamos assumindo como nossos próprios problemas que, na realidade, não são.

5. Uma forma de não atender aos nossos problemas

Por outro lado, “se assumo a responsabilidade pelos problemas dos outros, não assumo os meus”. Aquele tempo que dedicamos aos outros, não o dedicamos a nós mesmos, ao que acontece em nosso mundo pessoal.

Dessa forma, manifestar essa tendência de assumir os problemas dos outros como nossos pode ser uma forma, consciente ou inconscientemente, de não enfrentarmos nossos próprios problemas.

Homem falando com seu parceiro

Assumo a responsabilidade pelos problemas dos outros mas quero mudar isso

Uma coisa é se preocupar com os outros, tentar ajudar, e a outra é ser hiper-responsável pelo que “não nos toca”, a ponto de nos sobrecarregarmos.

Se você detectou que se responsabiliza pelos problemas dos outros, isso lhe causa desconforto e você quer começar a fazer mudanças em sua vida, a boa notícia é que você já tem parte do terreno coberto: que você percebeu. Depois de identificar esse comportamento:

  • Reflita sobre sua causa: por que você faz isso? Causas explicadas podem ajudá-lo a entender melhor sua situação.
  • Identifique que fatores mantêm esta situação: talvez dependência emocional? Baixa autoestima? Precisa ser útil para alguém?
  • Anote em uma folha, em uma coluna, seus problemas e, ao lado deles, os problemas dos outros; comece a diferenciar essa linha que separa esses prbçemas.
  • Trabalhe em sua assertividade para aprender a estabelecer limites e dizer “não”.
  • Busque reforçar sua autoestima por meio de outras ações que só dependam de você e que estejam relacionadas apenas a você.
  • Comece com pequenas mudanças: Tente deixar de assumir a responsabilidade por uma dessas questões; solte o controle e veja como você se sente.
  • Peça ajuda profissional se achar que precisa.

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