A gravidez: amar alguém que você ainda não conhece

A gravidez:  amar alguém que você ainda não conhece

Última atualização: 14 maio, 2016

A gravidez dura nove meses. Um único cordão umbilical une dois corações, dois mundos em um só, onde acontece algo maravilhoso mas, por sua vez, desconhecido: acredite ou não, nossas emoções podem atravessar a barreira protetora da placenta para acariciar nossos filhos.

É curioso como durante a gravidez as famílias se preocupam em comprar o berço, a roupa, cuidar que a mãe tenha uma boa alimentação, mas, o que acontece ele sofre de estresse? Segundo muitos cientistas, costumamos descuidar do mundo emocional da mãe, o qual afeta o desenvolvimento do feto.

A gestação é mistério e é esperança: implica amar alguém cujo rosto ainda não conhecemos. É imaginar o seu sorriso e a cor do seu cabelo enquanto acariciamos a sua forma através da pele da mãe, transmitindo já o nosso afeto sincero.

Vivette Glover é especialista em psicobiologia perinatal do Imperial College London, na Inglaterra, e pioneira no que se conhece precisamente como “Educação emocional desde o útero materno”, uma dimensão de grande interesse e transcendência que desejamos compartilhar com você.

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A importância das nossas emoções durante a gravidez

Até pouco tempo atrás pensava-se que o mundo emocional da mãe não afetava o desenvolvimento do feto. Isso é um erro: trabalhos como os publicados na revista “New parents support” explicam que esse “mágico envoltório intrauterino” é muito receptivo às emoções, especialmente durante o quarto mês.

Os meios, a sociedade e a própria família costumam exaltar a beleza da gravidez. No entanto, na verdade, poucas vezes se fala da importância de poder se conectar corporal e emocionalmente com o bebê, de forma que as emoções influenciem o seu desenvolvimento.

Quando as emoções vão além da placenta

A própria Vivette Glover, junto com especialistas em terapia Gestalt, ressaltam a importância de cuidar da mãe de uma forma mais integral: não bastam as ecografias e os exames de sangue. É preciso cuidar do seu estado emocional.

  • A doutora Glover realizou uma pesquisa com 14.000 mulheres grávidas e mediu o seu nível de ansiedade e estresse. O acompanhamento durou 5 anos para ver, além disso, como cresciam e a amadureciam as crianças.
  • Descobriu-se que as mães que sofrem um alto nível de estresse durante a gravidez têm o dobro de risco dos seus filhos serem diagnosticados com hiperatividade.
  • Quando a mãe se encontra em uma situação estressante, o hipotálamo libera um hormônio chamado CRH, que por sua vez propicia que as glândulas suprarrenais secretem cortisol.
  • A placenta age como filtro e o cortisol, detectado como um “tóxico,” não costuma ultrapassar essa barreira. Agora, se o nível de hormônio CRH for muito elevado, ele acaba atravessando a placenta, afetando diretamente o feto e colocando-o “em alerta”. É importante considerar isto.

A educação emocional dos filhos não começa quando eles vêm ao mundo, e sim no útero.

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A educação emocional desde o útero materno

Você ainda não conhece o seu filho, mas já vê o mundo de outra forma e tem feito das suas fragilidades as suas forças. Vale considerar que a sua educação se inicia já nesta fase, com o bebê ainda no útero.

Por isso, para aplicar uma educação emocional adequada durante esses nove meses de gravidez, é importante que toda mãe e que todo pai considerem estes aspectos importantes:

  • Reformulação de alguns conceitos: com certeza você já ouviu mais de uma vez que “o importante é a criança, qualquer sacrifício vale a pena”. O bebê é importante, mas também é preciso cuidar da “cobertura”, e em especial desse coração que lhe dá vida: a mãe.
  • Cada mãe vive uma gestação de uma forma: existem mulheres que não esperavam ficar grávidas, outras que enfrentam a gestação depois de terem passado por um aborto no passado. É preciso atender cada caso, ser consciente da própria realidade peculiar e enfrentá-la com força e muito apoio.
  • Vá mais devagar, priorize-se, cerque-se de estímulos positivos: mude o ritmo dos seus dias e concentre-se no presente, em potencializar a união com o seu companheiro, em dar a si mesma momentos felizes, em se encher de esperança e em enfrentar as mudanças do seu corpo com naturalidade.
  • Experimente novas terapias: atualmente existem muitas oficinas de educação emocional durante a gestação. Além disso, aplicar o mindfulness, praticar ioga, ou fazer massagens no ventre enquanto você está calma e ouve música são atividades que podem oferecer benefícios tanto às mães quanto aos fetos.
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Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.