A importância da inteligência emocional

A importância da inteligência emocional

Última atualização: 18 fevereiro, 2015

No filme “Uma mente brilhante”, que narra a luta contra a esquizofrenia do matemático John Nash, prêmio Nobel de economia, há uma cena que exemplifica a inteligência emocional. O jovem Josh Nash está em um bar quando se aproxima uma mulher que chama a sua atenção. Ao invés de usar as frases típicas de conquista, caracterizadas por um jogo sutil, sua proposta é direta e sem rodeios: prefere evitar qualquer ritual de paquera e exige uma “troca de fluídos”. Assim, sem nenhum romantismo. A mulher, que o olha atônita, pensa que se trata de um bruto. Contudo, John Nash é considerado uma referência em sua área e, apesar de sua pouca idade, já se destacava mesmo entre seus professores da universidade. De qualquer forma, em relação à esfera emocional, seu coeficiente de inteligência não deveria ser muito elevado.

A inteligência emocional é a capacidade que nos permite controlar nossas emoções e expressá-las de forma assertiva. Embora a palavra “inteligência” costume estar associada à memória e à capacidade cognitiva, a mente é muito mais complexa, e desde o século passado os cientistas se dedicam a estudar outras áreas do cérebro.

As emoções comandam desde as origens do ser humano: o tronco encefálico, a parte mais primitiva do cérebro que controla funções básicas, deu origem aos centros emocionais, e foi apenas depois de milhões de anos que se originou o neocórtex, que nos proporciona a capacidade de raciocínio. É nesta ordem que agimos nos dias de hoje: primeiro sentimos e depois raciocinamos a respeito; primeiro sentimos dor no dedo, em seguida nos damos conta de que o prensamos na porta.

Além disso, a amígdala cerebral é a parte do cérebro em que as emoções são controladas. Se a isolamos, perdemos a capacidade de analisar o significado emocional dos acontecimentos e sofremos prejuízos na memória, já que é ela que guarda todas as lembranças ligadas a nossas emoções, tanto as felizes como os traumas. Sem a amígdala, também perdemos a capacidade de produzir lágrimas. Uma verdadeira cegueira afetiva.

Aqui também reside o motivo pelo qual as experiências da nossa infância desempenham um papel tão importante em nossa vida adulta. Quando crianças, nossas lembranças eram gravadas diretamente na amígdala cerebral, sem passar por um processo verbal. Naquela fase, os acontecimentos se limitavam a emoções puras, sem que contássemos com palavras suficientes para explicar o que acontecia e por que. Quando adultos, estas lembranças emocionais surgem em alguns momentos, sem que possamos muitas vezes controlá-las, embora saibamos que são irracionais.

Muitas crianças e adolescentes problemáticos na escola são classificados erroneamente como “bobos”, quando na realidade seu problema não é cognitivo, e sim emocional: têm dificuldades para administrar suas emoções e impulsos. É que todo o nosso pensamento está orientado para nos manter em um conforto emocional. Se não nos sentimos bem, por mais racionais que possam parecer as circunstâncias para nos convencer do contrário, não estaremos em condições de encontrar o equilíbrio.

Em uma sociedade em que o raciocínio parece sobrepor-se cada vez mais às emoções, é importante ter em conta que a inteligência emocional desempenha um papel mais primordial inclusive que o cérebro racional. Entretanto, é raro que os sistemas educacionais atuais deem prioridade à educação emocional . Não somos educados para observar o que sentimos e, por isso, não sabemos como agir diante dos nossos sentimentos de forma efetiva.

Deste modo, vemos como a inteligência emocional desempenha um papel muito mais importante do que meramente para atrair alguém em um bar. Através dela nos motivamos, controlamos nossos impulsos, regulamos nosso estado de ânimo e criamos empatia com os demais. Ela nos permite não apenas conviver com os que nos rodeiam, mas sobreviver. É ela quem controla grande parte de quem realmente somos.

Imagem cortesia de Brandon Warren.


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