Como gerenciar o estresse causado pela família
Em alguns casos, a família é uma fonte de estresse . Há momentos em que as raízes da árvore genealógica nos prendem pelos pés sem nos deixar sair, nos sufocando com seus comportamentos tóxicos, suas demandas, suas fobias e seus vínculos afetivos regidos por um narcisismo claro. Gerenciar este tipo de dinâmica e o o estresse causado pela família é fundamental para proteger a nossa dignidade.
Há quem diga que nascer é quase como cair de uma chaminé. Nunca sabemos qual lar encontraremos, desconhecemos como será esse primeiro cenário socioafetivo que determinará uma boa parte da nossa estrutura psíquica, e nem que tipo de apego desenvolveremos com nossos pais e cuidadores. Não sabemos também se essa família vai nos proporcionar felicidade, se seremos criados com negligência, ou se seremos testemunhas de um entorno onde imperam a reprovação, o ataque e o desprezo entre seus membros.
“Viemos de nós mesmos, vamos em direção a nós mesmos. Ainda que a família e a sociedade tentem impedir isso, sejamos nós mesmos!”
– Alejandro Jodorowsky –
Se ter uma família boa é quase ganhar na loteria, sobreviver a ela saindo intactos de certas frustrações também é. É comum que restem algumas carências, que mesmo depois de maduros continuemos nos chocando com os valores de nossos pais, entrando em atritos com nossos tios e inclusive competindo com nossos irmãos por isso ou aquilo.
A convivência nem sempre é fácil. Porém, quando existe respeito, estes processos aparentemente antagônicos podem fluir com uma certa naturalidade, nos permitindo contar com eles, com essa família, que como bem diz o ditado popular, deve estar nos bons e nos maus momentos. Agora, o que acontece quando isso não se cumpre? O que devemos fazer quando não há respeito e nosso humor fica continuamente minado e vulnerável? Como agir quando sentimos que a família está nos estressando e sufocando?
Quando a família estressa e sufoca
Às vezes dizemos a nós mesmos que não voltaremos a cair nos mesmos erros. Nós nos convencemos a não ir a reuniões e celebrações que sempre terminam mal. Tentamos fazer um pacto com nós mesmos: nos manteremos firmes e não cederemos diante de certas chantagens e demandas que costumam deixar abaixo do mínimo os indicadores de nossa autoestima. Porém, caímos nas mesmas armadilhas diversas vezes.
Como impedir isso? São nossos familiares, tentamos honrar isso e respeitar dia após dia, ainda que o preço de nossa estoica devoção seja cada vez mais alto. Lidamos com situações que não sabemos muito bem como gerir, nos deixamos chantagear, abaixamos a cabeça para conter nossas emoções e mordemos a língua para não pôr a perder relações de uma vida inteira.
Quando a família nos estressa e sufoca, pensamos muitas coisas. Talvez tenha chegado o momento de formalizar uma saída definitiva? Ou continuamos nos sufocando nesse vínculo de sangue em vida? Não é preciso cair nestes extremos, não é saudável e nem permissível. Vejamos a seguir quais pautas podem ser aplicadas para resolver essa situação.
É recomendável não tomar decisões extremas e observar tudo com muita calma ao gerenciar o estresse causado pela família.
Como lidar com o estresse causado pela família
O desgaste nas situações de conflito familiar pode ser muito grande, pela quantidade de sentimentos e posturas encontradas. Esta erosão emocional pode ser tão profunda que qualquer palavra ou gesto nesse contexto familiar asfixiante se processa de forma intensa, e inclusive exagerada.
Assim, um primeiro passo no qual deveríamos trabalhar é a calma interna. Quando alguém aguentou tantas coisas na vida, acumula uma frustração imensa, uma raiva que se torna incrustada e cria raízes. É preciso canalizar e acalmar tudo isso. Uma vez que tenhamos ventilado essas salas emocionais carregadas de tensão, é o momento de trabalhar no seguinte aspecto.
Defina seu eu, fortaleça a sua identidade
Quando as pessoas não desenvolvem um sentido de identidade forte, definido e separado do contexto familiar, seu bem-estar emocional está em perigo contínuo. É necessário cortar esse cordão umbilical e tratar-nos como entidades independentes assentadas em seus próprios valores e necessidades.
Quando a identidade e o autoconceito são firmes, sabemos o que está bem, o que é permissível e o que não. Além disso, não só vemos com mais clareza os comportamentos tóxicos ou os atos narcisistas, mas também temos menos ressalvas na hora de impor limites: sabemos que eles são necessários para melhorar a convivência.
Não é preciso estar sempre de acordo com a sua família
O estresse familiar tem suas raízes na falta de harmonia, surge porque há um campo de forças onde uns e outros agem como oponentes, e não como facilitadores. Um fato muito comum nestes cenários é a necessidade que temos de receber sempre a aprovação dos outros, de não sair dessas linhas que alguns traçam e nas quais outros devem se encaixar quase que à força para não decepcionar.
Este último ponto não é ser família. A verdadeira família é um microcosmo singular onde os elementos mais diversos convivem em perfeita harmonia. É uma pedra preciosa onde estão incrustados os mais variados minerais, com suas próprias cores, suas fabulosas propriedades e singularidades. É essa diversidade que traça a beleza de serem todos diferentes, mas ao mesmo tempo excepcionais. Entendamos, portanto, que uma família, uma boa família, respeita e estende a mão, não sufoca ou supõe um obstáculo para que cresçamos.