Hipnomania, o que está por trás da obsessão por dormir?

Você conhece a hipnomania? Você sabia que ela pode ser a origem de outros distúrbios mentais ou do sono? Em que se diferencia de outros distúrbios semelhantes relacionados ao sono? Continue lendo para saber mais.
Hipnomania, o que está por trás da obsessão por dormir?

Última atualização: 16 agosto, 2020

Os distúrbios do sono são comuns na população, principalmente a insônia. Cerca de um terço da população relata ter problemas de insônia. Possíveis causas incluem a hipnomania ou a obsessão por dormir, embora isso também possa ser uma consequência derivada da própria insônia. Mais adiante, veremos como esse círculo vicioso é formado.

Muitas pessoas têm dificuldade para iniciar ou manter o sono. Isso é importante pois a obsessão por dormir também pode ser a causa de outros distúrbios do sono, como sonolência diurna excessiva ou hipersonia e outros transtornos mentais, como a depressão.

Ao longo deste artigo, conheceremos mais sobre essa condição, seus sintomas, causas e tratamento, e a possível relação com outros problemas psicológicos e físicos.

Mulher com insônia

O que é a hipnomania e como diferenciá-la de outras condições semelhantes?

O nome hipnomania vem da união de duas palavras latinas: hypnos, que significa “sono”, e mania, que significa “insanidade”. Este termo se refere ao desejo intenso e incontrolável de dormir, à constante necessidade de dormir, a ponto de se tornar uma obsessão.

Esse desejo pode ser independente do número de horas dormidas e da sensação de sono ao acordar, embora muitas vezes esteja relacionado a problemas como a insônia. É importante diferenciar a hipnomania de outros termos semelhantes, como clinomania, narcolepsia ou hipersonia.

A clinomania se refere ao desejo ou obsessão de permanecer deitado constantemente. Não devemos confundi-la com o clássico “mais cinco minutos” que segue o som do despertador. A clinomania implica o abandono absoluto de outras atividades diárias para permanecer na cama, mas não necessariamente dormindo.

A hipersonia se refere à sonolência excessiva depois de dormir o suficiente, pelo menos sete horas. A pessoa que apresenta esse distúrbio pode até ter problemas para ficar completamente acordada depois de despertar.

A narcolepsia, por sua vez, é um distúrbio orgânico (não mental) no qual há uma necessidade irreprimível de dormir. Ele é acompanhado por períodos de cataplexia, em que o tônus ​​muscular é subitamente perdido, deficiência de hipocretina (também chamada de orexina) e latência reduzida do sono REM (menor ou igual a 15 minutos).

Causas e consequências da hipnomania

A hipnomania pode ser a causa e a consequência de outros distúrbios e pode até estar mascarando outros. A insônia pode ser a origem da hipnomania porque a redução na qualidade e quantidade do sono leva à obsessão por dormir mais.

E qual é o problema? A própria obsessão por dormir mais pode ser a causa da insônia. Dessa maneira, surge um círculo vicioso no qual os dois fatores se retroalimentam.

No caso da hipersonia, o fato de pensar constantemente na necessidade de dormir (devido à crença de que não dormiu o suficiente) pode fazer com que a sonolência apareça mesmo sem estar com sono. Essa sonolência pode causar a incapacidade de manter o nível adequado de alerta e prejudicar o desempenho.

Além disso, podemos encontrar outro problema adicional: ir para a cama sem sono nos fará passar horas deitados acreditando que estamos com sono, mas sem conseguir conciliá-lo, resultando na sensação ou crença de sofrer de insônia.

“Dormir não é uma arte pequena: para isso, é necessário ficar acordado o dia inteiro”.
– Friedrich Wilhelm Nietzsche –

Por outro lado, a hipnomania pode estar mascarando um problema maior. Pessoas com depressão podem passar o dia inteiro pensando no momento de dormir, já que é a hora em que o dia termina e elas podem parar de pensar e sofrer.

Normalmente, a depressão melancólica é acompanhada por problemas para adormecer e acordar precocemente. No entanto, no caso de depressão com características atípicas, o problema de sono predominante é a hipersonia.

Em caso de suspeita de hipnomania, é necessário verificar se o restante dos critérios diagnósticos para transtornos depressivos também não são atendidos, a fim de fazer um diagnóstico diferencial adequado e escolher o tratamento mais eficaz.

Possíveis tratamentos

Em primeiro lugar, para encontrar um tratamento adequado, é necessário fazer uma avaliação correta para verificar se a hipnomania não é consequência de um problema maior. Da mesma forma, é necessário fazer uma análise funcional adequada para conhecer os antecedentes e as consequências do problema.

Se, após a avaliação, o profissional concluir que a hipnomania está relacionada a um distúrbio de insônia, podem ser realizadas diferentes intervenções. É necessário intervir, pois ela pode ser a origem do problema. Dessa maneira, aumentando o número de horas de sono ou sua qualidade, será possível reduzir a obsessão por dormir. Podemos usar:

  • Técnicas progressivas de relaxamento muscular ou treinamento autógeno para relaxar o corpo.
  • Técnicas de controle de estímulos: instruções para reduzir comportamentos incompatíveis com o sono e regular o horário.
  • Diretrizes de higiene do sono: hábitos que facilitam o sono.
  • Restrição do sono, para limitar o número de horas gastas na cama em vigília.
  • Intenção paradoxal: amplamente utilizada para interromper a preocupação com a insônia.

Quando a hipnomania é a causa e a consequência da insônia, esta última técnica é muito útil. Nesses casos, o fato de dormir pouco ou mal gera o pensamento “preciso dormir mais”, tornando-se uma obsessão. Essa obsessão é, por sua vez, o que impede a pessoa de dormir normalmente. Para quebrar esse círculo vicioso, é utilizada a intenção paradoxal.

Essa técnica consiste em pedir à pessoa que passe o máximo de tempo possível na cama acordada. Ao mandar para o cérebro o comando “você precisa dormir” em vez de “você precisa estar acordado”, a necessidade de dormir deixa de ser uma obsessão. A pessoa muda o foco da atenção e, como resultado, consegue dormir.

“A melhor cura para a insônia é dormir muito”.
– W.C. Campos –

Mulher com insônia

Como o cérebro age

A relação entre hipnomania e insônia é um exemplo claro de como o cérebro nos sabota. Preocupar-se é bom e pode nos permitir encontrar a solução para um problema, mas se preocupar demais pode agravar esse problema. É como se o nosso cérebro tivesse um “limite de preocupação tolerável” e, quando o ultrapassamos, perdemos a capacidade de resolver o problema, mesmo quando temos a solução ao nosso alcance.

Damos tanta importância à preocupação de dormir menos do que o normal que somos nós que acabamos transformando isso em um distúrbio. Não queremos transmitir a ideia de que você não precisa se preocupar com os hábitos de sono, mas de que precisa se preocupar de maneira útil e construtiva, evitando que a própria preocupação lhe tire o sono.

“Nada na vida é tão importante quanto acreditamos quando refletimos sobre ela”.
– Daniel Kannehman –


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.