Hoje ganharei a batalha contra o medo
Reconheço que tenho medo. A verdade é que sempre o tive: não é que eu me considere um covarde que tem medo de tudo o que possa ocorrer, é só que existem coisas que sem saber o porquê me dão medo, e outras das quais aprendi a ter medo. No entanto, hoje me coloquei um desafio: estou numa batalha contra o medo e prometo vencê-la.
O medo normalmente encurrala e afunda. Sentir medo é como se algo estivesse nos bloqueando até o ponto de não sermos donos de nós mesmos, é estar alienado: às vezes até me desconheço. Quando noto temor, o mundo para e o tempo se faz eterno pedindo uma reação para seguir em frente.
O medo é uma resposta natural
Experimentar o medo é tanto natural quanto inevitável, por isso não podemos nos envergonhar dele: todos nós sentimos medo alguma vez, em qualquer momento de nossas vidas. Ninguém pode dizer que nunca sentiu medo porque não será verdade: talvez nossos medos tenham sido diferentes ou você não os queira enxergar, mas são igualmente válidos e igualmente reais.
“A emoção mais antiga e mais intensa da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais intenso dos medos é o medo do desconhecido.”
-H.P. Lovecraft-
Além disso, se você pensar o mais friamente possível, o normal é que em mais de uma ocasião você tenha sentido medo de forma diferente: às vezes foi algo que aconteceu e que se converteu em um trauma a ser superado; outras vezes algo que estava ocorrendo; e na maioria das vezes tudo aquilo que pode acontecer, não aconteceu e eu imagino.
O medo é assim: inoportuno e oportuno ao mesmo tempo. Chega quando menos queremos, para então fazer do momento uma vitória em minha vida. Ou seja, o medo se apresenta e se engrandece quando me sinto mais fraco, mas quando eu ganho a partida, minha vitória e o que aprendo com ela também o enfraquecem.
O medo pode ser tão natural como saudável
Apesar de não gostar de senti-lo e de ter que aceitá-lo como algo natural, o medo também pode ser saudável. Sim, mesmo que você não acredite.
O medo pode ser um mecanismo de defesa naqueles casos onde existe um perigo real e é necessário responder a ele com rapidez: o medo permite a sobrevivência, o conhecimento dos próprios limites e a ampliação dos mesmos.
O medo que é mais temor do que outra coisa, no fundo, ajuda a olhar com mais cuidado, a ir devagar e a evitar danos futuros. O que acontece é que também existe esta outra emoção que não é saudável porque se aproxima do pânico e da paralisia: aí temos que tomar as rédeas da situação, nos perguntarmos o que de pior pode me acontecer e sermos corajosos.
“Não temos que ter medo da pobreza nem da solidão, nem da prisão, nem da morte. O que temos que ter medo é do próprio medo.”
-Epicteto-
Para eu poder conduzir o medo e não o contrário, preciso saber o que me fez chegar até aqui e por que estou sentindo medo. Somente assim poderei vencê-lo: reconhecê-lo, analisá-lo detalhadamente e me conscientizar de que sim, eu posso vencer a batalha contra o medo.
Eu vencerei a batalha contra o medo
Quando sinto medo não sou quem realmente sou e não me comporto como gostaria de fazê-lo. O medo não me deixa dormir, não me deixa ser feliz. Não posso mudar se não me liberto do medo, por mais que eu tente não posso viver de verdade.
Se você se sente reconhecido nestas palavras, certamente você experimentou o medo em situações nas quais pessoas dependiam de você: socialmente os demais podem se aproveitar desse medo e manipulá-lo, brincar com suas necessidades e sua vida.
Se esse for o caso, olhe você também para a cara do medo e pense que pode enfrentá-lo: você pode se desfazer de tudo aquilo que não o deixa seguir em frente. Podem lhe tirar tudo, você pode ficar sem nada, mas o medo somente pode tirar algo quando você aceita. Comece hoje a sua batalha contra o medo!
“Emoções como o amor, a amizade, a bondade ou a solidariedade não produzem medo, posto que são sinceras, intangíveis e pertencem ao coração. E elas são capazes de mudar este planeta, de encher nossa alma e de nos fazer sentir a beleza do mundo que nos rodeia.”
-Pedro González Núñez-